domingo, 17 de abril de 2016

The end


"São águas passadas. Escolha outra estrada. E não olhe. Não olhe pra trás."


Estou longe do blog há exatos 8 meses. Nesse período aconteceram tantas coisas que renderiam aqui bons textos, sem dúvida. Mudei de emprego – em circunstâncias desafiadoras. Me tornei vegetariano – processo difícil mas que hoje recomendaria a qualquer pessoa. Retomei os estudos acadêmicos, estou fazendo pós graduação. Isso me traz a certeza de que a vida é um movimento contínuo, onde estamos sempre nos transformando, e se pararmos poucos instantes para analisar isso veremos que sempre podemos ter boas reflexões. Tive tempo de vir aqui e registrar essas reflexões se quisesse. Mas não o fiz por “n” motivos que agora não convém explicações. Sumi. “Tirei o time de campo” e fiquei da arquibancada assistindo o jogo. E que jogo...

Neste abril, o blog está completando 8 anos. Oito anos com a mesma cara. O mesmo layout, a mesma cor de fundo, a mesma imagem central, a mesma configuração, só com pequenas alterações estruturais ao longo dos anos. O que mudou significativamente foi o conteúdo em si, a forma do autor de ler e interpretar o mundo. Mas eu sinto em dizer que já não sei mais o que fazer com esse blog. De verdade. Nesses oito meses fora cheguei a conclusão que ou esse espaço se transforma ou termina de vez (abrindo ou não a outras possibilidades, ainda não sei). Sou expressivo e sinto necessidade de expôr minhas ideias, se não o fizer aqui nesse canal será em outro. No blog estou sentindo falta de novidade, de transformação. E imagino que é devido às mudanças internas que foram ocorrendo ao longo desses oito anos. As mudanças que ocorrem dentro de nós depois repercutem no externo de alguma forma. E aí vai até uma dica: se você quer mudar a sua vida, comece mudando algumas coisas em si mesmo. A medida em que você investir em autoconhecimento, que adquirir novos valores, que mudar alguns conceitos, que passar a enxergar a vida de forma diferente, inevitavelmente ocorrerá uma mudança externa. E isso vai de passar a frequentar novos ambientes até de conhecer novas pessoas e deixar para trás algumas coisas. Mude! Eu recomendo. 

A gente sabe que está mudando quando já não olhamos mais tanto para trás. Ou porque o “para trás” já ficou muito lá trás ou porque o “para trás” já não nos interessa mais. E a gente se desprende disso. A gente sabe que está mudando quando voltamos a fazer planos. Quando já não tememos tanto o futuro... nem a morte. Aos 20 anos, eu comecei esse blog dizendo que tinha medo de mudanças. Mas hoje vejo que o medo não é exatamente de mudança, é de fins. Usando à psicologia: é o velho medo da morte, do desconhecido. A morte a que me refiro aqui representa o final. O término de um processo seja ele qual for. No ciclo de vida de um produto tem a introdução, o crescimento, a maturação, a saturação e o declínio. A nossa vida é muito parecida, o medo que temos de mudanças é por não aceitar a fase de declínio, pois é difícil admitir que algo vai acabar. Dói dizer adeus. E dá mais medo desconhecer o que vem a partir daí. Então algumas vezes nos agarramos a cadáveres ao longo da vida, tentando manter viva uma ideia daquilo que já nem existe mais. E sinto dizer isso não é saudável. Se você parar para pensar na sua vida, quantos relacionamentos, sentimentos, pensamentos, crenças, você mantém que não te fazem bem, que não te agregam nada, mas você continua firme segurando esses cadáveres? Sim, cadáveres. Porque estão mortos! Podem estar vivos na sua mente, mas não na sua vida efetivamente. Já não te trazem mais nenhum benefício. E sustentar esse processo é como ter um fruto que não está maduro mas também não está podre, no entanto permanece na árvore, sem vínculo.

Você deve estar se perguntando onde quero chegar com esse texto.

Fazer você refletir sobre os encerramentos de ciclos. Esse blog está completando oito anos e dói realmente em mim ter que dizer adeus. Mas esse espaço já não traz mais os benefícios que um dia trouxe. É um adeus então? Talvez. O que vai determinar isso é a potencialidade que isso tem de se transformar. A mim morte nem sempre é fim. Se a gente for filosofar um pouco mais essa questão, a morte é só a abertura para uma nova possibilidade. Um re-começo. A minha experiência, nos últimos oito anos, me fez perceber que a resistência que temos de mudar ou de aceitar as transformações naturais da vida é decorrente da não aceitação da morte como parte do processo. Criamos uma crença de que a morte é ruim porque é o fim de tudo. Assim tudo aquilo que encerra, que rescinde, que se desfaz, que parte, inconscientemente repudiamos. E como desconhecemos efetivamente o que vem depois do fim, imaginamos o pior.

Mas o que a gente deveria aprender ou nos dar a chance de descobrir é que todo fim abre para um novo começo. O fim abre a possibilidades antes não vistas. A caminhos não explorados. A talentos não descobertos. A habilidades nunca utilizadas. Toda vez que passamos pelo término de um ciclo, na hora é difícil, mas atravessado esse deserto agradecemos muito. Quem nunca após um processo doloroso de uma separação, de uma recuperação de crise, de cura de uma doença, de superação de um período difícil, se descobriu melhor do que antes? Todos nós já passamos por isso. É quando lá na frente a gente finalmente olha para trás e pensa: “até que valeu a pena”. O fim é sim inevitável, mas ele é benéfico ao nos dar a chance de crescer. E crescer dói, a gente sabe. Mas é necessário, né gente.

Obrigado.


Jonas Aparecido de Souza


4 comentários:

Unknown disse...

Oi jonas nos meus bem vividos 51 anos posso afirmar a voce que as mudancas doem. mas realmente valem a pena.Passei muito por isso e hoje apesar de estar passando por uma situacao financeira dificil ,me vejo una pessoa maravilhosa!cheia de vida de boas ideias feliz.Faltam algumas realizacoes? Sim mas sinto me tao bem nao encaro a morte como voce ou como muitas pessoas ,por isso nao tenho medo de mudancas sao sempre muito bem vindas.Acredito muito nas forcas sobrenatunais que nos cercam enchendo-nos de boa energia por isso sou assim sem medo e sempre feliz.Parabens pelos 8 anos de seu blog se soubesse teria entrado aqui mais vezes .Um abraco.

Jonas Souza disse...

Ju

Obrigado pela visita. Gostei do que escreveu e espero que essa fase que está vivendo termine bem. Penso como você, também creio numa força que nos protege e nos auxilia. Continue sendo essa pessoa boa que você é.

Forte abraço

Jonas

Unknown disse...

Oi Jonas, tudo bem?
A primeira vista o título foi a mim um tanto questionador. Depois de ler o texto pude perceber a quantidade de emoções e sentimentos que pairam nas entrelinhas. Gosto deste espaço, bem como de suas reflexões as quais por diversas vezes já tive a oportunidade de me perder em devaneios. Das vezes que por aqui passei, até então não tive coragem de fazer algum comentário devido à complexidade e inconstância de meus pensamentos dos quais muitas vezes eu mesmo não compreendo. Acredito que seria uma pena, se ele tivesse de fato um "the end".Um abraço, e parabéns pelos oito anos. Carlos Semensim.

Jonas Souza disse...

Oi Carlinhos. Espero poder ainda chamá-lo assim. Como o tempo passa, não?

Fiquei muito feliz com o seu comentário, mais ainda por saber que frequenta esse espaço. Não imaginava. É um prazer pra mim saber que tenho um leitor assim como você, você é um bom observador. Sabia que sempre tentava descobrir que livro você estava lendo? Achava o máximo isso.


Obrigado pela visita. Forte abraço. Fique com Deus.


Jonas