segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Persona


[/ Às vezes eu observo que a maioria das pessoas tem uma imagem "desatualizada" sobre mim. E das duas uma: ou eu quem continua dando essa imagem inconscientemente ou percebo e de alguma forma deixo passar. Não sei ao certo o que acontece, mas reparo bastante na forma que me descrevem.]


Já ouvi muita gente dizer por aí que sou (sempre) politica e ecologicamente correto, de paz, de bons modos, que nunca vacilo, que não cometo erros. Em partes, me conhecem. Só que ninguém acorda comigo e sente o meu humor pela manhã. Então ficam rotulando sem fundamento; porque ninguém convive comigo 24 hs por dia. Aliás, ninguém convive com ninguém todo esse tempo. Mesmo d'baixo do mesmo teto. É complicado quando dizemos que "conhecemos" as pessoas. Via de regra, ninguém é uma coisa só com todo mundo o tempo todo. Por esse motivo o que julgamos ver nos outros é apenas uma pequena faceta do que a própria pessoa manipula e uma grande faceta de nós mesmos, refletido.
A escritora Clarice Lispector, certa vez declarou: "Escolher a própria máscara é o primeiro gesto voluntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar-se e representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é."

O "Eu" de hoje, após de ter vivenciado todos os momentos que vivenciei - bons e ruins, após ter passado por todas as fases e obstáculos que eu já passei, é outro. É diferente do passado. Está atualizado. Portanto, julgar de santo quem dá esmolas e de religioso quem vai à igreja toda semana é complicado, vai um pouco mais além disso. Um copo não traduz um bêbado, da mesma forma que um comportamento isolado não traça todo um perfil psicológico, as pessoas são um contexto um pouco mais amplo. Os verbos estereotipar, extrapolar, generalizar, invadir é preciso moderar, todo julgamento corre o risco de ser um tanto precipitado e incompleto.


Estou dizendo que as pessoas são todas psicopatas?

Estou sendo controverso e negando tudo aquilo que venho defendendo anos e anos nesse Blog então? Transparência? Não! Não, necessariamente.
É muito desagradável e um trabalho inútil classificar as pessoas colocando nelas moldes e julgá-las eternamente por isso. Concordo sim que as pessoas mudam ao longo do tempo e posso garantir que nunca quis dizer nesse Blog ou em qualquer outro lugar que eu sou o detentor da verdade. Sou sim, da minha verdade!

Vamos parar de fadar as pessoas a rótulos e aceitar uma capacidade de ir se moldando de acordo com as experiências da vida, de que nem sempre o que é errado, feio e sem sentido para nós será também para os demais; vale sempre repetir que tudo é um tanto pessoal, relativo e passivo de erro.


[/ “A realidade é complexa e o modo como costumeiramente a percebemos muitas vezes está errado. Se as coisas e acontecimentos sempre evoluíssem conforme as nossas expectativas, não teríamos o conceito de ilusão ou de equívoco.” (Dalai Lama)]

2 comentários:

"A Penseira" disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jonas Souza disse...

Oi, Ju!
...e eu adorei o seu comentário: "se fosse pra gente viver rotulado, a gente vinha com roteiro". Simples assim.
Mas sabe o que me incomoda mais, são aquelas pessoas que aceitam, a contra gosto mas passivamente, os seus rótulos. Não digo que devemos declarar guerra por causa disso, nem provar nada a ninguém, mas devemos apenas ser honestos: se uma situação não está legal ou há algo que não vai de acordo comigo, por que permitir isso na minha vida? SEMPRE me faço essa pergunta. E procuro demonstrar às pessoas a minha resposta; não agrado nem surpreendo ninguém. Acredito que o motivo que faz a maioria ter "rótulos aceitos" é o fato de achar que assim é melhor. Será melhor aceita.

Aprendi que não importa o que você seja ou por quais caminhos você ande, sempre terá quem vai falar mal; há pessoas que têm prazer em simplesmente agir assim. Então, se sei que vão falar de um jeito ou de outro, que falem sobre mim o que eu sou. Pelo menos terão propriedade.

Beejo Ju
Fique com Deus.