sábado, 16 de novembro de 2013

Pensar, pensar e (re)pensar a Educação!


"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida. " (John Dewey)


Desde de muito pequeno sempre fui fascinado pelo tema Educação; sempre gostei de escola, e sempre estudei em escolas públicas também. Mas o engraçado, quando me lembro dessa época, é que vejo nitidamente um divisor de águas no meu próprio interesse, quando passei da infância à adolescência por exemplo. Durante o ensino infantil e o fundamental, lembro-me de gostar de fazer os trabalhos e as atividades e de discutir com os meus professores sobre diversos temas; eu sentia prazer em aprender naquele universo sempre móvel e instigador: ora era sala de aula; ora em sala de vídeo; ora íamos ao pátio, à grama, à biblioteca etc. Gostava muito pois não sentia desvinculação entre aquilo que aprendia no quadro negro e a minha vida fora da escola. O que ocorreu após esse período – durante o Ensino Médio – para ser mais exato ainda um pouco antes, a partir da oitava série – foi um certo desinteresse pela escola. Sempre fui inteligente e sempre gostei de estudar, mas não gostava "daquilo" (a forma como os conteúdos eram ministrados). Naquela época, mesmo de maneira muito superficial, pensando em termos de Educação, achava a escola distante. Não tinha conexão entre as disciplinas – pelo menos eu não sentia –. E o pior de tudo eram as cobranças; provas rigorosamente avaliadas (que nada avaliavam de fato) e aulas rigidamente monitoradas (que mesmo assim não nos seguravam); isso a jovens na puberdade, com absoluta certeza, é a forma mais incorreta para se trabalhar. Simplesmente não compreendem nessa linguagem.

E por que estou falando disso? Porque se hoje já concluí o Ensino Superior é porque em algum momento tive uma "iluminação de consciência" – vou chamar assim – e retomei um caminho abandonado – após ser reprovado no Ensino Médio! Quem lê essas linhas e observa o meu blog talvez deva supor que sou um alguém muito letrado, culto, até como se por alguma espécie de dom tivesse nascido assim ou que foi por toda vida um aluno "nota 10". Em primeiro lugar nem sou tão inteligente assim; sou curioso – o que para mim é diferente e até melhor. Em segundo, sempre gostei de estudar sim, mas isso não mudou em nada o fato de eu ser reprovado no Ensino Médio e de por alguns anos pensar que jamais pisaria numa instituição de ensino novamente. Por sorte (mesmo!) resolvi, num belo dia, matricular-me no EJA e concluir os estudos “básicos”. A que atribuo a reprova? Existiram “n” motivos na época, mas o principal deles, certamente, foi o incômodo que eu sentia em ter que ir à escola - então eu não ia; não via produtividade naquilo, tampouco sentia que seria útil para a minha vida. Então por que resolvi voltar? Existiram, também, “n” motivos na época, mas o principal deles, sinceramente, foi porque queria fazer uma faculdade e melhorar minha situação de vida. Busquei, basicamente, ascensão social e estabilidade financeira. Acho que ainda não as encontrei, mas... vamos adiante com o raciocínio... rs rs rs
Estou brincando um pouco, porém, infelizmente, essa é ainda hoje a realidade que observo em muitos adolescentes que conheço: eles não gostam de ir à escola, não veem muito sentido nela e estão considerando mais produtivo ir trabalhar do que ir estudar. Falo como profissional de recursos humanos, pois trabalho todo dia com essa realidade. E falando como cidadão: acho uma grande pena e uma vergonha para o nosso país. Estamos falhando com esses jovens! Jovens que não conseguem enxergar utilidade na escola, perdendo assim o interesse no aprendizado, no conhecimento.

Hoje, após todo o percurso que trilhei, afirmo categoricamente que estudar, adquirir conhecimentos variados, abrir a mente para novos olhares, aprender sobre outros costumes e outras culturas diferentes é extremante rico para o ser humano. Isso traz a ele noções de responsabilidade com a sociedade, respeito e tolerância com o outro e abertura para ideias diferentes; para a troca efetiva de cultura e vivências. Esse foi, e ainda é, o meu maior ganho com a Educação. E só pude constatar isso da pior maneira infelizmente: abandonando os estudos após ter sido reprovado e, depois de muito tempo, retomando apenas por questões financeiras. Não me culpo, porque graças a Deus voltei. Mas este não é o caminho; não precisamos chegar ao final de uma rua para descobrir que ela não tinha saída, se todos os sinais já não mostravam isso. Nós precisamos despertar nos nossos jovens (principalmente neles eu acho, porque o desinteresse maior parte deles) o entendimento da importância de frequentar a escola, de absorver conhecimento vivo e de colocar em prática no seu dia a dia esses conteúdos. Muito mais do que para ser um profissional requisitado no mercado. Muito mais do que para adquirir bens materiais. Muito mais do que para se obter um diploma universitário. Tudo isso para eles se transformarem em homens e mulheres melhores. Cidadãos conscientes, éticos, justos, humanos e solidários, que vão liderar a sociedade futura. Não é utopia, porque é possível! Utopia é algo praticamente improvável de acontecer, uma fantasia; mas isso não é um sonho impossível. Não devemos desacreditar nesses jovens, porque falhar com eles é falhar com toda a sociedade, onde igualmente todos pagaremos o preço por isso – preço que já estamos pagando! O negro, o branco, o índio, o rico, o pobre, na cidade ou no campo... Todos, sem exceção, têm o dever de colaborar com essa questão. Os pais em não permitir que seus filhos abandonem a escola e possibilitar que eles cheguem até ela; os governos em criarem políticas públicas melhores, mais condizentes com as realidades diversificadas desses jovens, e as empresas colaborarem com projetos que permitam que esses jovens não necessitem ter que abandonar seus estudos para frequentar o trabalho. E basta, de uma vez por todas, do discurso da “tarefa difícil”! Difícil todos sabemos que é. Sabemos que é um desafio, uma verdadeira transformação complicada, complexa, que demanda tempo e trabalho conjunto (PúblicoxPrivadoxSociedade). Mas sabemos também que é necessário abraçar essa causa, entendendo os impactos da falta de Educação e a relação com a violência, o trabalho infantil, as drogas, a marginalidade, no prejuízo que é para a sociedade como um todo; transformar a Educação é uma tarefa INESCAPÁVEL! - palavra muito bem dita por Celso João Ferretti, do Centro de Estudos em Educação e Sociedade. Adorei essa palavra.

Admito que as autoridades estão despertando para essa importância. Está se enxergando com olhos mais atentos e está havendo o conflito. O conflito é ótimo! A discussão, por mais que desencontrada, é ótima! Pelo menos enxergou-se o desafio! Se estamos chegando a algum lugar ou não, ou se chegaremos, ainda é cedo para nos respondermos. Mas já é um grande passo à frente existir um movimento para mudanças que vai ganhando forças. Estamos quebrando paradigmas, e é necessário quebrá-los.

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