terça-feira, 10 de dezembro de 2013

EQUILÍBRIO ESTÁTICO

De todas as formas de agir, uma que estou aprendendo bastante é o não-movimento. Optar por ele. Ouvir mais. Falar menos. Esperar. Procurar saber o momento certo de agir. É difícil... Demanda mais energia do que pensava.
Acreditamos que o silêncio é para os fracos; mas não é! Muitas vezes se calar e não fazer absolutamente nada dá um trabalho impressionante. Trabalho digno de muito preparo - físico e psicológico principalmente. E denota na minha opinião maturidade.

É comum acharmos que os corajosos são os que saem ao combate; aqueles que dizem sempre o que pensam; aqueles que não negam fogo pra ninguém. Mas de um tempo pra cá tenho aprendido bastante, e evitado muita dor de cabeça, só pelo fato de não fazer nada em certas circunstâncias. Deixar rolar. Não por medo! Nem por covardia. Simplesmente porque o não-movimento me pareceu mais sensato. Ou talvez fosse "o menos pior".
Estou aprendendo que algumas vezes não é vergonha nenhuma deixar a última palavra ao outro; sair de cena e não brigar com ele. Tenho visto que há brigas que não valem a pena: desgastam, machucam, atrasam mais, e o pior, nada resolvem. Em alguns momentos então deve ser preciso mesmo engolir sapos; baixar a guarda; tirar o time de campo. Numa boa.

Dependendo da profundidade de um corte, o próprio sangue estanca. Há estudos que dizem que um rio, como o Tietê por exemplo, se limparia sozinho se ninguém mais jogasse nada nele. Para certas ocasiões, o silêncio responde mais que uma palavra. O nosso próprio corpo é capaz de se curar sozinho de muitos males.
E se a gente for analisar de uma forma macro, tomando a nossa sociedade como exemplo, poderemos constatar como estamos apressados e porque a gente não consegue pensar antes de agir. Há uma gigantesca diferença entre um movimento consciente, onde sabemos o que estamos fazendo e as possíveis consequências, de um movimento qualquer. Tem gente que fala, fala, fala, e não se aproveita nada! Faz uma porção de coisas que atrapalham mais do que se não tivesse feito nada. A nossa sociedade hoje é bastante ignorante por conta disso. Queremos falar, mas não queremos ouvir. Queremos agir, mas não sabemos esperar. Queremos para ontem! Temos pressa, temos uma raiva incontrolável, temos grandes ambições, e vontades inadiáveis. Ninguém quer menos, nem pouco; queremos o melhor, e o mais rápido possível. Então quando o corpo responde com alguma dor, nos medicamos. Quando o nosso psicológico responde com alguma dor, nos entorpecemos. E quando alguém nos questiona, não gostamos. A gente quer falar, fazer e ouvir só o que quer!

Isso não lembra muito o comportamento típico de uma criança? Eu acho que sim. A nossa falta de autocontrole, falta de maturidade, falta de tolerância tem nos feito agir impulsivamente; muitas vezes metendo os pés pelas mãos. Falando demais; muitas vezes para quem não devia. Fazendo o que não faríamos em outras circunstâncias. Atropelando etapas! E colhendo frutos amargos com isso. Isso tem muito a ver também com esse "cenário crise" que criamos pra tudo. Crise no mundo dos negócios; crise ambiental; crise social; crise existencial... Hoje a palavra da moda é "Crise". E é óbvio, criamos os "solucionadores de crises": pessoas dinâmicas, que dão respostas rápidas aos problemas, são espertas, inovadoras e rápidas! E muitas vezes, comendo cru! Apressadas demais. Tão bom quanto agir no momento correto, é não agir no momento inadequado. Saber discernir. Estamos enfrentando dilemas sociais, ambientais, econômicos sérios, que precisam ser urgentemente solucionados sim, mas, urgência não significa também despreparo. Falta de planejamento e ações maduras. Acho importante um "fechamento pra balanço". Em outros momentos uma boa pausa, para deixar que as coisas sigam sem a nossa influência. Por que precisamos mediar todos os acontecimentos? Quem disse que a gente tinha esse poder??

Deixe rolar em algumas ocasiões. Faça o que for necessário ser feito, enquanto a situação permitir, e seja paciente com o que foge o seu controle. Tudo o que precisa é adquirir mais tolerância; nem só de impulso se conquistam as coisas, às vezes é preciso se conter.
O bom jogador não é aquele que sempre parte para o ataque, mas aquele que observa campo e oponente, e espera, para descobrir quando e onde atacar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá JOnas!

Que coisa incrível essa... fiquei pasma ao começar a ler seu post, porque eu comecei a tomar atitudes bem parecidas esses dias... mas não tanto em relação a ter atitudes perante variadas situações, mas com o silêncio.
A não ser que a pessoa me pergunte algo.

É interessante analisar como as pessoas pensam e que conclusão tiram das situações que acontecem em suas vidas. Dificil não julgar, porque muitas vezes elas pensam bem diferente... e aí percebi como é dificil ser neutro.

Mas ao mesmo tempo, passei a ver o porque as pessoas chegavam as conclusões que chegavam, ao invés de pensar como eu faria diferente delas com a mesma situação.

O filme cuja frase postei no fb essa semana me fez pensar em muitas coisas... nesse excesso de pensamentos e barulho que passa por nossos pensamentos a todo momento, pensamentos tais que o senhor sábio do filme chama de lixo... e nem tem como discordar.
E que lixo dificil de limpar! E que prática interessante é essa. Realmente abre novas perspectivas.

Acho que em algumas ocasiões é necessário se manifestar... contanto que valha a pena... mas se for algo que não te afetará... e que em nada te acrescentará... então para que levar a ferro e fogo?

Quanto mais estudo mais percebo que tenho MUITOOOOO para aprender... e o mais importante, para por em prática.

Caminhos novos levam a novos resultados... quem sabe você venha a se surpreender com o resultado de sua nova atitude.

Parabens pelo post como sempre!!

Your teacher and friend, Line :)