Outro dia ouvindo rádio
ouvi uma frase interessante: "a vida, diferente da escola, primeiro dá
a prova e depois a lição". Achei sábio isso. Mais verdade
impossível. Muitas vezes na minha vida me peguei me comportando
diferente do que de fato eu gostaria. E noto como é comum fazermos
isso. Como é comum esquecermos facilmente dessa tal humildade. Eu
não sei bem porque fazemos isso, mas acredito que tem muito a ver
com uma vontade de sermos aceitos, de sermos bem recebidos, porque
ninguém gosta de ser rejeitado. Só que entendo que a rejeição faz
parte. Aliás, é um direito nosso. Todo ser humano tem o direito de
gostar ou desgostar daquilo que bem entender. Inclusive uns dos
outros até. Cabe apenas o respeito. O difícil é na prática!
Porém, é justamente aí que precisamos ter maturidade suficiente
para erguer a nossa cabeça e continuar o nosso caminho, seguindo
aquilo que acreditamos, ao lado de pessoas que verdadeiramente nos
apoiam. Mesmo que desagrademos uns e outros. Mesmo tendo que transpôr
aqueles que desaprovam. O que a gente não
precisa é enganar ninguém. Usar de truques, de bajulações, de
encenações.
Como por exemplo.
Quantas vezes numa conversa que deveria ser banal não usamos, para
as palavras simples que seriam de fácil entendimento, os sinônimos
sofisticados? Dá à conversa um “ar bonito”, “melhor”. Em
outras ocasiões pensamos duas vezes antes de sair de casa com a
mesma roupa, por acharmos que não fica bem repeti-la. Ostentamos uma
expressão de poder sempre. Selecionamos de quem podemos ou não ser
amigos. Quem nunca fez isso? E por que fazemos isso? Ou melhor: para
quem fazemos isso? Eu juro que não consigo entender. Quando me pego
agindo dessa maneira tenho vergonha de mim mesmo. Porém é quase
inconsciente, a gente faz sem perceber. Talvez seja culpa do
capitalismo. Talvez seja culturalmente imposto e aprendemos então
desde muito pequenos que precisamos ostentar uma imagem de sucesso e
estarmos próximos de pessoas que nos transmitam essa ideia. O que é
sucesso, de verdade, é complicado de responder. Para algumas
pessoas estar dentro roupas de marcas famosas e caras, num carro do
ano e indo para grandes festas com amigos populares é estar na lista
dos bem sucedidos. Para outros sucesso é ter saúde, estar com a
família e apenas viver uma vida simples. Eu não estou aqui para
responder isso, nem sou alguém para julgar o que é certo ou errado,
e não quero parecer moralista demais, cada um vive a própria vida
como bem entender. Mas apenas acredito que sucesso, seja lá como
for, precisa vir espontaneamente. Consequência natural. E mais,
precisa ser de forma saudável. Saudável para a mente, para o corpo,
e para o bolso! Sucesso precisa casar-se com humildade. Todos
nós mesmo fazendo muito sucesso sempre seremos pequenos em algum aspecto. Por isso querer ser o que
não somos, falar sobre o que não dominamos, fazer o que não
gostamos apenas para impressionar pessoas que mal conhecemos, não sei se é algo muito bom. Hoje quando olho para
trás e lembro quanto dinheiro, tempo e energia eu já gastei para
impressionar pessoas, que hoje nem lembram que eu existo, não me faz
sentir mais tão bem. Então o conselho que dou é o mesmo que sempre
me dou: pensa lá na frente, olha de longe. Acho que o prejuízo
maior nem é o dinheiro, porque ele vai e vem. O maior prejuízo é o
tempo, pois esse somente vai.
Hoje quando começo qualquer relação me policio ao máximo para não transmitir nada além do que de
fato eu sou, do que de fato eu tenho, do que de fato eu penso, do que
de fato eu quero. As relações que se sucedem a partir disso –
embora sejam em menor número – são honestas, mais interessantes pra mim, mais a ver comigo, e essas sim
me ensinam muito. Aquelas que não vingam, eu não forço, já trato de me
conscientizar que não eram pra mim, vieram no meu caminho mas não
exatamente pra ficar nele, vieram apenas com o propósito de me
lembrar de ser humilde. É um exercício constante...
"Abriga-te na
humildade,
Não busque mundana
estima.
O ouro afunda no
mar,
A palha fica por
cima."
(Chico Xavier)
Um comentário:
Hello Jonas!! What's up my friend??
Incrível esse seu post, principalmente porque me peguei pensando MUITO nesse assunto esses dias.
Esse negócio de querer que as pessoas gostem de nós, de querer impressionar e agradar a todos é o maior e mais complexo labirinto da vida. Veja só: acabamos nos MOLDANDO tanto, tanto para ser aceito pelos outros, para ser aquele que IMAGINAMOS que as pessoas querem; para nos adaptar aos ambientes, as personalidades dos que frenquentam esses amebientes.... que quando cai a ficha.... você já está tão emaranhado nesse labirinto de modificações que fica difícil voltar a sua versão original e redescobrir quem você realmente é, do que você realmente gosta, quais atitudes você de fato queria ter tido em algumas situações.
E sabe o que mais? No fim, não vale a pena se modificar tanto pelos outros. O trabalho interno para sair disso tudo não é fácil e mudar os hábitos é uma prática constante.
Com muita leitura e estudo aprendi que nem tudo que a "sociedade" ensina como etiqueta é o melhor jeito de agir ou pensar. Se deixar ser influenciado por isso ou aquilo ofusca nossa personalidade e quando encontramos informações que deveriam ser tão normais para nós quanto as tragédias divulgadas no jornal, ficamos espantados.
É... as vezes é preciso parar e rever conceitos... e como tenho feito isso.
Essa ideia de certo e errado é algo doido, pois na verdade o que temos por certo e errado é a lei da causa e efeito, você fez, você recebe de volta, não importa o que no conceito de cada um é bom ou ruim.
E no fim das contas, nós somos seres maravilhosos, vivendo numa sociedade cheia de caminhos e lições. Cada um faz sua tarefa como sabe e aprende como pode.
Excellent post as always :)
Your friend and teacher!
Postar um comentário