Sou
formado em administração de empresas. Fiz pós-graduação em gestão de pessoas,
recursos humanos e psicologia organizacional e do trabalho. Estudei sobre coaching
com especial foco empresarial. Trabalho com recursos humanos e gestão de
pessoas há quase uma década. Venho trazer algo que sempre me chamou a atenção: os perfis comportamentais.
Sempre gostei de testes de personalidade, testes comportamentais, ferramentas
de mapeamento comportamental nas empresas e fiz inúmeros desses ao longo da minha vida.
Desde de antes mesmo de cursar a graduação já fazia esses testes. Conheci
inúmeras ótimas ferramentas para isso, como o MBTI, o DISC, o Eneragrama, o Âncoras de Carreira etc. Nessa
época o meu objetivo era apenas me conhecer melhor, descobrir possíveis talentos e
formas de potencializá-los para obter sucesso na vida (outro tema que pretendo
discutir um dia aqui: o que é sucesso e como vejo isso hoje).
Na
faculdade gostava quando um professor trazia algum teste dessa natureza e nos
pedia para fazê-lo, mas eu não gostava quando as discussões e reflexões iam
para conclusões decisivas e definitivas. Por vezes taxativas. Você é ‘isso’;
você não é ‘aquilo’; sua vocação é ‘essa’; você não é para ‘aquilo’. Acredito
sinceramente que precisamos tomar muito cuidado em afirmar ou negar taxativamente
qualquer coisa, quando estamos no ambiente organizacional e falando especificamente de pessoas,
porque somos mutáveis, aprendemos e a neurociência já nos provou a plasticidade cerebral.
O que significa que nosso cérebro está constantemente aprendendo e se
transformando com o que assimilamos. E isso ocorrerá até o dia de nossa morte!
Portanto, não se subestime profissionalmente. Você é capaz de alcançar
resultados diferenciados que fogem sim do esperado. Você não está numa caixinha!
Não é porque o RH bateu um carimbo de Conforme na sua testa que isso significa
que não poderá ser um bom vendedor comunicativo. Nem significa que todo Dominante nasceu de fato para a liderança. Percebo que quase sempre, quando alguém se propõe a aplicar
alguma ferramenta destas de mapeamento comportamental, as devolutivas vêm sempre
cristalizadas e rasas, como se olhassem apenas a ponta do iceberg no resultado desconsiderando o restante da obra.
Agora
eu, como um bom Conforme que sou, Analista, Especialista, Lobo, INTJ, convido você aqui a aprofundar um pouco mais essa análise [rs rs]. É claro que existem ferramentas que
dão um resultado mais apurado sim, conheço algumas muito boas e conheço também profissionais dessa
área bastante competentes que sabem e deixam claro ao darem uma devolutiva que
ninguém é uma coisa somente. Mas eu falo aqui de uma grande maioria de
profissionais, e de professores infelizmente, pois já assisti isso em sala de aula,
que não explicam das variações que podem existir, dentro de um mesmo perfil predominante. No DISC
por exemplo, quando dizemos que uma pessoa é Conforme, como no meu caso,
estamos falando dessa predominância em seu comportamento. Mas eu não sou um Conforme apenas. Dentro do DISC existem quatro perfis que embora alguns não aproveitem
o resultado amplamente como se poderia, o resultado acaba formando combinações.
Variações. Em diferentes graus ainda! O que significa que uma pessoa pode muito bem ter mais a Conformidade predominante em seu comportamento do que eu. Eu sou Conforme/Dominante/Estável/Influente, nesta ordem, e com especial
atenção aqui para uma pontuação de Dominância bem próxima a de Conformidade e tendo
uma pontuação bem baixa de Influência.
Quero
trazer aqui então uma análise mais ampla em relação ao teste DISC, com especial
atenção ao segundo tipo mais pontuado da pessoa e ao último, aquele perfil
menos pontuado. Vejo muitos profissionais que trabalham com essa ferramenta
sendo conclusivos: você é dominante [apenas]. E logo passam o descritivo deste
perfil comportamental. Todavia, um indivíduo Dominante diferente consideravelmente
de um outro também Dominante, quando verificamos as variações.
Exemplo
entre dois perfis predominantemente Dominantes:
1º = D.I.S.C. e 2º = D.C.S.I.
O
1º dominante provavelmente seria mais extrovertido e aberto, note que seu perfil
secundário também é mais extrovertido do que introvertido, dando uma combinação
de duas “letras” iniciais extrovertidas, logo tende a ser uma pessoa mais aberta
e sociável [em relação ao 2º].
Tende também a ser mais impulsivo já que a Conformidade, que traria ao
comportamento mais colheita de dados e análise, e a Estabilidade, que traria o
planejamento, pontuaram menos. Assim é possível se dizer que esta seria uma
pessoa mais articulada, comunicativa, sociável e aberta ao grupo, mas também
mais impulsiva, rápida, com dificuldade para rotinas e processos que exigem maior
precisão [em relação ao 2º].
O
2º dominante já seria mais voltado aos processos do que às pessoas propriamente
envolvidas nos processos, note que as duas primeiras “letras” são mais voltadas
a isso e em especial a resultados. A última posição é Influência, então seria
uma pessoa provavelmente menos voltada às ideias inovadoras e originais demais,
assim como avessa às mudanças bruscas, podendo ser mais pragmática e pé no chão
[em relação ao 1º]. Pode-se dizer também que tende a ser uma pessoa mais séria
e que tendo análise e precisão vindo de seu perfil secundário, seria mais
objetiva e talvez não tolerando bem falta de objetividade e foco. Portanto seria
uma pessoa mais focada, objetiva, que procuraria resultados acima de tudo, mas
também se baseando em dados para isso e provavelmente apontaria facilmente um
liderado ou colega de trabalho ‘enchendo linguiça’ ou com ideias mirabolantes
demais [em relação ao 1º].
Comparando
os dois perfis dominantes a dois motoristas, em carros igualmente potentes,
poderíamos dizer que o primeiro aceleraria mais do que o segundo, já que a
capacidade de freio (Estabilidade e Conformidade) neste é menor. Com Dominância predominate em ambos, os dois se colocam, gostam de tomar a frente nas situações e são mais
diretos, porém o primeiro consideraria mais as pessoas e ideias inovadoras no
processo, já o segundo consideraria mais a análise de dados e preferiria seguir
com o planejamento. Não existe aqui julgamento de valor, dentro de organizações
às vezes se faz mais necessário aquele que avança agressivamente assumindo mais
riscos não podendo perder tempo. E em outras situações pode ser preciso avançar
metódica e estrategicamente.
Veja
que me utilizo bastante de palavras como “tende” e faço uso de condicional, pois
o resultado do teste nos revela tendências, padrões de comportamento que, para um
profissional de RH por exemplo, serve de base para levar para uma conversa e confirmar
(ou não) durante a entrevista essas análises. Exatamente por isso todo resultado
precisa ser contextualizado, confrontado as vezes com outras ferramentas e explorado
durante uma boa entrevista, pois existe autoengano e “engano consciente” também’!
Volto
ao meu perfil nesta ferramenta que dá Conforme. Sou C.D.S.I. Um indivíduo assim
é mais voltado para processos, estratégias e resultados, e menos voltado às
pessoas. Só que se eu fosse levar isto ao pé da letra, por qual motivo
trabalharia com recursos humanos e gestão de pessoas, não é mesmo? Só que
também não posso negar que é mais difícil para mim e que ao longo dos anos venho
trabalhando a Estabilidade e principalmente a Influência! Hoje procuro me permitir mudar com mais facilidade entendendo que os riscos fazem parte e não me pondo alheio às pessoas e aos relacionamentos. As vezes fazem parte aquele cafezinho na copa e a conversa no corredor; não é uma ‘perda de
tempo’ (como muitas vezes julgava), as vezes as pessoas só querem estar um pouco comigo e me conhecer mais, e
muitas das vezes também a resposta para um problema da empresa, que eu vinha buscando,
aparece nessa simples conversa trivial. Dali pode surgir um insight! Um olhar
diferenciado para uma questão. Mas eu precisei me permitir isso! Inconscientemente
julgava esse comportamento: não via muito sentido na Influência. Sempre associei
socialização nas empresas com pessoas à toa, ociosas, até enrolando para não
trabalhar! Mas hoje entendo o sentido de expressão Ócio Criativo. Sem radicalismo nisso, é sim verdade que boas ideias podem surgir a partir de um simples papo
ocasional.
O
que eu quero trazer com toda essa explicação? Esmiúcem o resultado do DISC!!
Você não é [só] um Estável. Um dominante [apenas]. Você é uma variação desses
perfis, uma combinação! E é sempre muito interessante, a nível de autopercepção,
de autoconhecimento, de autodesenvolvimento (por que não?), você prestar
atenção a qual o seu perfil secundário, porque este tende a ser sua muleta, ele
te auxilia muito. E o último geralmente é seu ponto frágil, que pode ser
trabalhado se o vir com bons olhos. Geralmente aquele perfil que pontua menos
em nosso teste tendemos a não ver suas características com bons olhos ou a não as
valorizar, porém não existe perfil melhor nem pior. Eles são iguais em
importância! Existem apenas as características que podem ou não serem empregadas
de melhores ou piores formas dentro das organizações. E cabe aos profissionais
que aplicam essas ferramentas serem mais Conformes nessa hora [rs rs] Vamos
analisar mais detalhadamente cada resultado afim de se obter mais respostas.
Por fim, eu gostaria de dizer o seguinte também.
Acho importante isso. Muito além de ser um Estável ou um Influente e muito além
de ser uma combinação disso tudo, você é um ser humano dotado de
neuroplasticidade! Isso significa que nós somos capazes de mudar! De nos
transformar. O teste DISC, utilizado neste texto, é um teste COMPORTAMENTAL! Isso
significa que ele se baseia no seu comportamento para dar o resultado. E nós sabemos
que comportamentos podem mudar. Eu acredito, sinceramente, que temos que nos aceitar
como somos, com nossas qualidades boas e ‘defeitos’ e procurar extrair o melhor
disso, dentro do possível. Mas acredito também numa mudança
consciente. Como expus, sou Conforme/Dominante com baixa Influência, mas isso não
me sentencia a ser um nerd antissocial, fechado demais, avesso a qualquer mudança. Só se eu quiser! O resultado só me aponta para um possível gap (jargão usado em RH para ‘algo a se desenvolver’), que tendo mais consciência posso sair do automático e me trabalhar.
Só digo que temos que nos aceitar como somos, porque sei que não serei espontaneamente expansivo, aberto e extrovertido, tenho consciência de que não consigo sem muito custo (e nem precisa), mas posso procurar ser menos rígido, inflexível, avesso às mudanças e aos contatos superficiais, entendendo que às vezes excesso de perfeccionismo e de controle pode me engessar, me atrapalhando! É quando então vem um convite: Jonas, que tal relaxar um pouco agora, deixar rolar e ir lidando com possíveis imprevistos que surgirem que já foram calculados, vamos tomar um café? Nessa hora eu abraço um comportamento influente!
Só digo que temos que nos aceitar como somos, porque sei que não serei espontaneamente expansivo, aberto e extrovertido, tenho consciência de que não consigo sem muito custo (e nem precisa), mas posso procurar ser menos rígido, inflexível, avesso às mudanças e aos contatos superficiais, entendendo que às vezes excesso de perfeccionismo e de controle pode me engessar, me atrapalhando! É quando então vem um convite: Jonas, que tal relaxar um pouco agora, deixar rolar e ir lidando com possíveis imprevistos que surgirem que já foram calculados, vamos tomar um café? Nessa hora eu abraço um comportamento influente!
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