domingo, 30 de maio de 2021

COMO É ISSO PARA VOCÊ?

 

     Utilizo situações e acontecimentos e o que observo a minha volta para transformar em texto. Tenho a característica de ser atento às coisas e gosto de observar as pessoas, as suas falas, os seus comportamentos, possíveis motivações e as consequências disso. Penso e reflito sobre tudo procurando de algum modo encontrar aprendizado. Refletir. Ou propor alguma análise disso. É o caso da postagem de hoje.

      Essa semana tive uma conversa que me chamou bastante a atenção. Me chamou a atenção particularmente a visão e a opinião da pessoa com quem conversava. Longe de fazer crítica a posicionamentos político e ideológico, até porque quem me conhece sabe que eu não discuto ideologiasnão vejo razão para fazermos isso, mas achei interessante a conversa. Trarei aqui como a pessoa enxerga uma situação e em seguida o que penso, como eu também vejo a mesma questão.

      A conversa toda foi complexa e seria impossível sintetiza-la num único tema. Mas, ao que me parece, o bojo central da discussão foi sobre transformações radicais que a sociedade vem passando, particularmente nas últimas décadas e essa pessoa acredita num “padrão”, observável já na natureza – segundo ela –, dos gêneros masculino e feminino, assim como de certo modo o que competiria a cada qual fazer. Não fiz julgamento de valor, procurei fazer mais perguntas. Quis ouvir e entender o seu ponto de vista e que, ao meu ver, parece refletir a opinião de muitos.

      Essa pessoa me disse que vê alguns grupos marginalizados da sociedade, tidos como minorias usando de formas agressivas e muito radicais para reivindicar seus direitos, perdendo uma denominação do que seria o sexo biológico; uma ausência de identidade; e não se enquadram ao que era esperado e tão característico a algumas poucas décadas atrás: o que é ser um homem, o que é ser uma mulher, por exemplo.

      Quando a conversa foi para esse ponto fiquei mais atento, porque quase sempre esses temas costumam ser sensíveis e espinhosos para conversar e inevitavelmente nesse momento discussões acaloradas surgem aos mais inflamados. Entram em jogo aquelas polaridades de direita e esquerda. Opressor e oprimido. Certo e errado.

      Mas pensei que se essa pessoa levantou o assunto, isso já disse muito. E como um bom amante e estudante de psicanálise dei espaço a sua fala, e como um psicanalista faria, ouvi com neutralidade sem qualquer julgamento de valor. Pelo contrário, estava curioso para compreender o que seria, segundo essa pessoa, “o padrão” esperado para um comportamento em sociedade com relação a masculino e a feminino. Em dado momento fui questionado o seguinte: “Para a psicanálise não é importante uma noção de identidade sexual ao ser humano? Hoje em dia os jovens não estão perdidos nesse sentido? Essas novas terminologias de hoje, como não-binariedade por exemplo, isso não traz confusão e talvez até traga sérias consequências aos jovens e à sociedade em geral futuramente?”.

      Penso que possuir uma identidade, seja ela qual for é importante. Mas não tem como dizer que não ter uma identidade definida ou ter uma identidade transitória ou fluída também não seja importante à pessoa. A sociedade passou por grandes transformações que não se via nessa magnitude por séculos. Talvez o que aos nossos bisavós e avós demorava uma ou duas gerações para ver acontecendo na sociedade, atualmente acompanhamos a cada dez, talvez cinco anos. Isso assusta alguns. Choca outros. Eu sou mais conservador. E gosto de uma tradição. Mas nada voltará a ser como foi um dia. A vida muda! O novo também nos ensina muito. Diante de todos esses questionamentos, eu apenas devolvi à pessoa uma única pergunta: Como é isso para você?.

      Quando a mulher estava dentro de casa e de um modo geral pais e mães eram mais presentes na educação dos filhos, talvez se percebesse menos nuances nos comportamentos e inclinações sexuais porque as crianças eram treinadas de certo modo pelos pais, conscientemente ou não, a agirem segundo um determinado padrão esperado (o tal “padrão” que a pessoa se referia). Ou talvez antes se sublimasse e se recalcasse muito mais, devido também a uma menor abertura e aceitação a comportamentos diferentes. O fato é que com a saída dos modelos houve certa liberdade para emergir algo a partir daí. Que não é certo nem errado, é um fato. Quando você deixa de policiar o desenvolvimento de um ser humano, estando ele livre para ser, pensar e agir – conforme suas inclinações talvez, surgirão novos jeitos de pensar. De se relacionar. De amar. Novos jeitos de existir e de se exercer no mundo. Nada contra. Pelo contrário, tudo a favor. Cada um vive a sua vida como bem entender!

      A falta desses modelos pode ser prejudicial aos jovens? Talvez. Só que a falta de abertura que existia no passado também não era prejudicial? Também é possível. A conclusão é que tudo depende, pois tudo tem dois lados. O modo de vida do passado podia ser bom, assim como podia ser prejudicial. Como o modo de vida atual pode ser ruim assim como pode ser positivo. O fato é que a sociedade muda. E continuará mudando cada vez mais com maior velocidade. E talvez o único erro seja não buscarmos acompanhar essas transformações sociais e tentar aprender com elas. Mas vejo muitas pessoas ainda apegadas a antigos padrões que nunca mais voltarão a ser com antes, por "n" fatores.

      Essa pessoa comentou sobre a psicanálise porque estou em formação. Mas se tem algo que eu gosto mais e foi o que fez eu me interessar mesmo pela psicanálise foi que ela não trabalha com ideia de certo e errado. Na psicanálise não existe padrão reconhecidamente saudável. Seríamos neuróticos, no mínimo. Ela se diferencia da psicologia, que reconhecidamente já adquiriu status de ciência, justamente porque a psicologia tem protocolos bem definidos; um parâmetro a ser seguido ou esperado. Enquanto a psicanáliseo homem como ele é, como ele pode ser. O que ele é capaz de fazer da própria vida. E precisará lidar! Sem idealização. Sem expectativa. Sem moralismo. O esperado numa análise é que o paciente consiga através de sua própria escuta dar melhores fins a sua angústia. Como ele fará isso? Pouco importa, cada um achará o seu caminho. O seu saudável. O seu possível! A psicanálise não rotula ninguém. Não estigmatiza comportamento. Não dá cartilha nem receita de nada. É como se ela dissesse: "Lida com isso!". Se algo é bom ou é ruim pouco importa, o importante é como isso é para você; se isso te incomoda "elabora e lida com isso!". O que me parece muito inteligente.

      Segundo Sigmund Freud a psicanálise é uma teoria, um método investigativo e um método de tratamento. E sob certos critérios ela ganha também status de cientificidade. Ela é uma episteme. É um método. Possui um objeto de estudo. Está sujeita à refutação. E está presente nas instituições da ciência. Todavia, diferentemente da psicologia, não acho possível parametrizar ou padronizar o que se propõe a psicanálise, porque mesmo embora existam estruturas de uma primeira infância que reverbere em determinados comportamentos na fase adulta, cada um deverá se haver conscientemente com isso; e se apropriando da própria história, cada um dentro do possível dará melhores rumos a própria vida.

      A minha opinião é que a sociedade mudou e continuará mudando. A mulher saiu de casa e conquistou sua emancipação. Os pais hoje têm menos tempo disponível aos filhos por inúmeros fatores, alguns legítimos. As crianças ficam mais tempo sozinhas em casa com todo tipo de aprendizado disponível e a seu alcance na internet. A família mudou radicalmente. O trabalhou flexibilizou. As relações amorosas estão líquidas. Identidades sexuais fluídas. Essa é a realidade. Se isso é certo ou errado é um julgamento moral e logicamente cada um tem o seu. Considero mais oportuno olhar ao diferente buscando pontos positivos para novos aprendizados, do que ficar enraizado ao passado numa falsa ilusão de que o que havia antes era melhor. Mudanças sociais sempre aconteceram. E sempre ocorrerão. A única diferença é a velocidade que isso está se dando. E nós enquanto sociedade precisamos acompanhar.

sábado, 22 de maio de 2021

SOMOS HERÓIS, NÃO DEUSES


     O texto de hoje tem muito a ver com o anterior. Nesse eu gostaria de falar sobre Vulnerabilidade. Ou melhor: vulnerabilidades. Pensei sobre esse tema durante essa semana por uma série de razões, mas principalmente por conta do momento atual que estou vivendo. Há alguns meses me desliguei de meu último trabalho e estou atualmente trabalhando em outro emprego. Para mim é impossível não associar isso à postagem de hoje, ao que vivenciei nesse período nessa transição e ao que ainda estou vivendo. São interessantes reflexões. Valiosos aprendizados a minha vida.

     Quando me desliguei de meu último emprego, a primeira coisa que me chamou a atenção foi editar meu perfil no LinkedIn, porque quando fiz isso e selecionei uma opção para deixar público aos recrutadores que eu estava disponível no mercado de trabalho, automaticamente seria possível disparar em minha rede a seguinte a frase:

"Olá a todos. Estou procurando emprego e agradeceria seu apoio. Agradeço, antecipadamente, por quaisquer conexões, conselhos ou oportunidades que você possa oferecer.#OpenToWork"

      Imediatamente me bateu uma sensação de vergonha. Uma vaidade – descabida, eu sei. Mas foi uma sensação desconfortável de exposição. Ficava me perguntando: Assim todos vão saber que estou desempregado e buscando emprego, e eu não sou capaz de conseguir um novo emprego sem precisar ‘disso’?!”. Levou alguns poucos minutos até eu pensar racionalmente e decidir publicar, mas foi tempo o bastante para me fazer refletir sobre o meu orgulho. Essa arrogância. Uma autossuficiência. Sobre uma total falta de capacidade de me mostrar frágil. Vulnerável. E humano! De repente uma pessoa curtiu. Outra curtiu. Alguém compartilhou essa postagem. Outra pessoa comentou. E eu me senti abraçado. Protegido. Aliviado.

      Ainda sem entender direito o que havia acabado de aprender com isso, fui seguindo os dias procurando emprego, me cadastrando em vagas e enviando currículos. Pouco a pouco, os amigos, os familiares, inclusive pessoas que eu não esperava começaram a me ajudar de variadas formas. Fosse me marcando em postagens de vagas. Me enviando anúncios de oportunidade de trabalho. Me recomendando pessoalmente algumas vezes até. Mas novamente me indagava: Eu preciso mesmo da ajuda deles? Não sou capaz de conseguir um novo emprego sozinho, por méritos próprios?” (como se fosse algum demérito obter algo com o auxílio de outra pessoa!). Novamente eu sentia que estava sendo orgulhoso demais e logicamente havia "algo ao meu redor” tentando me ensinar…

      Arrumei emprego na minha área. Iniciei. Mas embora possuindo larga experiência em RH, especialmente em processos de departamento pessoal, precisei aprender as novas atividades nesta empresa, porque cada local possui suas particularidades de trabalho. Sistemas diferentes. Processos internos diferentes. Legislações específicas. Outra cultura organizacional! E isso demanda flexibilidade da nossa parte. Abertura ao novo. Paciência. Humildade para aprender. Humildade para pedir ajuda. Mas, novamente, a capacidade de aceitarmos ajuda! Foi pensando sobre tudo isso e por sempre observar movimentos similares em mim ao longo da minha vida e nas pessoas nas diversas empresas em que trabalhei que resolvi escrever sobre isso. Sobre as nossas vulnerabilidades e o quanto é importante desenvolvermos uma característica de mostrarmos isso em nossas relações, sejam profissionais ou pessoais.

     Eu me refiro a uma capacidade de nos mostrarmos frágeis e abertos à ajuda. Por que somos tão orgulhosos? Por que precisamos fazer tudo sozinhos? De onde vem essa autossuficiência? Estamos tentando provar o quê, para quem?! É claro que esse meu comportamento diz muito sobre a minha infância e a forma como fui educado pelos meus pais. E estou trabalhando isso na análise. Mas a questão a nos perguntarmos sempre nessas situações é: “Será que precisa ser assim?. Quando decidi me desligar de meu último trabalho, eu tinha muito claro na minha mente que iniciaria uma nova Jornada do Herói. Para quem nunca ouviu sobre isso, recomendo que leia O Herói de Mil Faces de Joseph Campbell.

     É claro que não é fácil dizer adeus quando há a necessidade de virar a página. Dói muito. Choramos sentindo que nada mais será como antes. Mas em algum momento a dor daquilo que se partiu abre espaço à esperança do novo que vem surgindo. E eu sempre associo esse momento com o herói caminhando num deserto durante a chamada noite escura da alma, mas após esse período sombrio chegará a aurora! O raiar do dia é certo então. Nós só precisamos continuar em frente.

     A grande lição que aprendi... Ou melhor, que estou aprendendo é pedir ajuda. Aceitar ajuda! E para isso é importantíssimo demonstrarmos onde dói. Onde estamos feridos. Qual é a nossa vulnerabilidade. Chega de orgulho bobo. A pandemia tem nos mostrado que podemos mais com esforços coletivos. Somos falíveis. Frágeis. Pequenos. Passamos por dificuldades e não precisamos sair delas sozinhos. Obtive esse novo emprego com muitas mãos. Estou aprendendo com outras tantas. Admito que tenho dificuldade de pedir ajuda. Principalmente de aceitar. Mas na Jornada do Herói, o nosso herói também busca por conselhos. Recebe apoio. Porque ninguém consegue nada na vida de fato sozinho. Nem precisaria ser assim. Somos seres interdependentes. Quando pedimos ajuda revelamos a nossa pequenez e através de espelhamento o outro se identifica conosco. E quando aceitamos ajuda, damos a quem nos ajudou a sensação de importância em nossa vida. E esse laço que nos une é constituído do sentimento mais belo que pode existir: o Amor Fraterno!

E aí, você já ofereceu ajuda a alguém hoje? Ou será que é você quem está precisando de uma mão aí? 🤝🙂

domingo, 16 de maio de 2021

A ESCUTA NO TRABALHO

 


     Ao longo da minha vida profissional nas diversas empresas em que passei sempre notei situações e problemáticas similares e ultimamente parei para refletir sobre possíveis causas e alternativas ou proposições de melhoria para isso. Uma das problemáticas que cresce com o passar dos anos são questões ligadas à saúde mental dos trabalhadores nas organizações. Não à toa me interessei por esse tema quando ingressei na especialização em psicologia organizacional e escolhi como tema para o meu trabalho de conclusão de curso a Síndrome de Burnout. Não penso em entrar agora nessa temática especificamente, pretendo certamente trazer uma reflexão, mas meu objetivo com esse texto tangencia esta questão também. Por que estamos adoecendo no trabalho? 

     Então, 1: - estamos sim adoecendo mentalmente mais no (e por causa também do) trabalho; 2: - temos sofrido de outras questões físicas das mais diversas durante o trabalho, como dores nas costas, de cabeça, de garganta, enxaquecas, alergias etc. em decorrência de processos psicossomáticos (mais uma vez linkando à questão psíquica e emocional); e 3: - longe de aprofundar esse assunto agora, mas afirmo também que há atualmente diversos estudiosos pesquisando para compreender esses fenômenos psicológicos no ambiente organizacional, quero agora nos trazer uma pequena reflexão. Que é uma reflexão que tenho me dedicado ultimamente, como já disse devido a uma observação nos mais diversos trabalhos em que estive. 

     Não pretendo falar difícil, aliás pouco tenho apreço a isso. Mas já me desculpo caso a linguagem fique – ou pareça – complicada ou técnica. Meu objetivo com esse pequeno texto é propor ideias; em última instância trazer reflexão e fazer você, gestor, pensar sobre isso. Quem sabe aplicar. 

     Vamos lá. Nas mais diversas empresas por onde passei, e tenho absoluta certeza que você irá se identificar, observei como há pouco espaço de fala ao grupo. Sim, só e simplesmente o espaço para podermos falar livremente sobre as problemáticas que envolvem e atingem o departamento, o setor, a empresa como um todo. Aqui cabe um ponto de atenção. Não me refiro aqui ao espaço individual em que um colaborador tem abertura para se abrir ao seu gestor, pois sei que isso há mesmo, em maior ou menor grau em diferentes empresas. Mas me refiro à fala – e à escuta – grupal! Quando o gestor procura o grupo, o seu time e cria ali um espaço aberto de fala. Onde ele apenas ouve. Ele quer e se propõem a ouvir o grupo. Veja, isso não é uma simples reunião como pode parecer de primeiro momento. Vai além disso. Não há pauta. Não é sessão de brainstorming. Tampouco “momento feedback”. O gestor se coloca humildemente perante todos basicamente para ouvir. Trazer a fala. 

     Mas ouvir o quê? O que surgir! Eu sei, não é fácil. Já fiz isso e reconheço que não é nada confortável, ao líder, administrar o que pode emergir daí. Pode (e certamente vai!) surgir: reclamações a sua pessoa; reclamações e críticas sobre o trabalho e colegas ali presentes; consequentemente, revide e troca de farpas entre eles; a situação beira (beira!) um possível caos. Mas sabe por que digo que beira? A tendência não é essa. Só que isso depende do manejo do líder ao administrar esse campo de escuta. Ele precisa ter esse autocontrole. 

     Em primeiro lugar: não é para você, líder, se defender nem se justificar. Tampouco rebater. Em segundo lugar: conflito faz parte e não fugimos deles. Administramos-os. Em terceiro lugar: tem queixas, assuntos e problemáticas que jamais virão à tona se não as chamarmos à baila numa discussão com coragem, e obviamente com respeito. 

     Todas as vezes em que fiz isso enquanto líder ou quando participei dessas “sessões grupais” que a mim mais pareciam terapia de grupo, algo fantástico acontecia. Apesar de parecer (parecer!) que a coisa iria descambar a discussões acaloradas e lavagem pública de roupa suja, quando eu demonstrava ou percebia no gestor um interesse genuíno de ouvir, estando humildemente em cena, todos (todos!) gradativamente baixavam as suas armas. Todos sentíamos que a ideia não era esta. Exposição gratuita. Era uma vontade genuína, e humilde, de ouvir. As pessoas desaguavam. Se esvaziavam. E o grupo se fortalecia de tal forma que era emocionante. Você já participou de uma sessão em grupo? Se já, pode imaginar... 

     Por que muitos líderes não fazem isso? Eu vou te explicar a minha percepção. Primeiro, por falta de tentar. Segundo, por vaidade – infelizmente. É preciso coragem, e humildade. Terceiro, por insegurança. Medo da coisa degringolar e ele perder o controle da situação e consequentemente o seu time. O que eu penso sobre tudo isso? Abrir um campo para ouvir pode (pode!) ser como trabalhar com energia nuclear. Os riscos são enormes se algo der errado, mas os ganhos são exponenciais também. Tudo ao meu ver depende mais do manejo do líder ao conduzir essa escuta. De que forma o gestor fará o manejo dessa escuta. Você, gestor, tem peito para ouvir (até o que não gostaria!)? Está preparado para apenas ouvir?! Tem humildade e coragem suficientes para se colocar no mesmo patamar de seus liderados e construir com eles formas mais colaborativas de trabalharem juntos? Você tem abertura genuína à dor deles? Se a resposta for não, então nem tente pois vai dar ruim. 

     Só que se você tiver coragem, humildade e humanidade suficientes para tentar pelo menos, e se deixar crescer a partir da escuta do grupo, você abrirá um campo frutífero para novas ideias, criatividade, cumplicidade, colaboração, ressignificação do trabalho e terá um espaço promotor de saúde. Porque agora eu volto lá na minha provocação inicial. Podem ser inúmeros os fatores que contribuem e somam aos processos de adoecimento no trabalho, mas posso garantir por experiência prática e com conhecimento que falar cura! Falar desarma. Falar promove bem estar. Muitas vezes nada no ambiente de trabalho pode mudar efetivamente, mas se existir ali uma abertura (genuína!) para processos de fala e de escuta seguramente os colaboradores somatizam menos. Eles próprios se ouvem mais. Dores comuns são compartilhadas. Dificuldades individuais ouvidas. Cresce uma sensação de pertencimento (extremamente necessária aos grupos!). Fortalece a união. A cooperação. O trabalho é ressignificado. E a motivação reavivada. 

     Líder, pratique a escuta no seu ambiente de trabalho. Ouça o seu time. Abra-se para crescerem juntos. E esteja preparado para atingir um novo nível nessa relação!