sábado, 3 de junho de 2017

E AGORA, JONAS?

Hoje, 03 de junho, estou completando vinte e nove anos. Há algum tempo venho tendo pensamentos e percepções interessantes a respeito da vida e em particular sobre mim mesmo. Sabe aquela máxima que diz que a partir de uma certa idade as fichas vão caindo? Isso é verdade. Acho que nunca constatei isso de maneira tão clara quanto venho notando. Ter vinte e nove anos não é muito nem pouco, mas é um período suficiente para começar a responder perguntas de forma mais concreta. Sabe aquelas perguntas? Quem eu sou; o que eu quero; para onde eu vou; essas perguntas se tornaram reflexões mais consistentes, profundas e pesadas para mim. Ao ponto de não estar sendo fácil encarar isso.

Do ponto que me encontro hoje, sinto como se perdesse o mapa e já não soubesse exatamente qual caminho vai me levar aonde quero chegar. Mas no entanto sei que voltar não faz mais parte do caminho também. Não me sinto perdido porque sei onde quero chegar, eu só não sei como ir até lá, não tenho mais mapa. Não tenho mais aquelas certezas, aquelas desculpas, aquelas expectativas de antes, e no entanto tenho um medo e uma insegurança constantes, porque ocorreu algo que me surpreendeu; apesar de me sentir poderoso, maduro, com energia e conhecimento suficientes para avançar, a contra partida tenho uma consciência tão clara de que a escolha será minha em absoluto. O que estou tentando explicar é que, até aqui, levei uma vida com uma crença de que eu não era bem o responsável pelo que acontecia comigo, havia sempre uma “força maior” regendo a autonomia dos fatos e eu, dentro das possibilidades, fazia a minha parte. Quando olhava para trás e via as dificuldades que tive na minha infância, culpava meus pais pela criação que me deram. Das pessoas que me distanciei, culpava ora o destino que não quis mais que permanecêssemos juntos, ora culpava as próprias pessoas que não facilitaram nosso convívio. Pois se a minha vida rumou até aqui, houve uma razão maior para isso. “Meu pai me moldou”, “o sistema capitalista me restringiu”, “o professor dificultou as coisas”, “Deus quis assim”, “o governo..., o chefe..., o amigo...”, “estive de mãos atadas nessas circunstâncias”, “mas eu fiz a minha parte”. Mas sabe do que mais? Hoje eu já não enxergo mais as cordas que me amarravam, que desconfio se elas um dia existiram e suspeito que deve ter sido eu quem as colocou.

Até que ponto criamos e alimentamos nossas próprias crenças? É difícil admitir que não alcançamos o que queremos por nossa vontade, porque nos conforta sermos guiados. Falamos de protagonismo social, de sermos agentes de nossas vidas, mas na prática são poucos os que de fato estão presentes, porque viver a vida, estar realmente nela, implica num exercício de força, primeiramente física, é uma verdadeira luta! O corpo nasce brigando com a própria gravidade para se manter em pé. Ser uma pessoa, ter atitude, estar no momento presente, se exercendo como se é, é a maior dificuldade na vida. De fato, o que nos impede de ser ou chegar onde queremos? A única coisa entre a matéria e o espaço, é o tempo. Alimentamos uma matrix porque a realidade é dura demais para suportarmos. Hoje me sinto mais forte, mais maduro com vinte e nove anos, e ao mesmo tempo mais receoso e inseguro do que nunca, porque depois de um tempo encarando meu carrasco nos olhos, percebo que ele se parece muito comigo e já não dá mais para negar isso. E agora?



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