terça-feira, 24 de julho de 2012

D E S - C O N S - T R U - I R

Às vezes precisamos desconstruir para construir novamente melhor. Desconstruir nosso modelo de ensino. Desconstruir nossas leis. Desconstruir nossos valores. Desconstruir nossos medos. Desconstruir nós mesmos! E construir uma nação de cidadãos capazes de enfrentar a si mesmos. Deixar de unicamente "pensar em si", para privilegiar o "pensar por si"!


Eu já recebi muitos conselhos bons na minha vida. Conselhos de gente bacana. O “bacana” que eu me refiro são pessoas que pensam por si. Que nos provocam. Considero um dos melhores – conselhos –, o de um professor de História, quando eu estava no Ensino Fundamental. Sexta, sétima série talvez. O conselho era: aprender a pensar sozinho, desenvolver um pensamento crítico para as coisas, um olhar amplo para vida e se prevenir da alienação. Assim ele provocava toda a sala de aula e nós alunos ficávamos meio sem entender. Mas aquilo nos despertava de algum modo! Com este conselho – filosofava ele – nós aprenderíamos que nem tudo na vida é simples, às vezes as coisas podem ir muito além do que está sendo mostrado e serem mais amplas, complexas; por isso é importante “traduzir os fatos”. Pela primeira vez, eu assistia um professor nos provocar a pensar por si próprios, onde ele saia do palco – agora como um ator coadjuvante, não mais como o “dono da verdade” –. Suas aulas de História – que eu particularmente não gostava da disciplina – eram impressionantemente reflexivas. Tinha redação com temas políticos, história em quadrinhos sobre guerras, filmes interessantes e debates sobre tudo isso. Ele nos ouvia, sem nos subestimar nem impor nada. A sala gostava dele! Eu, não muito. Não que eu o odiasse, eu apenas não o entendia. Ele nos provocava e eu, um rebelde sem causa, encarava aquilo como afronta. Mas guardei os seus conselhos, ainda meio sem entendê-los muito bem e achando um pouco sensacionalista demais. Não acreditava que deixar de refletir a própria vida ou deixar de pensar por si fosse algo tão importante assim para a minha vida. Achava besteira tudo aquilo às vezes. “Alienação” era uma palavra forte demais para ser usada. Como se fosse fácil assim alhear alguém...
Bem, o tempo passou. Concluí o Ensino Médio. Adentrei a faculdade. Curso de Administração. (Já nessa época eu começava discretamente a enxergar o que antes não queria ver). Primeiros dias de aula, vêem os professores com o mesmo conselho de antes: “ 'abram suas mentes' para as coisas”, “vocês precisam 'aumentar a visão' de mundo”. Aquilo me soava um déjà vu. Me perguntava se os professores achavam que a gente fosse algum tipo de X-Men por acaso. “Abrir a mente”. “Aumentar a visão de mundo”. Como isso!? Que papo mais idiota! Assim era a minha ignorância. Nessa tamanha mentalidade. E vira e mexe, vinham eles com o mesmo conselho...

Viviane Mosé no Provocações - Parte 2/3:


Hoje, se me perguntassem qual o melhor conselho que eu poderia oferecer a alguém, não saberia escolher imediatamente. Ficaria receoso de responder de pronto. Porque o que é importante para uns não necessariamente valerá para outros na mesma medida. Mas após alguns minutos refletindo, eu diria que os meus professores estavam certos o tempo todo. “Abrir a mente” e “aumentar a visão de mundo” é um dos melhores conselhos que eu já recebi na minha vida e qualquer pessoa poderia aplicar na sua. O mundo é muito maior do que o nosso umbigo e nós fazemos parte dele como um todo. As respostas para os fatos vão muito além das aparências. Aliás, a Vida vai muito mais além! Muito mais além de modelos de aprendizagem prontos. Muito mais além de respostas desconectadas. Precisamos abrir a nossa mente e colocá-la para funcionar sozinha, entendendo o todo. Mente fechada não é bom para ninguém, nem aqui nem na China! E por esse exato motivo não podemos acreditar absolutamente em tudo o que ouvimos, lemos ou assistimos, sem passar por um crivo crítico. Se “distanciar” do fato e refletir sobre ele, com ética e sabedoria, é o caminho para crescermos como ser humano. O contrário disso é fanatismo. Alienação. Ligar a TV, ler um jornal, entrar numa conversa e "desligar-se" é alienação, sim senhor! Acreditar num pensamento único também. Não existem super-heróis. Todo mundo erra. Pais erram. Professores erram. Mestres religiosos erram. Jornalistas erram. Apresentadores erram. Até blogueiros erram! Sim, eu também erro. O tempo todo. Aqui no Blog não tem “receitinha de bolo”, não. Sou alguém que, como diz minha avó, “coloca a cachola pra funcionar”, só isso. Não dói, sabia?
Se é óbvio que todos cometem erros, por qual razão considerar religiosamente qualquer coisa sem refletir? Cada um tem seu próprio cérebro e ele não está aí na cabeça a toa.

Outro dia, enquanto eu caminhava antes de uma corrida, observada uma conversa entre dois amigos a minha frente. Uma conversa que parecia simples, banal. Notava que um “provocava” o outro, obrigando o outro a refletir as coisas que o mesmo estava contando. Um deles fazia umas boas perguntas. Em determinado momento o que respondia pareceu se zangar. Zombou do amigo que estava fazendo perguntas demais, dizendo que ele era chato e essa conversa cansativa. E mudaram de assunto...
Pergunto: será que “refletir” era o que ele se referia? Será que é melhor aceitarmos tudo pronto e mastigado? Então não refletimos a nossa vida porque é chato e cansa!? Então, presumo que devemos estar agindo sem pensar? E agir sem pensar é sinônimo de quê, hein!? Políticos corruptos eleitos com “votos inconscientes”? Acidentes no trânsito com motoristas alcoolizados? Gravidez indesejada pelo não uso de preservativos? Ou doenças sexualmente transmissíveis?
Se a gente admitir que pensar por si é chato e cansa, estaremos admitindo tudo isso e muito mais, não acha? Ao deixarmos de refletir a nossa própria vida estaremos colocando em risco a vida de todos os demais então. Porque se eu não penso por mim, nem sequer penso em mim. E se não penso em mim, como eu vou pensar nos outros!?

Mario Sergio Cortella no Programa do Jô - Parte 2/2:


Eu já fui desses que acha filosofia chato. Reflexão coisa de “bicho grilo”. Achava a maior perda de tempo, não via utilidade nenhuma. E sabe como era a minha vida? Eu nunca me entendia, me vitimava por tudo, repetia os mesmos erros, acreditava em tudo que me diziam, só enxergava a ponta do meu nariz e só pensava no meu próprio umbigo. E era um perfeito alienado! Era tudo aquilo que eu não acreditava ser possível... Hoje sei que deixar de pensar por si é se admitir oco. Estar vazio. É redimir-se a marionete. Reduzir-se. É acreditar que existe um deus que te quer ignorante, passivo – e quietinho! –. Que deus criaria um ser humano com esse propósito? Com a finalidade dele ser o mínimo do que ele é capaz de ser? Hoje acredito que nós somos mais, porque podemos ser muito mais. Somos seres pensantes. Nós nos superamos. Somos criativos. Criadores. Podemos criar a realidade, com ética e sabedoria, a partir de pensamentos e ações. A arte da criação. Tudo na vida começa com um pensamento. A menor partícula do Universo é um pensamento! Pense e crie. Aprenda a aprender.

sábado, 14 de julho de 2012

DESCUBRA. FOCA. CANALIZA. "FAÇA BOA ARTE"!


Nem todas as crianças aprendem a andar no mesmo tempo, mas certamente todas aprendem!


“Fala: mamãe”. “MA-MÃE!”. “Vai: pa-pai. FALA!”. “Vem comigo... Isso, de pé!”. “Não não não, de pé. VAI!” “Olha pra mim!” “Não não, aqui!!”. “Isso, em frente...” Imagine-se ouvindo esses pedidos o tempo todo na sua cabeça e ter apenas alguns meses de vida. Vai se sentir um pouco confuso e bastante pressionado, não é? Pois é... Isso certamente lhe causará estresse e com isso terá dificuldade para se equilibrar.

Uma criança pequena deve se sentir exatamente dessa forma em meio às cobranças dos pais e coisas ao redor que ela ainda não assimila. Com a maior dificuldade para atender e entender o que estão gritando e querem dela, chamando insistentemente a sua atenção. Enquanto ela está aprendendo a andar com os seus próprios pés, ela apenas tem que se equilibrar e ir numa única direção. Dessa mesma forma é quando nos tornamos adultos e precisamos suprir todas as demandas sem perder o foco no nosso objetivo de caminhar. Demandas como família, trabalho, amigos, sociedade girando em torno de nós. E também as nossas próprias demandas, aquelas internas. Sonhos, expectativas, possibilidades, plenitude. Isso tudo martelando em nossa mente, enquanto tentamos manter bem firmes os pés no chão para caminhar com segurança. O equilíbrio agora significará aprendermos a fazer isso de maneira que julgamos mais correto, digno e que consigamos assim atingir nossas metas. Imagino que a confusão que povoa a cabeça de uma criança nos primeiros meses de sua vida é a mesma que nos deixa estressados nos dias atuais. Quando não somos capazes de atender, entender, administrar as necessidades externas e internas, caminhamos com dificuldade, é como se desaprendêssemos a andar novamente. Você tem suprido todas as suas demandas e caminhado sem perder o foco nos seus objetivos?

Ao meu redor vejo uma porção de gente que não têm conseguido fazer isso, tem cambaleado à beça. Eu admito também que nem sempre consigo. Não é fácil mesmo, reconheço. Não é por falta de tempo, apesar de sempre o tempo ser o primeiro culpado. Tempo na verdade todos nós temos o suficiente quando queremos encontrar tempo. Mas então o que podemos fazer para atingir objetivos, suprir demandas e domar o estresse? Administrar melhor o tempo? Listar prioridades? Canalizar a energia? Ouvir a demanda interna? Ter paciência? Acredito que seja um pouco disso tudo e ainda um pouco mais. Precisamos primeiramente de duas coisas: admitir quando algo não está dando certo e nos permitir mudar. Admitir algo e não querer mudar é tão útil quanto provocar uma mudança sem admitir a melhoria. Nós damos passos desnecessários e com isso dispersamos energia e perdemos tempo. Quantas vezes você já se esforçou, gastou energia e perdeu tempo em coisas que, se fosse ver bem, não tinha nada a ver com o que você realmente queria? Você vai se surpreender com a resposta...

Acredito que duas verdades são mesmo universais: tempo é um recurso limitado e tudo na vida tem seu tempo. Significa que precisamos ter calma e paciência para persistir nos objetivos, mas não perder tempo perseguindo objetivos que não são nossos, porque esse tempo não irá voltar. Com isso devemos administra-lo bem e saber que todas as demandas são sim importantes – na sua ordem –, há necessidades mais imprescindíveis que outras. Aí a razão de listar prioridades, para focarmos no que realmente buscamos e canalizarmos toda a nossa energia e tempo nos alvos certos. Isso não significa esquecer do restante enquanto caminhamos, certamente que todas as demandas têm a sua importância. A própria criança observa que tem adultos ali do seu lado gritando, porém nesse momento da sua vida o seu foco é aprender a andar. A natureza instintivamente a impulsiona a isso.

Muitas vezes – para não dizer sempre – o que é certo para um não é para outro na mesma ordem. As prioridades das pessoas são diferentes e com isso a grande importância de seguirmos à risca as nossas. Não se engane ou se iluda com o que está reluzindo. Tudo ao nosso redor sempre parece mais interessante, mais maravilhoso e repleto de felicidade, quando não estamos centrados no que queremos. Parece que a felicidade nunca está aqui e agora, conosco, está sempre ali na próxima esquina. “O produto perfeito, os usuários felizes e toda a paisagem ótima.” A grama do vizinho parece mais verde. O carro dele parece melhor. O amigo parece mais feliz. Fulano parece que foi no caminho certo. “Isso” parece, “aquilo” parece... Perceba que tudo só “parece”. Sabe por quê? Fora do que você quer, tudo é mesmo interessante, mas não passam de possibilidades. O mundo é cheio dessas miragens. Possibilidade de riqueza; possibilidade de felicidade; possibilidade de sucesso; de amor, de realizações... Fora do que você quer, tudo são apenas possibilidades. O que você verdadeiramente quiser será uma meta real, porque vai caminhar com os seus próprios pés. Você não vai andar com os pés de outra pessoa, serão os seus a tocar o chão! Os sapatos maravilhosos nos pés de outra pessoa, o novo carro do seu vizinho, as coisas imperdíveis reluzindo ali fora da cerca, tudo só será imperdível se for o que você realmente busca. Se não for, não passará de distração! Ouro de tolo. E você quer isso para sua vida: perseguir ouro de tolo? Ou buscar o que realmente faz você sentir o sangue correndo nas veias?

Quando a gente sabe o que quer realmente, a gente foca! Quando a gente foca no que quer realmente, a gente não perde tempo e canaliza energia. E sabe o que acontece quando não perdemos tempo e canalizamos energia no que realmente queremos? A gente acerta!


Discurso que o autor de livros e roteirista de quadrinhos Neil Gaiman deu aos formandos da University of Arts, na Filadélfia, Estados Unidos. O vídeo está em inglês, porém tem o recurso “CC” para ativar a legenda em português:

MAKE GOOD ART!




Um dos vídeos mais brilhantes que eu já assisti por causa da sua simplicidade e ao mesmo tempo grande motivação. Acredito que todos, não só formandos, podem assistir e refletir.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

"Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades"


Estamos acompanhando um crescente declínio na quantidade de produtos de boa qualidade na mídia. Estava assistindo a um programa de televisão de uma emissora pequena e a apresentadora era muito simpática. Pela primeira vez depois de muito tempo assisti a um programa completo. Em todos os sentidos. A apresentadora não disputava com o propósito de um programa. Começo a achar que algumas emissoras grandes estão errando muito em suas grades de programação por causa de alguns apresentadores. Enquanto isso, algumas emissoras pequenas me parecem mais comprometidas com o público. O programa que assisti era simples e talvez sem muita audiência, porém o propósito de informar, ensinar e entreter o telespectador é cumprido. Quase não assisto mais televisão. Simplesmente não vejo utilidade numa porção de programas que tem sido transmitidos com o objetivo de causar escândalos. Falar negativamente sobre outras pessoas. Quando não massacram a dor alheia, tudo em nome de uma falsa prestação de serviço. Pensei que isso significasse ensinar. Trazer algo de boa qualidade ao público. A impressão que tenho é que alguns apresentadores querem brilhar mais que o programa. Beleza, elegância e falar eloquentemente sobre o que não acreditam. Dá a impressão que o objetivo é promover o apresentador. O show! Às vezes parece até teatro. O objetivo é esse? É esse o foco? Será que é isso que quero assistir?! Acho que não... Arrisco dizer que muitos também não. Aliás, acredito que seja meio a meio. Uma metade assiste por causa exatamente da “estrela” à frente do programa. A outra faz como eu: pouco liga a TV. Vai à internet, livros, revistas ou simplesmente qualquer coisa mais útil do que ver notícias sensacionalistas, tragédias ou algum “palhaço” fazendo graças pesadas demais. Rindo das pessoas, ao invés de rir com elas. Não sei se tudo isso é necessário, sinceramente. Mas tenho o controle remoto! Penso que um programa de TV é uma prestação de serviço e alguém aqui escolhe o médico pelo corpo sarado? Uma empregada pela beleza? Um taxista 'extraordinariamente' humorado? Se for assim, para onde estamos conduzindo nossa sociedade, hein? “Fique bonito, em forma, foque na vida dos outros, esqueça a própria e compre esses produtos”. Acho que merecemos mais que isso...

Acredito sinceramente que as mídias são importantes em nossas vidas. Nunca vou negar. Eu adoro todos os veículos de comunicação virtual. Apesar de não usar todos ainda. Acho que facilitaram nossas vidas. É fácil e rápido enviar uma mensagem. Estudar. Aprender. Fazer amigos. Conhecer pessoas e lugares do mundo todo. Isso é fantástico! Meu pai nunca viu isso em vida. Nem o pai dele. E certamente eles teriam se divertido à beça, como eu. A gente se informa, conversa, aprende, se emociona. Fazemos negócios, compramos, vendemos. Inúmeras outras coisas. Realmente as possibilidades são infinitas. Boas e péssimas! Mas, assistindo a um filme uma vez (Homem Aranha), ouvi que com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. E isso é um fato! O poder das mídias é enorme, mas trouxe também grandes responsabilidades a sociedade. Fenômenos sociais que não esperávamos (ou talvez sim?). Precisamos ver os dois lados dessa corda. Debater isso com nossas crianças. Se muito poder se paga com muita responsabilidade, certamente que muita responsabilidade se combate com maturidade. Aí que precisamos prestar atenção.


WE ARE THE FUTURE:




Não estou sendo sensacionalista. Nem dramático. Nem crítico nem pessimista demais. Adoro internet. Esse universo virtual. Não trocaria meu notebook por uma televisão “branco e preto”. Crianças hoje não são como as da década de 50. Conheço algumas que dominam a tecnologia de coisas que eu nunca sequer imaginei que existisse. São mais espertas, mais eficientes e acredito que é necessário reformular o sistema e quebrar paradigmas de educação para ensina-las. É importante analisarmos o preço do grande avanço tecnológico e trabalharmos paralelamente contra possíveis “efeitos colaterais”. Prestar atenção nessa geração. Dar espaço para desenvolverem seu potencial e amparo para serem crianças e “não se machucarem”.
Temos acompanhado a decadência de emissoras de televisão, baixa audiência de programas. Nós próprios estamos sem foco. Tem sido difícil saber o que querer para o futuro, porque o mundo tem mudado muito e tão rapidamente que oportunidades são muitas. Mais perdemos foco do que focamos. O que será que nós queremos de nossas mídias então? De que forma elas podem nos satisfazer completa e saudavelmente tem sido o grande desafio dos tempos.


DE ONDE VÊM AS BOAS IDEIAS:




Primeiro, quero algo que me informe de verdade. Tenha um pacto com a informação verídica e que transmita sem sensacionalismo, pois tenho um cérebro e acho que posso tirar conclusões sozinho. Segundo, que programas de TV contem com presentadores mais comprometidos com o princípio de ajudar – e que se entenda também diretores, câmeras e todo o restante de profissionais da área –. Acredito que queremos começar e terminar o nosso dia a dia nos informando, aprendendo, rindo de coisas interessantes (não de pessoas!) e até saber sobre famosos (não apenas as tragédias de suas vidas). Queremos aprender. Nos comover. Ter a sensação que a mídia nos agregou algo positivo e não nos vêem apenas como “audiência”, “público-alvo”, “compradores”, como números apenas.


"o mundo pós-moderno: a condição do indivíduo", um dos temas da entrevista com o filósofo polonês Zygmunt Bauman para o Fronteiras do Pensamento, apresentada na ocasião do encontro com o pensador francês Edgar Morin:




Para escrever aqui no Blog aprendi a tomar cuidado com as palavras, elas têm poder. Crianças podem estar lendo meus posts. Adolescentes. Me importo com a repercussão desse espaço. Aprendi isso depois de errar em muitas postagens também, confesso. Mas não apaguei posts antigos. Se a vida não nos dá a chance de apagar os nossos erros não negarei os meus, aprendi com o que julguei errado. Mas reflito antes de vir aqui. O Blog Tibet não é para me promover, é para promover ideias e prestar um serviço, na maior das boas intenções. Desejo que os leitores tenham acesso às últimas notícias, se informem através de links úteis, assistam a vídeos motivacionais e acima de tudo, sou leal ao propósito inicial: causar “debates internos”. Nos fazer pensar! E sempre aceitei todo tipo de comentário também. E crítica! Tudo o que espero do leitor é que ele reflita e sempre imagino que estou falando com alguém como eu. Um jovem crítico. Ousado. Cheio de sonhos. Que é inseguro pra caramba – embora nunca vá admitir isso. Curioso com qualquer coisa. Orgulhoso demais para pedir água e persistente demais para jogar a toalha. Que escreve relativamente bem porque já errou muito. Que conhece muitos autores, porque leu muito pouco sobre cada um! Que não domina extraordinariamente nada, mas é um insatisfeito. Inconformado. E acredita que é esse tipo de louco que muda o mundo. Um eterno inconformado com uma porção de coisas e corajoso demais para admitir isso. Afinal, se tem algo que eu sei bem é lutar pelo o que eu acredito.


“...É nessa fase que um homem define aquilo que ele vai acabar sendo pelo resto de sua vida. Cuidado com o que você vai ser... Lembre-se: 'com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades' ” (Tio Ben, em O Homem Aranha)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

ORDEM, PROGRESSO E FELICIDADE!


“O progresso não é mais do que o desenvolvimento da ordem.” (Auguste Comte)


Muito tem se falado sobre um conceito criado para medir a felicidade do povo brasileiro. Um conceito que já existia, mas que tem ganhado cada vez mais espaço nas últimas discussões. O FIB – Felicidade Interna Bruta. Ele se propõe a avaliar o nível educacional, as diferenças salariais, a distribuição de renda e as divergências entre classes sociais, longevidade, PIB, IDH, segurança e saúde. Acho muito bom analisar também, juntamente com esses fatores, o bem estar efetivamente sentido pela população. Sempre acreditei que o sucesso de um país não podia ser mensurado apenas pelo índice do PIB (Produto Interno Bruto). O PIB representa a somatória de lucratividade produtiva de uma região num determinado período, mas não abrange outros fatores, igualmente importantes na minha opinião, para se chegar a conclusão do que denomina-se sucesso. Mas afinal, para você, o que é Sucesso?

Acerca disso, estive refletindo em como assuntos com teor psicológico, social e espiritual até, além de estarem diretamente conectados à produtividade das empresas, estão sendo debatidos em relação a felicidade agora. Eu falo da sensação de preenchimento das pessoa. Parece que assuntos como esses nunca foram tão debatidos quanto agora. O que gera uma porção de perguntas. O crescimento financeiro por si só não é capaz de gerantir felicidade? Estamos levando uma vida com crescente evolução profissional, tecnológica e científica sem nos sentirmos felizes? Por que será que questões como essas estão sendo amplamente debatidas?

Estamos vendo muitos movimentos sociais – das até então consideradas minorias – buscando equidade, bem estar, sustentabilidade. Acho que a palavra para o que quero expressar é “Preenchimento”. Satisfação pessoal. Aumentou consideravelmente a procura por terapias. Técnicas motivacionais. Dicas sobre bem estar. Equilíbrio social/produtivo/ambiental na gestão empresarial. Equilíbrio familiar/pessoal na gestão de carreiras. São “n” caminhos, “n” fórmulas, livros de auto ajuda tentando nos ensinar a sermos mais felizes. Não estou me referindo aos caminhos, se eles funcionam ou não, mas sim a razão dessa busca. Afinal, para um país como o Brasil, com uma economia relativamente estável, com ascensão da classe média, que tem crescido e demonstrado um horizonte de novas perspectivas promissoras aos investidores, pode parecer antagônico esse cenário. De acordo com “a hierarquia de Maslow”, a última necessidade do homem é a auto realização. Acredito que a realização pessoal seja tudo o que qualquer pessoa quer; no fim é o que nos dá a sensação de “Preenchimento”. Completude.

Se felicidade é resultado de auto realização, pergunto-me se temos encontrado. O que nos faz sentir verdadeiramente felizes? Desde criança eu já escrevia, sempre foi uma fuga e uma forma de dar espaço à criatividade. Isso me faz feliz. Se é um talento natural ou não, não sei, mas manifesto essa habilidade até hoje. Neste exato momento. Acho que carregamos sonhos e talentos conosco por toda a vida. Entre uma fase e outra eles se fazem lembrados de forma prazerosa ou angustiante, através de pensamentos ou lembranças. Até nos apercebermos no presente e sem espaço para encaixar na nossa vida de crescente sucesso, cada vez com menos tempo. Sonhos esquecidos então. Metas pessoais deixadas para trás. Talentos nunca explorados.
Fazer o que gostamos nos traz sensação de completude e certamente promove realização pessoal. Nos desviamos disso que, “tecnicamente”, levaria ao topo da “pirâmide”. Os pais tem papel fundamental nisso, porque descobrimos no que somos bons ainda na infância e às vezes não há espaço para manifestarmos. Ou quando muitas vezes num “conselho”, numa crítica ou num simples olhar os pais matam sonhos. Castrando toda e qualquer manifestação natural. Essa atenção para descobrir qual a razão ou missão da criança é o espaço necessário para florescer nela o que talvez fosse um talento natural em potencial – o que chamaríamos de dom. E me atrevo a dizer que se ele for bem trabalhado pode levar a uma realização pessoal. Quem sabe. Esse processo acontece tão lentamente, de forma sutil e até inconsciente; e é óbvio que há exceções também.

Não sou cem por cento a favor nem contra o capitalismo. Não quero ser absolutamente contra nem radicalmente a favor a nada. Todos nós somos sujeitos a mudar as nossas opiniões, porque vivemos num mundo que muda, assim sendo, toda generalização e radicalismo pode ser precipitada. Prejudicial até. Mas, ao analisarmos as mudanças rápidas do mundo e o nosso estilo de vida, podemos ao menos imaginar que estamos num ponto crítico. Tudo está mais fácil e acessível e nem por isso estamos mais satisfeitos. A verdade: nós nunca estamos satisfeitos. O "muito" não tem significado tanto quanto achávamos que iria significar e o caminho agora não consiste em remar contra esse fluxo natural, largar tudo e ir pescar à beira de um lago por exemplo. Certamente que o mundo não continuaria girando se todos fizéssemos isso. Vejo a nossa dependência do sistema ao qual vivemos. Mas isso não significa que precisamos nos consumir junto com as nossas necessidades, certo? Vivemos num sistema finito para termos necessidades infinitas. Precisamos pensar sobre isso. Principalmente porque não estamos nos auto realizando. Ou seja, duas vezes esse sistema não tem valido a pena: estamos nos auto destruindo a longo prazo e saciando nossas necessidades a curto. Num rítimo crescente.

Há aqueles que foram para os dois extremos dessa discussão e nenhum encontrou as respostas que buscava. Crescimento financeiro é importante, mas certamente não nos preenche a partir de determinado ponto. Uma hora faltará algo. Viver de sonhos e buscar um falso socialismo também não garantirá segurança e obviamente não sustentará uma família. Quero então acreditar que talvez – vamos lá, só talvez... – o caminho seja a consciência e a responsabilidade com as gerações futuras. Pensarmos antes de fazermos as coisas e lembrarmos da nossa felicidade. Precisamos trabalhar duro e de preferência com o que nos motiva e entender que todo Progresso chama outro “p”. Preço. E Sucesso é bem diferente de Realização Pessoal. Podemos ter sucesso e não estarmos felizes. E qual seria a razão de progresso sem felicidade!? A bandeira do meu país diz majestosamente: “Ordem e Progresso", para lembrar que a nação precisa progredir, batalhar honestamente, mas sem se esquecer que a ordem vem primeiro.

ENTÃO, QUAL TEM SIDO O PREÇO DA SUA FELICIDADE??



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