"Iluminar para
sempre... Iluminar tudo... Até os últimos dias da eternidade...
Iluminar e só... Eis o meu lema, e o do sol..."
(Vladimir
Mayakovsky)
Tenho enfrentado um
momento intimamente difícil. Intenso. E estranhamente me sinto mais forte. Sinto
como se atravessasse um longo deserto. E já faz tempo que o comecei.
Porém, como disse antes estou abastecido, mais preparado para
atravessá-lo desta vez. Desisti de lembrar se busquei esse caminho
ou se foi ele que me encontrou. Seguir em frente é o lema. Seguir em
frente acaba sendo sempre um lema para mim... Olho para o céu
estrelado sob minha cabeça, vejo um azul escuro intenso cravado de
diamantes, ouço um silêncio familiar, então me lembro que em algum
lugar Alguém me observa e confia numa superação muito mais do que
eu.
Durante o dia, o sol
arde na pele e o suor escorrega enquanto caminho rapidamente. À
noite as lágrimas queimam no rosto frio enquanto os pensamentos se
perdem no espaço buscando um oásis que ainda não conheci. Mas vai
existir! Não vou negar que me sinto só em muitos momentos, nem que
por alguns instantes já pensei em entregar os pontos. Vem uma
vontade de gritar forte, de correr para bem longe, de revoltar-me
contra tudo apenas para extravasar essa energia. Uma energia tão
intensa quanto este lugar.
Nesses instantes,
quando a esperança falha, sinto que é a Fé que me testa. É quando
um delírio se apossa. Acompanho uma outra fase tentando entrar em
ação e tomar forma. Batimentos ficam mais nítidos. Uma raiva
entrando em ebulição. Um aperto sufocando no peito. As veias dos
braços engrossando e o olhar almejando mira. A mente está
envenenando-me. A mesma fraqueza humana que antes clamava um nome,
agora o pragueja. O mesmo mar calmo de antes, agora quebra em ondas
bravias. É a tal energia buscando caminhos! Aí me recordo que estou
num deserto e não há com quem duelar. Peço perdão... Lembro-me que a prova era pessoal e solitária, e uma evolução me esperará
na outra ponta desta transição. Aquieto-me então. Travo a
mandíbula. Cerro os punhos. E a marcha retoma seu ritmo, até o
próximo momento de loucura.
Já em outra fase, mais calmo, persisto por saber que
esse caminho difícil que atravesso, outros também já trilharam e
nem por isso deixaram de caminhar. Persisto ao pensar nas pessoas que
realmente me importam. Persisto ao me lembrar de valores pessoais, de
vitórias e conquistas passadas. Persisto, por incrível que pareça,
porque num deserto só o que importa mesmo é o quão forte somos
internamente. Os maiores obstáculos dessa travessia não testam
nossos limites físicos, mas sim os psicológicos. Nossas emoções,
nossos sentimentos, nossas esperanças, nossa fé são postos à
prova.
Num deserto, que talvez
você possa estar nesse momento, que tudo parece não ter sentido,
que nada a tua volta pode dar garantia de sobrevivência, lembre-se
de escavar dentro de si, pois existirá um oásis. E difícil
encontrá-lo, eu sei, mas esse terá água inesgotável. Acredite.
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