domingo, 12 de maio de 2019

MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL: Vamos explorar o DISC?



Sou formado em administração de empresas. Fiz pós-graduação em gestão de pessoas, recursos humanos e psicologia organizacional e do trabalho. Estudei sobre coaching com especial foco empresarial. Trabalho com recursos humanos e gestão de pessoas há quase uma década. Venho trazer algo que sempre me chamou a atenção: os perfis comportamentais. Sempre gostei de testes de personalidade, testes comportamentais, ferramentas de mapeamento comportamental nas empresas e fiz inúmeros desses ao longo da minha vida. Desde de antes mesmo de cursar a graduação já fazia esses testes. Conheci inúmeras ótimas ferramentas para isso, como o MBTI, o DISC, o Eneragrama, o Âncoras de Carreira etc. Nessa época o meu objetivo era apenas me conhecer melhor, descobrir possíveis talentos e formas de potencializá-los para obter sucesso na vida (outro tema que pretendo discutir um dia aqui: o que é sucesso e como vejo isso hoje).

Na faculdade gostava quando um professor trazia algum teste dessa natureza e nos pedia para fazê-lo, mas eu não gostava quando as discussões e reflexões iam para conclusões decisivas e definitivas. Por vezes taxativas. Você é ‘isso’; você não é ‘aquilo’; sua vocação é ‘essa’; você não é para ‘aquilo’. Acredito sinceramente que precisamos tomar muito cuidado em afirmar ou negar taxativamente qualquer coisa, quando estamos no ambiente organizacional e falando especificamente de pessoas, porque somos mutáveis, aprendemos e a neurociência já nos provou a plasticidade cerebral. O que significa que nosso cérebro está constantemente aprendendo e se transformando com o que assimilamos. E isso ocorrerá até o dia de nossa morte! Portanto, não se subestime profissionalmente. Você é capaz de alcançar resultados diferenciados que fogem sim do esperado. Você não está numa caixinha! Não é porque o RH bateu um carimbo de Conforme na sua testa que isso significa que não poderá ser um bom vendedor comunicativo. Nem significa que todo Dominante nasceu de fato para a liderança. Percebo que quase sempre, quando alguém se propõe a aplicar alguma ferramenta destas de mapeamento comportamental, as devolutivas vêm sempre cristalizadas e rasas, como se olhassem apenas a ponta do iceberg no resultado desconsiderando o restante da obra.

Agora eu, como um bom Conforme que sou, Analista, Especialista, Lobo, INTJ, convido você aqui a aprofundar um pouco mais essa análise [rs rs]. É claro que existem ferramentas que dão um resultado mais apurado sim, conheço algumas muito boas e conheço também profissionais dessa área bastante competentes que sabem e deixam claro ao darem uma devolutiva que ninguém é uma coisa somente. Mas eu falo aqui de uma grande maioria de profissionais, e de professores infelizmente, pois já assisti isso em sala de aula, que não explicam das variações que podem existir, dentro de um mesmo perfil predominante. No DISC por exemplo, quando dizemos que uma pessoa é Conforme, como no meu caso, estamos falando dessa predominância em seu comportamento. Mas eu não sou um Conforme apenas. Dentro do DISC existem quatro perfis que embora alguns não aproveitem o resultado amplamente como se poderia, o resultado acaba formando combinações. Variações. Em diferentes graus ainda! O que significa que uma pessoa pode muito bem ter mais a Conformidade predominante em seu comportamento do que eu. Eu sou Conforme/Dominante/Estável/Influente, nesta ordem, e com especial atenção aqui para uma pontuação de Dominância bem próxima a de Conformidade e tendo uma pontuação bem baixa de Influência.


Quero trazer aqui então uma análise mais ampla em relação ao teste DISC, com especial atenção ao segundo tipo mais pontuado da pessoa e ao último, aquele perfil menos pontuado. Vejo muitos profissionais que trabalham com essa ferramenta sendo conclusivos: você é dominante [apenas]. E logo passam o descritivo deste perfil comportamental. Todavia, um indivíduo Dominante diferente consideravelmente de um outro também Dominante, quando verificamos as variações.

Exemplo entre dois perfis predominantemente Dominantes:

1º = D.I.S.C. e 2º = D.C.S.I.

O 1º dominante provavelmente seria mais extrovertido e aberto, note que seu perfil secundário também é mais extrovertido do que introvertido, dando uma combinação de duas “letras” iniciais extrovertidas, logo tende a ser uma pessoa mais aberta e sociável [em relação ao 2º]. Tende também a ser mais impulsivo já que a Conformidade, que traria ao comportamento mais colheita de dados e análise, e a Estabilidade, que traria o planejamento, pontuaram menos. Assim é possível se dizer que esta seria uma pessoa mais articulada, comunicativa, sociável e aberta ao grupo, mas também mais impulsiva, rápida, com dificuldade para rotinas e processos que exigem maior precisão [em relação ao 2º].

O 2º dominante já seria mais voltado aos processos do que às pessoas propriamente envolvidas nos processos, note que as duas primeiras “letras” são mais voltadas a isso e em especial a resultados. A última posição é Influência, então seria uma pessoa provavelmente menos voltada às ideias inovadoras e originais demais, assim como avessa às mudanças bruscas, podendo ser mais pragmática e pé no chão [em relação ao 1º]. Pode-se dizer também que tende a ser uma pessoa mais séria e que tendo análise e precisão vindo de seu perfil secundário, seria mais objetiva e talvez não tolerando bem falta de objetividade e foco. Portanto seria uma pessoa mais focada, objetiva, que procuraria resultados acima de tudo, mas também se baseando em dados para isso e provavelmente apontaria facilmente um liderado ou colega de trabalho ‘enchendo linguiça’ ou com ideias mirabolantes demais [em relação ao 1º].

Comparando os dois perfis dominantes a dois motoristas, em carros igualmente potentes, poderíamos dizer que o primeiro aceleraria mais do que o segundo, já que a capacidade de freio (Estabilidade e Conformidade) neste é menor. Com Dominância predominate em ambos, os dois se colocam, gostam de tomar a frente nas situações e são mais diretos, porém o primeiro consideraria mais as pessoas e ideias inovadoras no processo, já o segundo consideraria mais a análise de dados e preferiria seguir com o planejamento. Não existe aqui julgamento de valor, dentro de organizações às vezes se faz mais necessário aquele que avança agressivamente assumindo mais riscos não podendo perder tempo. E em outras situações pode ser preciso avançar metódica e estrategicamente.

Veja que me utilizo bastante de palavras como “tende” e faço uso de condicional, pois o resultado do teste nos revela tendências, padrões de comportamento que, para um profissional de RH por exemplo, serve de base para levar para uma conversa e confirmar (ou não) durante a entrevista essas análises. Exatamente por isso todo resultado precisa ser contextualizado, confrontado as vezes com outras ferramentas e explorado durante uma boa entrevista, pois existe autoengano e “engano consciente” também’!

Volto ao meu perfil nesta ferramenta que dá Conforme. Sou C.D.S.I. Um indivíduo assim é mais voltado para processos, estratégias e resultados, e menos voltado às pessoas. Só que se eu fosse levar isto ao pé da letra, por qual motivo trabalharia com recursos humanos e gestão de pessoas, não é mesmo? Só que também não posso negar que é mais difícil para mim e que ao longo dos anos venho trabalhando a Estabilidade e principalmente a Influência! Hoje procuro me permitir mudar com mais facilidade entendendo que os riscos fazem parte e não me pondo alheio às pessoas e aos relacionamentos. As vezes fazem parte aquele cafezinho na copa e a conversa no corredor; não é uma ‘perda de tempo’ (como muitas vezes julgava), as vezes as pessoas só querem estar um pouco comigo e me conhecer mais, e muitas das vezes também a resposta para um problema da empresa, que eu vinha buscando, aparece nessa simples conversa trivial. Dali pode surgir um insight! Um olhar diferenciado para uma questão. Mas eu precisei me permitir isso! Inconscientemente julgava esse comportamento: não via muito sentido na Influência. Sempre associei socialização nas empresas com pessoas à toa, ociosas, até enrolando para não trabalhar! Mas hoje entendo o sentido de expressão Ócio Criativo. Sem radicalismo nisso, é sim verdade que boas ideias podem surgir a partir de um simples papo ocasional.

O que eu quero trazer com toda essa explicação? Esmiúcem o resultado do DISC!! Você não é [só] um Estável. Um dominante [apenas]. Você é uma variação desses perfis, uma combinação! E é sempre muito interessante, a nível de autopercepção, de autoconhecimento, de autodesenvolvimento (por que não?), você prestar atenção a qual o seu perfil secundário, porque este tende a ser sua muleta, ele te auxilia muito. E o último geralmente é seu ponto frágil, que pode ser trabalhado se o vir com bons olhos. Geralmente aquele perfil que pontua menos em nosso teste tendemos a não ver suas características com bons olhos ou a não as valorizar, porém não existe perfil melhor nem pior. Eles são iguais em importância! Existem apenas as características que podem ou não serem empregadas de melhores ou piores formas dentro das organizações. E cabe aos profissionais que aplicam essas ferramentas serem mais Conformes nessa hora [rs rs] Vamos analisar mais detalhadamente cada resultado afim de se obter mais respostas.

Por fim, eu gostaria de dizer o seguinte também. Acho importante isso. Muito além de ser um Estável ou um Influente e muito além de ser uma combinação disso tudo, você é um ser humano dotado de neuroplasticidade! Isso significa que nós somos capazes de mudar! De nos transformar. O teste DISC, utilizado neste texto, é um teste COMPORTAMENTAL! Isso significa que ele se baseia no seu comportamento para dar o resultado. E nós sabemos que comportamentos podem mudar. Eu acredito, sinceramente, que temos que nos aceitar como somos, com nossas qualidades boas e ‘defeitos’ e procurar extrair o melhor disso, dentro do possível. Mas acredito também numa mudança consciente. Como expus, sou Conforme/Dominante com baixa Influência, mas isso não me sentencia a ser um nerd antissocial, fechado demais, avesso a qualquer mudança. Só se eu quiser! O resultado só me aponta para um possível gap (jargão usado em RH para ‘algo a se desenvolver’), que tendo mais consciência posso sair do automático e me trabalhar.

Só digo que temos que nos aceitar como somos, porque sei que não serei espontaneamente expansivo, aberto e extrovertido, tenho consciência de que não consigo sem muito custo (e nem precisa), mas posso procurar ser menos rígido, inflexível, avesso às mudanças e aos contatos superficiais, entendendo que às vezes excesso de perfeccionismo e de controle pode me engessar, me atrapalhando! É quando então vem um convite: Jonas, que tal relaxar um pouco agora, deixar rolar e ir lidando com possíveis imprevistos que surgirem que já foram calculados, vamos tomar um café? Nessa hora eu abraço um comportamento influente!

Nenhum comentário: