Acho que ainda não comentei aqui que faço uma pós graduação em Psicologia Organizacional. Faço um MBA em Recursos Humanos e recentemente iniciei outra especialização em psicologia. E como já era de se esperar há algumas disciplinas com bastante conteúdo dessa área, envolvendo reflexões e alguns 'debates internos'. Na última aula de Teorias Psicológicas e da Personalidade, o professor, um psicólogo experiente, trouxe-nos um teste chamado Janela de Johari. Apesar de eu já ter feito inúmeros testes, esse desconhecia e a princípio lhe dei pouca importância. O professor solicitou então que fizéssemos o teste e ao terminá-lo fiquei bastante impressionado e surpreso com o seu resultado, porque eu esperava algo completamente diferente.
O teste é até antigo, foi desenvolvido por dois psicólogos norte-americanos chamados Joseph e Harrington, na década de 50, por essa razão leva a composição de seus prenomes. Ao pesquisar um pouco mais sobre esse teste, descobri que ele é bem utilizado nos dias atuais em processos de coaching e mentoring por exemplo, e confesso que me incomodou um pouco desconhecê-lo. E é aí nesse ponto, com esse toque de vaidade minha, que venho dividir meu resultado. “Como eu que estudo sobre autoconhecimento, que já fiz inúmeros testes de personalidade e afins, que procuro me manter sempre atualizado sobre práticas empresariais, nunca me deparei com esse teste antes!?” – me indagava em sala. Eu sei que estou sendo vaidoso, até arrogante, por simplesmente não aceitar desconhecer algo perfeitamente possível a qualquer um, mas é exatamente isso que apontou no meu teste.
Acima está uma imagem das áreas desenhadas quando uma pessoa conclui o teste, e essas áreas vão diferir de tamanho para cada pessoa que o fizer. Encontrei um vídeo no Youtube que explica e exemplifica bem a dinâmica da Janela de Johari e vou colocá-lo logo abaixo, quem se interessar poderá conferir, mas vou explicar um pouco aqui também. Como se pode perceber na imagem, formarão-se quatro áreas denominadas assim: aberta, oculta, cega e desconhecida. Todas as áreas constituem a nossa personalidade, porém as duas primeiras são pontos de conhecimento nosso, as duas últimas de conhecimento dos outros, mas o interessante é como se dá esta dinâmica. Na área aberta nós e os outros temos conhecimento; na área oculta apenas nós; já na área cega apenas os outros têm conhecimento a nosso respeito; e a última área é desconhecida por todos. Em cada área se encontram características de nossa personalidade das mais variadas, assim como talentos e aspectos que são desconhecidos ou até negligenciados. Acredito então que já dê para presumir qual das áreas ficou maior quando fiz o teste. Exatamente, e foram duas: as áreas cega e desconhecida. Ambas ficaram praticamente do mesmo tamanho, porém a área cega ainda ficou um pouco maior que a desconhecida. Muito diferente das outras duas, de meu conhecimento, que ficaram bem pequenas.
Era meu aniversário nesse dia que fiz o teste, estava completando vinte e nove anos, então imaginem a minha perplexidade ao receber um resultado como esse de presente. Como podem perceber também, eu até cheguei a publicar na postagem anterior de comemoração que possuo hoje um conhecimento mais amplo sobre mim mesmo – mas será verdade? A ficha demora sim um pouco a cair, porque, como o próprio resultado demonstra, obviamente não percebo. O indivíduo que faz o teste Janela de Johari e seu resultado termina mostrando que a área cega ficou maior, como foi no meu caso, significa que esse indivíduo não tem recebido um feedback importante das pessoas que o cercam, seja no trabalho ou na vida pessoal, porque muito provavelmente ele está 'fechado' demais e não dá abertura para críticas, conselhos ou recomendações. Provavelmente, as pessoas ao seu redor percebem comportamentos, tendências, competências, características, vícios, que o mesmo ainda não se deu conta, seja por vaidade, arrogância, egocentrismo, medo, não teria como saberem ao certo. O fato é que estando 'fechado' para os outros, ele quem se cega, enquanto os outros o veem claramente. Com isso perde boas oportunidades de identificar 'gaps' e se melhorar e descobrir em si talentos e habilidades que os demais já notaram. Não posso deixar de registrar aqui também a minha surpresa com a área desconhecida do teste, a parte de minha personalidade que nem eu nem outros têm ciência. Os behavioristas que me perdoem, mas essa área diz respeito ao inconsciente, que parece estar ocupando boa parte de minha personalidade. Para acessar o inconsciente precisamos que seu conteúdo se torne consciente e isso é complexo, nossa mente tem barreiras e algumas penso que são para nos proteger em dado momento da vida. De acordo com o nosso professor, o nosso inconsciente dá sinais por alguns caminhos, seja através de sonhos, em uma hipnose, num estado de embriaguez ou através de comportamentos em circunstâncias extremas quando mal pudemos pensar e agimos instintivamente.
Sinto como se desde sempre estivesse andando por aí parcialmente nú, com a crença de que estava inteiramente vestido, e fico imaginando quais partes estariam à mostra para os outros. Penso que esse resultado chegou numa boa hora, capciosamente no dia do meu aniversário, como um presente da vida que inaugura uma nova etapa, talvez um convite para uma descoberta mais íntima sobre mim mesmo. Estar mais receptivo aos outros. Confesso que no fundo dá medo, porque desta vez tenho certeza que nadarei por águas pesadas, profundas e desconhecidas, mas também me sinto preparado, e bastante excitado para dar esse mergulho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário