sábado, 12 de julho de 2014

O Homem. O animal. E suas fases de lua



"Iluminar para sempre... Iluminar tudo... Até os últimos dias da eternidade... Iluminar e só... Eis o meu lema, e o do sol..."
(Vladimir Mayakovsky)


Tenho enfrentado um momento intimamente difícil. Intenso. E estranhamente me sinto mais forte. Sinto como se atravessasse um longo deserto. E já faz tempo que o comecei. Porém, como disse antes estou abastecido, mais preparado para atravessá-lo desta vez. Desisti de lembrar se busquei esse caminho ou se foi ele que me encontrou. Seguir em frente é o lema. Seguir em frente acaba sendo sempre um lema para mim... Olho para o céu estrelado sob minha cabeça, vejo um azul escuro intenso cravado de diamantes, ouço um silêncio familiar, então me lembro que em algum lugar Alguém me observa e confia numa superação muito mais do que eu.
Durante o dia, o sol arde na pele e o suor escorrega enquanto caminho rapidamente. À noite as lágrimas queimam no rosto frio enquanto os pensamentos se perdem no espaço buscando um oásis que ainda não conheci. Mas vai existir! Não vou negar que me sinto só em muitos momentos, nem que por alguns instantes já pensei em entregar os pontos. Vem uma vontade de gritar forte, de correr para bem longe, de revoltar-me contra tudo apenas para extravasar essa energia. Uma energia tão intensa quanto este lugar.

Nesses instantes, quando a esperança falha, sinto que é a Fé que me testa. É quando um delírio se apossa. Acompanho uma outra fase tentando entrar em ação e tomar forma. Batimentos ficam mais nítidos. Uma raiva entrando em ebulição. Um aperto sufocando no peito. As veias dos braços engrossando e o olhar almejando mira. A mente está envenenando-me. A mesma fraqueza humana que antes clamava um nome, agora o pragueja. O mesmo mar calmo de antes, agora quebra em ondas bravias. É a tal energia buscando caminhos! Aí me recordo que estou num deserto e não há com quem duelar. Peço perdão... Lembro-me que a prova era pessoal e solitária, e uma evolução me esperará na outra ponta desta transição. Aquieto-me então. Travo a mandíbula. Cerro os punhos. E a marcha retoma seu ritmo, até o próximo momento de loucura.

Já em outra fase, mais calmo, persisto por saber que esse caminho difícil que atravesso, outros também já trilharam e nem por isso deixaram de caminhar. Persisto ao pensar nas pessoas que realmente me importam. Persisto ao me lembrar de valores pessoais, de vitórias e conquistas passadas. Persisto, por incrível que pareça, porque num deserto só o que importa mesmo é o quão forte somos internamente. Os maiores obstáculos dessa travessia não testam nossos limites físicos, mas sim os psicológicos. Nossas emoções, nossos sentimentos, nossas esperanças, nossa fé são postos à prova.

Num deserto, que talvez você possa estar nesse momento, que tudo parece não ter sentido, que nada a tua volta pode dar garantia de sobrevivência, lembre-se de escavar dentro de si, pois existirá um oásis. E difícil encontrá-lo, eu sei, mas esse terá água inesgotável. Acredite.


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