quinta-feira, 26 de abril de 2012

Teoria, Técnica... e Fator Humano!









[/ Tenho tido tanta vontade de escrever que me é difícil segurar as palavras dentro de mim mesmo. É incrivelmente reconfortante os momentos de dor quando se analisa de outra forma. Estou lendo
O Guardião de Memórias de Kim Edwards e tenho gostado muito da atmosfera que o livro evoca. David, um dos personagens do livro, está desesperadamente aprisionado em lembranças que de alguma forma o confortam e Norah, sua esposa, vive uma vida totalmente pausada, paralelamente com a vida que ela desejou viver. O livro é muito tenso, realista, algo vivo... Quero saber onde isso vai terminar. ]


Quantas vezes não passamos por momentos difíceis sem imaginar que existe saída. É doloroso passar por essas experiências porque de alguma forma ela nos obriga a nos depararmos com a nossa pequenez frente à vida. Não somos nada! Não assim insignificantemente. Mas humildemente. Nunca paramos para analisar o tamanho do Universo e onde nos situamos nele; outro dia assistia a um vídeo de imagens do Universo e onde nós – planeta Terra – estávamos colocados. É interessante e ao mesmo tempo assustador constatar que somos um grão de areia, um cisco no cenário todo. O Universo é tão assustadoramente imenso que me atreveria a garantir que somos quase inexistentes nele. Talvez tudo seja realmente inexistente, numa tentativa de ser constantemente criado, já pensou?!?

Nesses momentos de dor é interessante como os nossos sentidos se aguçam e captamos melhor os sinais. Não sei se já percebeu, mas estamos o tempo todo sendo bombardeados por informações, imagens, matéria, que não nos damos conta que existe um “por trás” disso tudo. Eu sei que pra alguns talvez essa conversa esteja indo longe demais e parecendo muito complicada ou complexa; mas por que será que nos momentos mais decisivos a nossa atenção redobra e seríamos capazes de captar um mosquito voando?!
Seria porque talvez a nossa capacidade de interação com o que está ao nosso redor esteja invariavelmente ligada a como levamos a nossa vida. Vou explicar. Temos vivido tempos em que tudo é mostrado, explícito, notícias bombásticas e fatos mirabolantes a todo momento, que não estamos sendo capazes de captar o que está por trás das cortinas. Algumas coisas se ligando silenciosamente por trás do brilho dos holofotes como sinapses. Insights da realidade. E nós não vemos por dois motivos: primeiro porque estamos cegamente compenetrados no que está reluzindo e segundo porque não sei se estamos preparados ou queremos ver além do que nos é apresentado.

Aonde quero chegar com esse 'papo de louco'? Sei que você deve estar pensando isso agora e não o culpo, afinal a gente não ouvi muito sobre coisas assim e nos acostumamos a descreditar quem fala sobre isso. Mas o fato é que existe sim muito mais coisas do que de fato captamos e algumas pessoas que já conseguiram mergulhar além dessa camada superficial puderam ver. Nunca nos perguntamos em que momento Leonardo Da Vinci pintou aquelas belíssimas obras, certo? Quem sabe, o que move uma bailarina a dançar ardentemente no palco, enquanto seu corpo parece estar possuído por uma energia apaixonante? Ou em que momento um atleta recupera o fôlego já diminuto e escava dentro de si até encontrar a reserva inesgotável de energia para vencer a partida? Não... Isso não sabemos, porque a gente não capta. Porque é um sopro de vento delicadamente insensível e irrelevante que desencadeia o que muda a vida de um pobre homem. São forças de nossa própria autoria que desconhecemos mas que se integram ao todo e transmutam as coisas.

Estamos nos programando com comandos através de ensinamentos e práticas tão práticas que nós não conseguimos nos permitir aprender em que momento entram os ingredientes que dão vida a receita: intuição, intenção, criatividade. E é aí que quero entrar. Qual é a medida certa para um café perfeito? Por que duas pessoas com receitas idênticas provocam sabores diferentes? Por que o olhar das pessoas para a mesma direção captura cenas distintas?
Porque depois do conhecimento e da prática entra na minha opinião outra coisa chamada “fator humano”. A dignidade da arte (em qualquer coisa que imaginar) não é ensinada e você jamais vai acertá-la mesmo depois da milésima tentativa. Sabe por quê!? Porque você vai ter que encontrar primeiro algo que dou a minha vida ao afirmar que Leonardo Da Vinci conhecia. Santos Dumont, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector também devem ter conhecido. Fator humano. Ele ultrapassa a teoria e a prática das coisas e faz o mendigo rico e a parte barro sagrada, através de algo que eu não saberia – nem que quisesse – explicar. Porque sou humilde demais ao admitir que é um estágio em que já Não importa o que você tem aprendido e Não importa o quanto você tem praticado, você simplesmente faz como nunca antes. E aí do nada o sagrado se cria. A singela tela ganha vida. A dança imortaliza a bailarina e a canção toca o cantor. Neste ponto acontece o que chamamos de Alquimia. A capacidade de transformar o que for de mais rústico em obra de arte.

Não estou aqui tentando dizer que encontrei o “fator humano”, nem mesmo que esse seja seu nome ou que sei como utiliza-lo. Não. Quero dizer que em algum momento da nossa vida todos nós já nos deparamos com ele. Quando? Quando você fez aquele prato sem receita, medindo os ingredientes pela intuição. Ou quando você mirou despretensiosamente e terminou acertando em cheio. Quando descobriu e manipulou um talento natural, sem nunca ensaiar. Quando – plagiando Jean Cocteau – não sabendo que era impossível, você foi lá e fez. É nesse momento que aconteceu a Vida! Aí Ela se revelou, manifestando-se num breve espetáculo diante dos seus sentidos desacostumados a captá-la.

Sabe o que seria bom que você fizesse? Que ajustasse os seus ouvidos para captar esse silêncio e os seus olhos para enxergar além do que lhe é aparentemente mostrado. Programasse-se para as surpresas, desacostumando-se do óbvio. Pelo contrário, inove cada dia mais! Descubra um dom e não espere, simplesmente aconteça, você é capaz disso. Há algo que apontará corretamente o caminho, apenas siga o fluxo que o suga. Sem pretensões gloriosas e sem lamentações, desprepare-se, desarme-se e se liberte. Então vai descobrir o que talvez grandes pensadores, pintores, músicos ao longo das suas vidas descobriram: a vida como uma forma criativa de existir, onde somos livres para criar o que quisermos... Experimente. Acredito que quando entendermos isso, seremos capazes de ir muito além do que acreditamos que podemos, sabe por quê? Porque nós somos um mar aberto, navegável, de infinitas possibilidades...

Tente!





“Querendo, mentalizamos; mentalizando, agimos; agindo, atraímos; e atraindo, realizamos.” (Extraído do livro Sinal Verde, espírito André Luiz e psicografia de Chico Xavier)

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Jonas :)

Nossa, eu sempre adoro seus posts, mas esse... wow, eu ameiiii!!

Você conseguiu colocar em suas palavras algo que todos buscamos!
Aquela faísca que acende a luz no fim do túnel digamos assim, que nos traz aquela sensação inexplicável, que vem lá do fundo e nos impulsiona a fazer algo novo, incrivel, louco, talvez até mesmo absurdo e que no fim dá super certo.

Essa centelha, essas sensações são dificeis de descrever.

Creio que quando as pessoas começarem a dar mais ouvidos a essa voz silenciosa que não habita a mente, mas sim o coração e de lá comanda nossos pensamentos, vão descobrir que nossas capacidades são inúmeras, as possibilidades são infinitas e nosso Mundo é muito mais que os olhos captam.

Temos que nos libertar de pensamentos limitantes e da total racionalidade e dar atenção a tudo mais que acontece ao nosso redor.
Perceber que temos a liberdade de viver a vida desempedidos das amarras do passado, dos pesos antigos, das alienações e que aqueles que souberam usar essa faísca, e dar asas as sensações inexplicáveis foram grandes criadores, escritores, aqueles que realmente coloram cor nas ideias e fizeram diferente.

Seja sempre assim sincero consigo mesmo e coloque as palavras que vêm dessa voz silenciosa, que seus posts sempre passarão uma emoção muito além da escrita, uma vibração muito além da intenção.

Hugs!
Teacher

Jonas Souza disse...

Obrigado Aline! Gostei do comentário! Dá pra ver que gostou muito mesmo do post...

E eu gostei de escrevê-lo. Se tem um coisa que tenho certeza é que somos energia pura. O ser humano é parte de tudo que o rodeia e ele contribui para que os eventos ocorram. Muitas vezes ele não percebe. Mas sempre acontece.

Nós precisamos entender que fazemos parte de um ecossistema totalmente interligado, dependente e sensível a todo tipo de vibração. Por isso precisamos tomar cuidado com os nossos pensamentos e intenções, eles tem peso!

O ser humano tem um potencial incrível. Um dia assisti a uma entrevista da Fernanda Young no programa da Marília Gabriela e ela disse que a criança é potencial puro, pode aprender qualquer língua, pode aprender tocar qualquer instrumento, pode fazer qualquer coisa, é a cultura que a limita, estipula o que ela vai fazer ou ser. Por esse motivo, na opinião dela, devemos puxar mais o "elástico" e ousar mais, experimentar mais, aplicar outros talentos, temos potencia pra isso.

Eu acredito nela. Gosto dela, do trabalho dela. E acho que ela foi brilhante nessa colocação.

Obrigado pelo comentário Aline, o seu comentário desta vez teve um tom maior, mais... cheio de intenção
Hugs!