sexta-feira, 31 de agosto de 2012

NÃO LINEARIDADE E COMPLEXIDADE

Já imagino que tem gente torcendo o nariz depois de ler o título. Vamos fazer um esforço...


Nas últimas semanas, passei um tempo pesquisando na internet sobre como será o cenário futuro e também estive lendo matérias em revistas e artigos online sobre o mesmo assunto. As perspectivas e tendências desse “futuro em rede”. Com base em uma opinião pessoal minha, sobre o que venho lendo e também tenho observado atualmente, acredito que o futuro não será fácil, por causa de “n” fatores que praticamente vão nos obrigar a mudarmos o olhar sobre a vida e adquirirmos uma atitude diferente de pensar sobre os problemas. Com um olhar mais amplo, que alcance o todo e um pensamento não linear, complexo, seremos mais aptos a encarar e conviver com os desafios que virão. Mas isso resulta também num ensino educacional com modelo(s) diferente(s) (que já estão sendo estudados pelo MEC), num “corpo empresarial” mais preocupado com sustentabilidade – de outra forma não sobreviverá por “n” razões –, num “corpo governamental” mais engajado em crescimento e desenvolvimento também – ou o bem estar não acompanhará o aumento do PIB –, e numa sociedade mais ambientalmente consciente e politicamente ativa – para que exista um estilo de vida sustentável e equânime –; tudo baseado em princípios éticos, morais, legislativos mais claros, mais humanos, mais firmes e mais justos!

Alguns assuntos estão em alta na boca do povo, sendo discutidos por muitos veículos de comunicação e algumas palavras têm ganhado muita força também. “Os caminhos de uma educação mais reflexiva”. “O perfil de um novo profissional mais humano”. “As profissões que ascenderão ou terão de se adequar”. “Quais as promessas e ameaças desse 'futuro em rede' ”. Justiça, honestidade, liberdade, singularidade, são palavras entrando fortemente no nosso vocabulário cotidiano. Isso tem significado que a população em geral está mudando o seu modo de pensar e está começando a questionar o que é bem estar, e o governo e as empresas notam que se faz necessário reformular suas práticas por causa exatamente disso. Vivemos em sociedade, mas cada um de nós quer ser visto, ouvido e lembrado como um indivíduo único, diferente, com necessidades desiguais. A tecnologia tem permitido ao cidadão consumidor conhecer mais a fundo sobre as atividades socioambientais das empresas e dos governantes. A maior característica do mundo atual, que será ainda mais acentuada no futuro na minha opinião, é essa potencialidade de desenvolvimento do ser humano e ao mesmo tempo a imprevisibilidade do cenário. Uma capacidade de forte desenvolvimento da população, paralelo a uma capacidade do próprio sistema se reformular e se transformar tão rapidamente contrariando espectativas. Isso explica o porquê o pensamento linear é reducionista; o futuro será (o que já é, ainda mais acentuado) complexo. Onde o foco será a multiplicidade, a pluralidade e a diferença. Onde quem domina é o homem, não a máquina! O burro da estória é o computador, porque ele utiliza apenas pensamento cartesiano para funcionar. Nós trabalhamos com a complexidade. A potencia máxima será o Capital Humano e ao mesmo tempo não poderemos (como já não podemos!) prever com precisão, nem controlar o cenário completamente sem admitir que também somos controlados pelo sistema. E como disse a filósofa Viviane Mosé inspirada por Edgar Morin, através do "princípio de instabilidade", cairão-se as barreiras e a internet acabará com o gueto do conhecimento! Assim o papa do conhecimento será o curioso, o criativo, o inovador, o que estará sempre disposto a se reinventar.

Percebi que esse meu interesse em tentar prever o cenário futuro tem sido uma vontade de muitos, o que diferencia é o enfoque do estudo. As empresas querem saber para produzir e vender melhor, serem mais competitivas e terem uma gestão mais humana. O governo quer responder às necessidades da população da melhor forma e vai apostar em investimentos na educação daqui em diante. Só um parênteses nisso: um dos principais medos dos nossos investidores em Educação é se isso garantirá uma melhor educação de fato! Na minha opinião, sim e não! O que vai depender é a administração ser bem feita. Já obtivemos provas de outros países que investiram em educação, mas não conseguiram aumentar os índices de ensino, porque não tiveram uma boa administração. A fórmula, mais do que maior investimento, é uma boa administração como sempre. Um pai de família pode ganhar um salário mínimo ou dois, ele vai se endividar do mesmo jeito se não souber administrar bem suas economias. O país precisará seguir esse mesmo princípio: uso inteligente dos investimentos, com boa administração e expectativas a longo prazo - desde o ensino básico!

Tenho absoluta certeza de que nunca saberemos, comprovadamente, o que dará certo. Mas nós já sabemos o que não tem dado! Estamos naquela fase que vou apelidar de “Pós Divórcio”. Nunca me casei e criei esse apelido agora, mas acredito que ele exemplifica muito bem isso o que quero explicar. Depois que alguém se separa, para mim é natural que essa pessoa sinta vontade de se relacionar de novo, mas ela não tem a menor ideia do que encontrará no caminho, ela apenas sabe o que ela não quer mais encontrar! Por experiência do que já vivenciou e terminou não dando certo. Nós estamos num momento muito próximo dessa analogia, a humanidade sabe que o futuro será incerto de qualquer forma, mas estão despencando nossos paradigmas, colocando em xeque a nossa sobrevivência. E nós temos isso como trunfo nas mãos. Os erros! As experiências que trouxeram lições. Sabemos o que não deu certo até aqui. Consumismo desenfreado. Idealismos. Verdades e não verdades cristalizadas. Preconceitos. Niilismo. A sociedade não pode, por medo de um futuro diferente e desconhecido se intimidar e não avançar. Acumulando pessoas depressivas. Quando caí de bicicleta a primeira vez aos 6 anos de idade, confesso que me deu vontade de nunca mais subir numa, porém se eu não tivesse tentado novamente e não tivesse continuado a cair até aprender, hoje ainda não saberia. Nunca ninguém aprende coisa alguma na vida sem deixar o medo de lado e se arriscar. O que precisamos nesse momento do nosso país é apostar mesmo em educação, planejamento e desenvolvimento, mais inovação, valorizar o capital humano e apostar sem medo. A coragem para avançar em investimentos, mãos firmes para controlar e uma boa administração são o que minimizarão os riscos desse futuro!


Miguel Nicolelis explica como a interface cérebro-máquina altera a maneira como nos comunicamos e de que forma a neurociência deve transformar o que conhecemos como formas de trabalho e as relações no ambiente profissional, em entrevista especial para a HSM.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ok Ok... demorei mais cheguei!! Já que o senhor faz questão de postar um atrás do outro, não quero ficar para trás rsrsrs

Esse texto está bem diferente de tudo que você já postou aqui.

Esse assunto é muito sério e importante para o nosso País, tanto porque se tivéssemos uma melhor administração do Pais em geral, do imposto recolhido, teríamos como investir em tudo aquilo que não foi adequadamente investido ainda, teríamos a chance de tentar os caminhos que ainda não tentamos, assim como você disse.

A grande verdade é que não podemos esperar resultados diferentes se a forma de pensar e agir continuarem iguais ao do passado.

Apenas poderemos por em pratica essa atitude Pos Divorcio se as pessoas abrirem suas mentes como um todo... não há nada que eu desejo mais para nossa cultura que isso... mentes abertas, pessoas ousadas, curiosas, corajosas também.

Nós já conversamos sobre isso em aula várias vezes, e eu montei uma aula sobre isso recentemente. Como as masas aceitam certos ideais, sem questionar nada, sem protestar ou criticar. Pensamentos pré formandos e mantidos só podem gerar resultados óbvios e redundantes.

As vezes quando estou nesse assunto... e uma linha de pensamento puxa a outra, sempre acabo lembrando do livro de George Orwell - 1984.... já leu?? Recomendo!

Parabéns pelo post, muito bem escrito e um assunto demasiadamente importante.

Hus, your friend and teacher!

Jonas Souza disse...

Oi Aline!!!

Qual obra de George Orwell? Você não mencionou o nome.

Sobre essas aulas que você tem preparado, posso imaginar o quanto devem ser boas para debater, lembro das nossas! rsrs Você sabe que muito do que aprendi e utilizo para escrever o blog, aprendi com você. Você foi uma inspiradora minha. Melhorei muito minha forma de pensar depois das nossas aulas.

E isso o que você mencionou sobre pessoas mais abertas, ousadas, curiosas e corajosas é o futuro Aline. Ele vai EXIGIR isso de nós! :)


Obrigado pelo comentário
Hugs!