quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

AUTOCONHECIMENTO


Você é capaz de se responder qual é a sua melhor qualidade? Ou talvez qual é o seu pior defeito? Quais são as suas aptidões e habilidades natas, ou aquilo que você acredita que pode melhorar? E os momentos de crise, aqueles dilemas complicados, os períodos de reflexão, tem enfrentado?


Se as respostas a essas perguntas for não, então é melhor pensar mais a respeito de um autoconhecimento. Ainda mais se você já passou de uma certa idade, pois isso significaria que teve bastante tempo para ser capaz de se avaliar. Acredito, é claro, que nós sempre mudamos, e que isso torna difícil nos analisarmos, porém, quando não somos capazes de dizer quem somos hoje ou pelo menos o que queremos agora, nós ficamos a mercê do que a vida tem a nos oferecer. E a vida pode oferecer qualquer coisa...
Ao violinista desafinado por exemplo, a vida pode oferecer um talento para o piano. Ou talvez à bailarina, uma bela voz e um desajeitado equilíbrio. São coisas assim que acontecem o tempo todo. E em ambos os casos há talentos desconhecidos e por isso não explorados. E frustrações. Eu ainda não ficaria nenhum pouco surpreso se me dissessem que um analfabeto poderia ser um grande escritor um dia, pois logo eu imaginaria que isso significaria ele nunca ter tido a felicidade de pegar num lápis e num papel, e conseguir traduzir em linguagem compreensível a sua arte. Porque se assim fosse, quem sabe! Como também acredito que a vida pode ser bastante dura àqueles que não vão atrás do que os move. Ou seja, aquelas pessoas que não se conheceram bem, ou que às vezes até se conheceram mas por alguma razão se recalcaram, e com isso perderam o brilho da existência. Vivendo assim uma vida opaca, pouco nítida, quase um rascunho apagado daquilo que deveria ter sido a original. E isso assombra, não!?

Por essas e outras razões acredito que existem pessoas que no fim da vida se encontrem frustadas ou chateadas com suas próprias vidas. Às vezes consigo mesmas. E não raro acho engraçado quando ouço dizer que alguém “abandonou tudo e foi viver de verdade a própria vida”. Se assim fosse, de quem seria a vida que esse alguém arrastou por tantos anos hein?! Seria dos pais? Dos amigos? Talvez da sociedade?
Imagine-se vivendo por tanto tempo uma vida que não é a sua, uma vida que os outros idealizaram pra você, ou que talvez você achou que seria boa, legal, lucrativa... se você não tivesse que ter pagar um preço tão alto, né...

Agora falando sério. Acredito que a sociedade tem passado por mudanças realmente significativas e isso afeta também significativamente a forma como nos relacionamos, compramos, trabalhamos, como convivemos em sociedade. Tenho a impressão de que as sociedades no geral, historicamente, sempre buscaram os mesmos objetivos: construir e acumular. E isso significou modificar e desenvolver velozmente as estruturas externas. O nosso entorno. As sociedades. O nosso próprio físico, nós acumulamos peso. Desenvolvemos a tecnologia. As custas de um agressivo desgaste ambiental também. No entanto, esse olhar excessivamente para fora "da caverna", ao ambiente externo, juntamente a um acúmulo de energia quase unicamente num único alvo, fez-nos esquecer da parte interna. O nosso interior. Desenvolvido desproporcionalmente. Nesse sentido, acredito que quem mais se prejudicou é justamente quem revolucionou o externo. O homem. Arrisco dizer que esse comportamento – “tipicamente masculino” – é o que possibilita que as mulheres hoje tomem naturalmente a frente na sociedade.

Historicamente, enquanto os homens saíam de suas cavernas para caçar e mais tarde de suas casas para trabalhar, as mulheres ficavam no lar costurando seus sentimentos, cozinhando seus pensamentos, arrumando seus demônios e suas crises. Isso fez com que o autodesenvolvimento feminino, historicamente, tivesse muito mais condições (des)favoráveis de crescimento. Ainda por essa razão, não é raro acompanharmos notícias de que as mulheres estão mais bem preparadas do que os homens para lidar com os desafios contemporâneos. Dilemas atuais que exigem um olhar mais amplo, uma inteligência intuitiva e uma capacidade mais humana e empática nos relacionamentos – características “tipicamente femininas”, uma vez que o homem sempre pendeu para um olhar mais objetivo, uma inteligência instintiva e uma maior frieza nas relações.

O objetivo deste post não é dizer que os homens devem se tornar as “novas mulheres”. De maneira nenhuma! Há benefícios em ambos os gêneros. O fato é que o mundo contemporâneo está passando por radicais transformações e todas as estruturas de poder, de sociedade, de padrões de comportamentos etc, sentem os abalos. Não existem características masculinas e femininas de fato, essas classificações são reducionistas e estereotipadas. E, nesse contexto, o que inadvertidamente se encaixa é o olhar centralizado para o todo, é a mente fechada para o novo, é o raciocínio linear, sucessivo. E, nesse contexto, as mulheres estão mais bem garimpadas do que os homens. Eu só espero que elas não se tornem, também, “os novos homens”, pois já está havendo por aí uma leva de homens demasiadamente amedrontados e mulheres demasiadamente tiranas!
Vale lembrar que, isso, não é uma competição. E que, separados, nós nunca sobrevivemos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Jonas!! What's up??

Sabe que ultimamente eu tenho conhecido mais e mais pessoas interessadas no auto conhecimento, querendo mudar de verdade, tomar um novo rumo na vida, fazer algo que realmente seja significativo e prazeroso.

Durante muitos anos nós fomos condicionados a pensar que o trabalho tinha que ser algo penoso porém necessáio para se ganhar a vida, e sim, muitas pessoas de gerações mais antigas ás nossas tiveram uma vida dura em busca de um pouco de conforto.

Fico feliz de ver que hoje as pessoas estão encontrando maneiras de fazer o que gostam como um meio e assim vivendo a vida para eles e não para os outros.

Isso não se aplica somente ao trabalho, mas em todos os aspectos. Saber que você é vai muito além do profissional, é ter segurança para andar com seu estilo independente do que a moda dita, é ter opiniões formadas baseados nos seus conceitos e não apenas no que é dito na tv, é saber seu lugar nesse mundo.

Creio que ainda há muita desigualdade e coisas que precisam melhorar, mas chegaremos lá também.

Nunca tive medo se fazer mudanças, mas sempre tive pavor de chegar nos meus últimos dias cheia de lamentações como você mencionou, com arrependimento de não ter vivido minha vida á meu modo, não ter ido atrás dos meus sonhos, e por isso que eu sempre te disse em sala que mudanças eram bem vindas, mesmo que elas fizessem a maior bagunça no meu dia a dia!

Zona de conforto pode ser bom para algumas pessoas na juventude, mas vira zona de assombrações passadas no fim da vida. (não falo velhice pois acredito que nunca se é velho demais para mudar tudo, enquanto a pessoa tiver forças, ela pode mudar o mundo).

Espero que as pessoas se preparem cada vez mais para as mudanças que ainda vão acontecer... muito já mudou e tem mais pela frente.

Em questão mulher x homem, é assunto que rende... quem sabe num outro post.

Hugs!!
Your friend and teacher!

Jonas Souza disse...

Oi Aline! Eu estou bem, e você como vai?

Decidi escrever sobre autoconhecimento, porque muitas pessoas estão mesmo buscando ele. Eu tenho notado bastante também. Quase todos os lugares que eu vou, ou livros que tenho acesso, ou sites que eu visito, ou mesmo através de notícias, ouço falar sobre práticas para um autoconhecimento. Seja a nível pessoal, seja a nível empresarial, estão pensando nisso.

Acredito que, historicamente, as sociedades progrediram muito. Há desigualdade social ainda? Sim. E nós ainda sofremos por outros efeitos colaterais sérios também. Se por um lado as tecnologias evoluíram exponencialmente, a expectativa de vida aumentou e verdadeiros impérios faraônicos foram construídos (os imensos edifícios corporativos nas grandes metrópoles), apesar dessa grande transformação que houve externamente, e ainda há, por outro lado nós somos imaturos políticos. Imaturos nas relações sociais. Nós não sabemos resolver as coisas conversando, vivemos com medo, nós não lidamos nada bem com os descontentamentos, e por isso muitos de nós sobrevivem medicados. Os índices de pessoas com depressão hoje são mais do que alarmantes – esses são os alertas da Organização Mundial da Saúde. E quando ouço que os maiores índices de suicídio estão em países desenvolvidos não encontro uma explicação plausível. Sei que nada justifica atentar contra a própria vida, mas é bem mais difícil compreender isso numa população de primeiro mundo do que numa em desenvolvimento. No mínimo há coisas aí que não se encaixam. E tenho certeza que tudo gira em torno do que estamos conversando neste post. Autoconhecimento.

Nós desenvolvemos as estruturas de Estados, de governos, de sociedades, as nossas tecnologias, no entanto o desenvolvimento interior e espiritual foi desproporcional. Somos imaturos, quase como crianças brincando neste mundo de adultos que temos contruído.
Acredito sim e confio numa mudança positiva nos próximos anos, ou décadas. Eu espero por isso mesmo. Pelo menos para a depressão, que é uma doença muito séria. Mas tenho certeza que para isso acontecer vamos ter que aprender a lidar com a Vida primeiro. Sem escapes (medicamentos), curtindo a vida como ela é (sem tantas idealizações), admitindo que somos fracos e pequenos, e por isso somos interligados e dependentes um dos outros e, principalmente, assumindo que a vida é uma invenção nossa. Ao admitir que a vida é uma invenção nossa, admitimos também que somos capazes de reinventa-la. E aí sim... Fazer isso sem os desejos megalômanos, com outros valores, com projetos sustentáveis...


Esperamos viver para esse dia, né Aline. Obrigado pelo comentário.
Hugs!!!