domingo, 22 de dezembro de 2013

L'Ermite

Diogenes, Jean-Léon Gérôme.


Sobe a montanha e contempla a terra prometida, mas não digo que entrarás nela...”


Este foi um ano e tanto!
Se eu fosse resumir numa única palavra o que ele significou para mim, tenho certeza que usaria a palavra “Trabalho”. Foi um ano que trabalhei duro; diria que a tarefa interna foi ainda maior que a externa...
O autocontrole e a automotivação pautaram o ano. Ética, imparcialidade, arbitragem, e a resistência também! Gerenciar interesses é uma tarefa difícil e as vezes é preciso ser paciente; determinados acordos simplesmente acontecem no tempo deles. Não tem jeito.
Em muitos momentos do ano contei até dez. Onze! Cheguei no meu limite mesmo; mas estou feliz por ter conseguido me controlar e não ter metido os pés pelas mãos; não dar vazão ao impulso de outras épocas já foi um grande avanço. Em suma, me safei de várias. O saldo acabou não terminando negativo como estimado. Sorte.

Como todo ano conheci muitas pessoas e fiz algumas boas amizades. Me desfiz de antigas também – aprendi que tem laços que se esfacelam sozinhos... Vi pedras que reluziam e não eram ouro, e isso me ensinou a tomar mais cuidado com minhas próprias expectativas. Ouvi palavras suaves cortando como faca em manteiga! Máscaras caindo mesmo, e não é fácil pôr no lugar novamente. Entre o certo, o errado e a verdade, existe uma lacuna imensa. Com isso aprendi a observar de longe e deixar a cabo do tempo a missão de trazer a luz à certas questões. Daí entra o título e a tela escolhida deste post. O ermitão, do tarot e Diogenes, do pintor francês Jean-Léon Gérôme. Reza a lenda que, igualmente ao nono arcano maior, Diogenes perambulava pelas ruas como mendigo utilizando uma lamparina, à procura de um homem honrado.

Como um iniciado, seguirei ao futuro guiando-me pelo conhecimento e apoiado nessas experiências passadas. Seguir a 2014 tendo aprendido com este ano a observar de longe, atenta e pacientemente, os detalhes, e a guardar o silêncio comigo. Sinto que é um momento para me autodesenvolver. Me trabalhar mais. E intuo também que o próximo ano será complicado para todos bem por isso – de um ponto de vista existencial mesmo. Como observo esse movimento em mim, observo também em outras pessoas: uma vontade de autoconhecimento; um desejo de se autodesenvolverem. Já falei disso aqui; gastamos tempo demais investindo em descobertas externas e levantando estruturas, sem trabalhar conteúdos. Sem criar novos valores. Deixando de descobrir novas visões de mundo. E agora é o momento que precisamos mais dessa capacidade.

Por todos os cantos observo grandes transformações. As pessoas querem mudar. As empresas estão mudando. O mundo mudou. Diante desse cenário volátil acho que a única certeza que temos é a necessidade de experimentar o novo. De desbravar o desconhecido e reinventar antigos caminhos. Aceitando o diferente.
Aconselho a todos para investirem mais nessa parte interna em 2014. O pessoal. Busque ler mais, fazer cursos, terapias... Converse mais, viaje mais, reflita mais. Olhe com mais atenção para a um autoconhecimento voltado ao autodesenvolvimento. Pense fora da caixa. Descubra quais são os seus talentos, aquilo em você é muito bom, conheça-se melhor e experimente compartilhar isso. Talvez o mundo só esteja esperando isso de você! O mundo precisa de novas ideias, de novos valores, de novas perspectivas. E serão mãos coletivas nessa criação.

Como este ano estive muito focado no trabalho, postarei um vídeo que tem uma mensagem bem bacana – principalmente neste aspecto. E não só para 2014! Acho que o discurso do palestrante não só é muito interessante – e motivacional também – como é bastante importante. Apesar de ele não falar nada de muito inédito, são coisas que deixamos de pensar, mas precisamos muito; as questões tratadas por ele e a forma como elas são colocadas valem muito a pena uma reflexão. Convido então a assistirem ao vídeo e refletirem não apenas no contexto profissional, mas de uma maneira ampla. Porque nós, como sociedade, precisamos prestar atenção a essa transição de sociedade industrial para sociedade do conhecimento e no impacto disso em nossas relações uns com os outros e com nós mesmos.



Fonte: AQUI.


Desejo de coração a todos um

Feliz Natal e um Feliz Ano Novo!



terça-feira, 10 de dezembro de 2013

EQUILÍBRIO ESTÁTICO

De todas as formas de agir, uma que estou aprendendo bastante é o não-movimento. Optar por ele. Ouvir mais. Falar menos. Esperar. Procurar saber o momento certo de agir. É difícil... Demanda mais energia do que pensava.
Acreditamos que o silêncio é para os fracos; mas não é! Muitas vezes se calar e não fazer absolutamente nada dá um trabalho impressionante. Trabalho digno de muito preparo - físico e psicológico principalmente. E denota na minha opinião maturidade.

É comum acharmos que os corajosos são os que saem ao combate; aqueles que dizem sempre o que pensam; aqueles que não negam fogo pra ninguém. Mas de um tempo pra cá tenho aprendido bastante, e evitado muita dor de cabeça, só pelo fato de não fazer nada em certas circunstâncias. Deixar rolar. Não por medo! Nem por covardia. Simplesmente porque o não-movimento me pareceu mais sensato. Ou talvez fosse "o menos pior".
Estou aprendendo que algumas vezes não é vergonha nenhuma deixar a última palavra ao outro; sair de cena e não brigar com ele. Tenho visto que há brigas que não valem a pena: desgastam, machucam, atrasam mais, e o pior, nada resolvem. Em alguns momentos então deve ser preciso mesmo engolir sapos; baixar a guarda; tirar o time de campo. Numa boa.

Dependendo da profundidade de um corte, o próprio sangue estanca. Há estudos que dizem que um rio, como o Tietê por exemplo, se limparia sozinho se ninguém mais jogasse nada nele. Para certas ocasiões, o silêncio responde mais que uma palavra. O nosso próprio corpo é capaz de se curar sozinho de muitos males.
E se a gente for analisar de uma forma macro, tomando a nossa sociedade como exemplo, poderemos constatar como estamos apressados e porque a gente não consegue pensar antes de agir. Há uma gigantesca diferença entre um movimento consciente, onde sabemos o que estamos fazendo e as possíveis consequências, de um movimento qualquer. Tem gente que fala, fala, fala, e não se aproveita nada! Faz uma porção de coisas que atrapalham mais do que se não tivesse feito nada. A nossa sociedade hoje é bastante ignorante por conta disso. Queremos falar, mas não queremos ouvir. Queremos agir, mas não sabemos esperar. Queremos para ontem! Temos pressa, temos uma raiva incontrolável, temos grandes ambições, e vontades inadiáveis. Ninguém quer menos, nem pouco; queremos o melhor, e o mais rápido possível. Então quando o corpo responde com alguma dor, nos medicamos. Quando o nosso psicológico responde com alguma dor, nos entorpecemos. E quando alguém nos questiona, não gostamos. A gente quer falar, fazer e ouvir só o que quer!

Isso não lembra muito o comportamento típico de uma criança? Eu acho que sim. A nossa falta de autocontrole, falta de maturidade, falta de tolerância tem nos feito agir impulsivamente; muitas vezes metendo os pés pelas mãos. Falando demais; muitas vezes para quem não devia. Fazendo o que não faríamos em outras circunstâncias. Atropelando etapas! E colhendo frutos amargos com isso. Isso tem muito a ver também com esse "cenário crise" que criamos pra tudo. Crise no mundo dos negócios; crise ambiental; crise social; crise existencial... Hoje a palavra da moda é "Crise". E é óbvio, criamos os "solucionadores de crises": pessoas dinâmicas, que dão respostas rápidas aos problemas, são espertas, inovadoras e rápidas! E muitas vezes, comendo cru! Apressadas demais. Tão bom quanto agir no momento correto, é não agir no momento inadequado. Saber discernir. Estamos enfrentando dilemas sociais, ambientais, econômicos sérios, que precisam ser urgentemente solucionados sim, mas, urgência não significa também despreparo. Falta de planejamento e ações maduras. Acho importante um "fechamento pra balanço". Em outros momentos uma boa pausa, para deixar que as coisas sigam sem a nossa influência. Por que precisamos mediar todos os acontecimentos? Quem disse que a gente tinha esse poder??

Deixe rolar em algumas ocasiões. Faça o que for necessário ser feito, enquanto a situação permitir, e seja paciente com o que foge o seu controle. Tudo o que precisa é adquirir mais tolerância; nem só de impulso se conquistam as coisas, às vezes é preciso se conter.
O bom jogador não é aquele que sempre parte para o ataque, mas aquele que observa campo e oponente, e espera, para descobrir quando e onde atacar.