sábado, 27 de junho de 2020

Orientações para uma vida


     Quanto mais o tempo passa e mais experiência de vida ganho, percebo coisas que levamos muito tempo para assimilar, para a “ficha cair”, que é saber identificar e depois nos alinhar com o que, de fato, importa; com o que, de fato, nos traz alegria, sentido de vida; com o que realmente nos é necessário para uma vida minimamente digna e saudável. Acho espantoso, preocupante até, como desconhecemos essas questões, como somos ensinados a enxergar tudo, menos a nós mesmos. Consideramos desde sempre a opinião de todos, menos a nossa. Seguimos uma vida a margem de nós mesmos, nos perdendo completamente de perspectiva muitas vezes; gastamos tempo e energia perseguindo objetivos alheios. Isso me assusta, já que é muito fácil entrarmos nesse automatismo e uma vida vai embora. Em que momento nos daremos conta de que o relógio está passando?

     Algumas vezes na minha vida me peguei batalhando ferrenhamente por coisas e indo por determinados caminhos que num dado momento consegui parar, consegui me enxergar ali no meio daquela confusão e me perguntar: “Por que estou fazendo isso? É para mim mesmo? É isso mesmo o que busco? Continuar nessa direção valerá realmente a pena?”. Quando as respostas não vieram rapidamente, me soou um alerta – não sabia pelo que estava batalhando! É preocupante seguir vivendo uma vida sem nos nortear por algo de valor, um código moral sólido. Tudo bem que a vida não nos dá garantias, viver é um movimento de risco, mas também é imprudente, improdutivo e infeliz fazermos escolhas sem nenhuma reflexão. E escolhemos todos os dias. Quais batalhas queremos travar? O que para nós é inegociável? O que não estamos dispostos a abrir mão e que, por isso, valeria a pena uma vida? Esse tipo de indagação é importantíssima! Ao longo da minha vida venho descobrindo, me descobrindo, que existe um mínimo de nós mesmos que é essencial, inegociável e tudo deve derivar dele, apontar para ele. Esse mínimo são os nossos valores. Os valores pessoais.

     Como o próprio nome diz são alvos individuais. Demandas íntimas. Itens de primeira grandeza. Os nossos valores precisam ser tão logo quanto possível identificados e serem reforçados e atualizados constantemente para balizar as decisões e os caminhos que no fim nos levarão até eles de alguma forma. Valores pessoais são os fins e os meios. É a nossa bússola maior. Toda vez que nos distanciamos dos nossos valores encontramos dor e sofrimento. No entanto, quanto mais nos aproximamos deles ao longo da vida, nos sentimos mais plenos e confortáveis com as nossas escolhas. E mesmo em momentos de dor, se sabemos reconhecer e não perdemos de vista nossos valores, mesmo encontrando dificuldades no caminho somos capazes de dar sentido a isso e seguir em frente, porque há um propósito maior nessa direção.

     Não sei muito sobre a vida, não passei por todas as experiências, então não tenho a pretensão de ditar regras de como você deve viver a sua vida, porque não existe uma receita certa, porém para a minha conheço os ingredientes. E posso garantir que os ingredientes para a sua receita são os seus valores pessoais. Quando nos afinamos com eles percebemos que a vida é muito mais do que coisas materiais e dificuldades momentâneas. Damos muito mais valor ao que somos do que ao que possuímos; damos muito menos importância aquilo que não agrega ao que estamos buscando. Sentimos mais plenitude, porque existe congruência e consonância entre mente, corpo e espírito.

     Saiba o que na sua vida você não abre mão e quando tiver dúvida, pergunte a si mesmo: “Esse caminho me aproxima disso?”. Se te aproxima, continue. Se te afasta, abandone. Não negocie – não, por muito tempo. Recalibre sua bússola interna de tempos em tempos. Redirecione a rota sempre que necessário. Aos poucos perceberá que tudo o que precisa para uma vida plena e digna obterá com bem menos do que acredita e está mais ao alcance do que imagina. Atravessará crises a fio intacto. Sofrerá batalhas invicto. Aceitará até a morte se preciso, convicto de que sempre ouviu o seu próprio coração.


4 comentários:

Unknown disse...

Que material interessante Jonas!! Parabéns pelo conteúdo rico. De fato faz nos conectar com nós mesmo e nos repensar no que de fato é importante.

Jonas Souza disse...

Uau! Muito obrigado pelo comentário! Fico feliz por ter contribuído. Sua visita é muito bem vinda.
Grande abraço.

Unknown disse...

Linda reflexão! Sucesso! Abraço!

Jonas Souza disse...

Muito obrigado pela visita e pelo comentário!
Abraço!