Esse mês o blog está comemorando sete anos. Nessa data gosto de refletir
os motivos que me levaram a criá-lo. Ou a continuar com ele. Me
lembro de um determinado momento: quando resolvi compartilhá-lo pela
primeira vez...
Antes disso eu era o único que lia o que escrevia. E isso bastava para mim. Os textos eram escritos em folhas brancas de cadernos velhos, secretamente guardados. As vezes apenas pensamentos caóticos; sentimentos de raiva. Outras vezes apenas para expor uma sensação de incompreensão pelos outros. Vindo à internet, tentei ao máximo manter o sigilo. Dificultei a sua localização criando um link bem incomum (www.ttibet.blogspot.com.br), o que também não facilitaria a memorização por quem o encontrasse por acaso. Isso reforçaria o anonimato, haja vista que aqui não havia fotos minhas nem meu próprio nome. Me intitulava "Tibet" apenas. Curiosamente, esse também era um lugar que queria conhecer.
No começo
sentia muita fragilidade em escrever aqui. As vezes parecia medo até.
Achava que o que escrevia era verdadeiro demais para ser exposto, e
como no cotidiano me sentia um perfeito camaleão não queria que
minha face original se apresentasse ao mundo; ostentava outras bem
diferentes na época... Isso explica porque gostava de um
seriado chamado "The Pretender", em que o protagonista
tinha a capacidade de integrar qualquer tipo de personalidade,
adotando diversas identidades. Me orgulhava dessa reserva em manter
só para mim a melhor parte de mim mesmo. Isso me dava a sensação de
superioridade perante o mundo. Aos outros eu podia ser qualquer um
que me valesse a pena. Para me esquivar de brigas. Para estar em
evidência. Para ser aceito. Para me sentir melhor... Me divertia
em algumas proezas, embora no fundo não gostasse de agir
dessa forma; no fundo sabia que não estava mentindo apenas às
pessoas mas também a mim mesmo. Havia uma vontade latente de ser um
ser humano melhor. E descobrir que ser humano era esse... O blog
deveria me ajudar nisso.
Um dia
abri as portas e convidei os primeiros leitores para esse espaço. Me lembro da
sensação que experimentei com os elogios. O sabor das críticas. As aspirações que tive e tenho desde então. Me senti respeitado.
Admirado até. E desta vez era pelo que realmente era. Ou pensava que era.
Embora meu objetivo fosse apenas me autoconhecer, busquei mesmo através
desse blog descrever essa jornada. A jornada de um individualista que tinha o interesse genuíno de se tornar uma pessoa
melhor. Aos poucos fui aperfeiçoando a gramática. Construindo
textos mais detalhados. Precisos. Sempre elaborando o raciocínio com maior
clareza e sinceridade. Quanto mais o tempo passava mais me
sentia honesto comigo mesmo, e já não tinha mais
medo de expor o que eu era; de falar o que pensava; de me exercer como
desejasse. A partir daí foi um passo para compartilhá-lo nas redes
sociais.
Desde
então busco escrever sobre temas variados, publico vídeos, músicas e obras que acho interessantes; tudo para atrair o
leitor. Quero o fazer pensar. Questionar sua vida. Reavaliar
também a(s) sua(s) identidade(s). Hoje busco a verdade acima de tudo
e afirmo que sou cem por cento sincero aqui. Ou pelo menos tento ser. Por essa razão devo confessar a você uma coisa. Acredito que esse blog acabou se tornando para mim o que um dia um lago foi para
Narciso, na mitologia. Reflexo do ego. Já não sou capaz de distinguir o
limite entre expor minhas ideias para auxiliar e expor minhas ideias
para me envaidecer. Desconfio que as vezes escrevo apenas para mim
mesmo, e que leio o que escrevi como alguém que verifica os próprios
traços num espelho. Faço sem perceber; como um animal cego que
lambe a própria calda achando ser sua cria.
Caberá a você então, leitor, a difícil tarefa de discernir até onde vai aproveitar sinceramente esse espaço. Ou censurar as razões dele.
- Blog, blog meu, existe alguém mais interessante do que eu?
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