domingo, 6 de abril de 2014

Quem domina: mente ou corpo?


Vitruve Luc Viatour, Da Vinci


O blog está comemorando 06 anos!

Há seis anos, nos primeiros passos de elaboração desse espaço, apesar de ainda não ter uma ideia muito clara de qual seria a sua finalidade, lembro-me que aos valores centrais que o basearia eu queria objetividade, deveriam ser por mim respeitados para sempre; uma espécie de base em que sempre me apoiaria não só para escrever, mas também me cobraria ao viver a minha vida. Como um mantra até. Daí o link com o budismo, foi dado o nome ao blog: Tibet.

Na criação desses valores, após pensar um pouco sobre a minha vida, percebi que havia, nessa época, um descompasso muito grande entre os apelos da minha mente e do meu corpo. Eu tinha a nítida percepção que os dois não se comunicavam muito bem; percebia isso pelas consequências das minhas ações. O corpo sempre superava a mente. Eu era passional demais e vivia as experiências de forma materialista, seguindo apenas estímulos físicos, e eles dominavam todas as situações. Viver sem pensar no que estava fazendo foi muito intenso e prazeroso; curti a vida com aventura e liberdade mesmo - diria com indisciplina também -, mas, da mesma forma que o êxtase foi muito grande, houve tombos épicos! Então criei um certo receio de sentir adrenalina, pois percebi que quando os ganhos eram altos, os riscos eram igualmente elevados - e refletindo bem, nem sempre valeriam a pena corre-los.

Paralelo a esses acontecimentos pessoais - reflexões, balanços e descobertas - foi o período de germinação desse blog. Durante a elaboração dele buscava equilíbrio, então resolvi batizá-lo com uma filosofia extraída da famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal: mens sana in corpore sano ("mente sã em corpo são"). Tomei a liberdade de "traduzir" isso para a minha vida, a partir dali, como: "um corpo são seria proporcionado por uma mente sã". Atribui então o controle dos meus passos apenas à razão, anulando por completo as emoções e os sinais físicos, deixando assim o corpo apenas como uma mera máquina a seguir os comandos da mente; ele teria uma importância secundária no alcance deste equilíbrio.
Os ganhos me pareceram a princípio maiores. Tive a impressão de que avançava muito mais rapidamente, pois não desperdiçava atenção, não me distraía com nada; olhava para frente, tinha um ideal na mente e anulava tudo ao meu redor - incluindo a mim mesmo. Tirava ótimas notas, ganhava aumento de salário e promoções, me sentia um foguete - usando minha própria vitalidade como combustível! Quando a rápida ascensão assentou vieram a dores: física e psicológica. Dores de cabeça e nas costas não são nada comparadas a uma dor psicológica; então um arrependimento começou a espreitar...

Após superado esse período difícil - e quem acompanhou o blog deve tê-lo notado -, compreendi que nunca existiu de fato uma relação de poder entre essas duas grandezas, e sim de simbiose! A mente não desautoriza os sinais físicos, a capacidade do corpo de se comunicar conosco, nem ele se sobressai à razão através de desejos e necessidades. O que deve existir é uma parceria entre ambos; a fusão dessas duas grandezas gera uma terceira, o equilíbrio. Ao agirmos motivados por uma vontade efêmera, sem racionalizar esse desejo, mesmo na busca de prazer pessoal, podemos ser cruéis com algumas pessoas; e quando colocamos o corpo a serviço da razão unicamente, como máquina, passivo, em algum momento podemos ser cruéis com nós mesmos. Ninguém domina, a redundância se vale: o equilíbrio é o meio termo.

A mensagem deste post é para lembrar que somos animais racionais, e não selvagens; somos constituídos de um corpo com uma mente - e estão ligados! Não há divisão entre corpo é mente, há simbiose.
Seja amigo de si mesmo. Não trate o seu corpo como máquina através de comandos severos e obrigações o tempo todo, pois não somos androides, somos sociáveis e é preciso relaxar também. A contra partida, não queira viver fazendo só o que te dá vontade, impulsiva e irracionalmente, porque limites são importantes, e algumas regras e convenções são estabelecidas para o nosso próprio bem.
Ao perceber que está agindo seguindo somente seus desejos e necessidades e se concluir que está tomando decisões impulsivamente, procure pensar melhor a respeito e refletir em possíveis implicações de agir assim, e se valerá a pena.
Ao notar que está constantemente exigindo demais de seu corpo e esquecendo de considerar sinais físicos básicos (como cansaço, dor, fome, calor, frio, sono, prazer), cuidado com uma autossabotagem, ou seja, a doença - quem não para por bem, parará por mal.


Aquele que viver só no plano mental, esquecendo de necessidades e de desejos do próprio corpo, ou perderá em humanidade ou em saúde; aquele que viver só no plano material, esquecendo de refletir e de valores espirituais, ou se tornará violento ou será vítima de si mesmo.

Qual você escolhe?! Será que precisa escolher?

Um comentário:

Anônimo disse...

Ola JOnas!! Congratulations!! Six years!! That's a lot :)

Nem preciso dizer que o título desse post me chamou a atenção logo de cara né? rsrs

Eu pude acompanhar de perto muitas dessas fases que você descreveu no post e o que eu posso dizer é que você sem dúvida tirou lições e aprendizados valiosos de cada uma dessas fases.

Sempre em busca de mais conhecimento, de livros, trocas de ideias, querendo ver além daquilo que era óbvio, querendo sentir cada momento intensamente, extrair o máximo de cada situação. Nem todos têm coragem de fazer isso, por isso eu sei que você continua fazendo assim com as adversidades de seu caminho.

Nunca deixando de aprender e de compartilhar seus aprendizados aqui nesse espaço. Isso é muito legal, pois todos estamos nesse mesmo caminho de pedras, então por que não compartilhar?

Eu aprendi uma frase no curso de PNL que é bem relacionado com o que você quis dizer no post: Corpo e Mente formam um sistema único. Se a mente não está bem, o corpo vai te avisar de um jeito ou de outro e vice versa. A viagem mais desafiadora que fazemos e do auto conhecimento, mas vale muito a pena.

Continue colocando seu foco no crescimento e olhando além.

Na vida as coisas sempre acontecem da melhor maneira, mesmo que não pareça assim no momento (essa frase eu li em algum lugar).

Parabén pelo blog!!

Your friend and teacher :)