Sempre
gostei de ferramentas para me trabalhar enquanto ser humano, para me tornar uma
pessoa melhor. Por essa razão gosto dos conteúdos da Filosofia, da Psicologia, da
Psicanálise e afins; gosto de qualquer temática que una: conhecimento/psiquê/comportamento.
Hoje vou
trazer basicamente três ideias/práticas retiradas de três conjuntos de saberes
que mudaram a minha vida para melhor. Para ser mais honesto ainda digo que tem
mudado minha vida para melhor.
Antes
preciso contar uma história. Em uma empresa que trabalhei anos atrás, tive uma
chefe que participou de um programa de coaching. Foi mais ou menos naquela
época em que o coaching ganhou mais destaque aqui no Brasil. Ela participou
do processo bastante empenhada, ela levou a sério mesmo, notei isso, e ao longo
do tempo pude também observar em seu comportamento transformações relevantes
que fizeram bem a ela. Nesse mesmo período estava me desligando dessa empresa, já
entraria em outro trabalho e próximo dos últimos dias, me lembro de pedir a essa
chefe um feedback final, até para entrar no outro emprego “com o pé direito”. A
nossa conversa foi rápida, assertiva e bastante produtiva para mim, seu feedback
me fez refletir por um longo período provendo importantes insights. Algumas
das últimas mudanças no meu comportamento começaram a partir desse dia. O que
ela me disse foi mais ou menos assim:
- “Jonas,
você é um colaborador exato, com erro zero, poucas ou nenhuma vez o vi falhar
aqui. Você se permite isso: falhar? Percebo que o seu foco aqui sempre
foi no que não estava certo, naquilo que poderia ser melhorado, é
uma pena que você não teve autonomia suficiente para fazer tudo o que gostaria.
No entanto, te pergunto: você é feliz assim? Onde está o seu foco:
no erro? no que falta? Faça uma reflexão em sua vida, e não só no aspecto
profissional, utilizando essas perguntas que acabei de te fazer. E, Jonas... se
permita mais.”
Fui para
casa com esse feedback. Conversei com outras pessoas sobre esse feedback. Fui
para cama com esse feedback. Não dormi por dias depois desse feedback... Você
deve estar pensando: por que isso te impactou tanto? E a resposta é
simples, porque ela estava certa: o meu foco é na falha, é na falta. E onde
aprendi a ser assim? Através da minha criação.
- Entramos aqui na primeira ferramenta: a análise. Uma autoanálise.
“Por que
ao olhar para uma tela, o que foge do padrão me salta aos olhos?
Por que
me fixo na ‘falha’ e no ‘erro’?
Por que
tenho dificuldade de enxergar a beleza do todo?
Por que
tenho dificuldade em elogiar as pessoas?
Sou
feliz com esse comportamento crítico, perfeccionista e focado na falta?”
A resposta
da última pergunta é não. Ela me veio às 03 da madrugada ao acordar
sobressaltado. Não gosto desse meu comportamento. Nunca gostei na verdade. Aprendi
a ser assim. Meu pai agia dessa forma e assim me constituí até por
sobrevivência. Aprendi a bancar o perfeito para me esquivar das
críticas do meu pai a mim, porque queria que ele me amasse de algum modo. E ele
sempre me amou. Mas eu não conseguia entender, porque era só uma criança,
então construí um personagem: o menino de ouro. E tentei com todas as forças
sustentar esse modelo. Só que, primeiro, isso sempre foi uma farsa, porque nunca
fui nem serei perfeito – ninguém é – e, segundo, nessa busca só encontrei ansiedade,
isolamento e solidão.
Afinal, quem quer conviver com um ser perfeito? E pior: um ser perfeito que julga os demais? A mesma régua usada para mim, imponho aos outros. Quando meu pai faleceu, ‘o incorporei’ como forma de tê-lo por perto. Toda vez que critico a mim, assim como quando critico alguém, inconscientemente é como ter novamente o meu pai próximo a mim. “O que está mal resolvido nisso? Se ele se foi, por que estou o segurando? É culpa isso? É saudade? Remorso? É medo? Qual é a base desse mecanismo, a quem estou tentando impressionar? Ou me defender? O que eu ganho com isso? E se estou tendo essa autoanálise agora, é porque já consigo mensurar o que estou PERDENDO com isso!”
Afinal, quem quer conviver com um ser perfeito? E pior: um ser perfeito que julga os demais? A mesma régua usada para mim, imponho aos outros. Quando meu pai faleceu, ‘o incorporei’ como forma de tê-lo por perto. Toda vez que critico a mim, assim como quando critico alguém, inconscientemente é como ter novamente o meu pai próximo a mim. “O que está mal resolvido nisso? Se ele se foi, por que estou o segurando? É culpa isso? É saudade? Remorso? É medo? Qual é a base desse mecanismo, a quem estou tentando impressionar? Ou me defender? O que eu ganho com isso? E se estou tendo essa autoanálise agora, é porque já consigo mensurar o que estou PERDENDO com isso!”
Isso é uma
autoanálise. São perguntas difíceis que precisamos nos fazer e francamente tentar
nos responder. Só que aqui volto também a postagem anterior, onde trato da
questão de ter apenas a consciência do mecanismo inconsciente. Não é suficiente
ter o conhecimento de que existe um comportamento automático. Ele precisa ser
elaborado. Passei então a cavar as raízes desse comportamento; entender a sua dinâmica;
os porquês, trazendo sempre para a consciência; e quanto mais reviro isso, quanto
mais remexo e ANALISO isso, menos força isso tem sobre o meu comportamento, pois
ganho mais controle e autonomia do processo. Passei então a fazer isso nos
últimos anos e adquiri também uma outra prática.
- Chegamos assim na segunda ferramenta: a psicologia positiva. Com especial foco à gratidão.
A grosso
modo, a psicologia positiva é um dos saberes da Psicologia que visa trazer ao
indivíduo um olhar voltado às suas motivações, potencialidades, virtudes,
no intuito de evidenciar e focar as situações que promovam sua felicidade.
Ou seja, quase o oposto do modo que aprendi a enxergar a vida e as pessoas. A
psicologia positiva me ensinou a dar foco ao que dá certo, o que está certo, ao
que é o melhor dos cenários. Não é utopia, porque aqui não está se
desconsiderando doença, problemas reais e situações difíceis, mas exatamente em
fazer um esforço consciente para focar no aspecto positivo.
Já que
existe o negativo, existe também o positivo. Se existe o erro, existe o acerto.
Se há problemas, também há soluções. Aprendi a ter GRATIDÃO por tudo. Aprendi que
se tenho um problema complicado em minha vida, posso minimamente já ser grato
por ter uma vida para ter um problema! É infinita a quantidade de motivos para sermos
gratos. Se você acordou bem sobre uma cama, levantou, comeu algo e foi trabalhar,
NO MÍNIMO você pode ser grato por estar vivo, ter um teto, um local confortável
para dormir, ter o que comer e um emprego. Pode parecer pouco isso, mas
é muito, existem pessoas que não têm um décimo disso! Então, agradeça todos os
dias, pois você é mais afortunado do que pode imaginar. Estudos já demostram
que ao fazer isso mudamos toda uma bioquímica cerebral. Passei a introduzir
essa mentalidade na minha vida e nos meus relacionamentos.
Hoje, quando o
mecanismo inconsciente emerge criticando ou apontando a falha de algo ou de
alguém, conscientemente opto por fazer um esforço de enxergar o que posso
aprender com a situação, o que de bom posso despertar numa pessoa, como posso
alterar uma perspectiva enviesada. Fico mais feliz com a vida. Mais em paz
comigo. Descartei aqueles sonhos megalomaníacos. Vivo o hoje. Trabalho com o aqui
e agora. Sou grato à minha realidade.
- A terceira e última ferramenta (e talvez a mais difícil de todas): as leis da Constelação Familiar. Especialmente a Lei da Ordem.
Entender que
meus pais vieram primeiro. Antes meus avós. Eu sou SEQUÊNCIA de algo. Não sou a
origem de mim mesmo. Sou uma cria, não o criador. Entender que houve um antes
de mim me fez me curvar à minha história, a me curvar perante à Vida e a amansar
o meu ego. Antes de mim existe uma história. Existiram outros cujo qual devo respeito,
atenção e gratidão. Eu só sou o que sou hoje, porque tive um pai
e uma mãe. E se eles não foram os pais maravilhosos e perfeitos que um dia
quis, isso não importa agora, pois se estou vivo devo a eles a minha
existência. Se eles não existissem, eu não existiria. Eu respeito a ordem desse
sistema e me curvo à minha ancestralidade, não com vergonha, mas com dignidade.
Não me obrigando a dar continuidade também, pois tenho que construir a minha
própria história, mas onde quer que eu vá, foi deles que eu vim! E onde quer
que eu chegue, devo a eles de algum modo.
Dizem que um
profissional da saúde tinha na porta de seu consultório escrito a seguinte
mensagem: “Se você ainda não perdoou pai e mãe, nem bata!”. Sábio isso.
Entender
isso, respeitar isso, mudou a minha vida. Tirou mágoas do meu coração. Tirou pesos
desnecessários. Compreender que, seja lá como for, meus pais fizeram o que
podiam, dentro do que as circunstâncias permitiram, com aquilo que sabiam fazer,
da forma que acreditavam que fosse o melhor. Eles não me devem nada. Estou em paz
com isso.
Essas
três ferramentas/práticas têm mudado a minha vida radicalmente. Desejo de coração
que você se analise. Faça-se perguntas e busque entender o porquê de certos
comportamentos que você tem. Trabalhe isso até sair o máximo possível do automatismo.
Foque no que dá certo na sua vida, no que está certo com você, foque no seu potencial,
em tudo aquilo que for positivo e agradeça diariamente. Torne a gratidão um
hábito em sua vida. E por fim reconheça a sua história e respeite a ordem da
sua família, seja ela qual for. Por mais que você tenha sido abandonado ou que os
seus pais não tenham sido pessoas legais, no mínimo eles te presentearam com a vida.
E por isso você será eternamente grato.
2 comentários:
Muito bom! Me ajudou. Gostaria de conversar mais a respeito.
Obrigado. Fico feliz com isso. Quando quiser.
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