Faz algumas semanas que
não posto aqui no blog, a vida anda meio corrida. Meu curso na
faculdade está chegando ao fim e já observo em muitos aquela
expectativa natural para entrar no mercado de trabalho na área que
estudou. A gente fica meio ansioso, e inseguro, o mundo está mudando
muito rápido, é impossível saber o que esperar. Para o que se
preparar! O que funcionava não serve mais e talvez o que hoje
funcione amanhã também não sirva. A necessidade de adaptação,
reinvenção e inovação é essencial.
Em últimas andanças
pesquisando na internet e lendo artigos em revistas, fiquei muito
feliz de ver que o nosso país é a bola da vez. O brasileiro é
naturalmente talentoso, mas ando me surpreendendo com as coisas que
acompanho. Acesso alguns blogs, sites, perfis, e noto como tem gente
jovem se despontando, escrevendo tão bem (muito bem mesmo!) e sendo
elogiados por isso. Assisto no Youtube músicas de cantores
brasileiros que infelizmente não são tão reconhecidos pela mídia
geral e vejo que fazem sucesso. Fico feliz por isso. Tenho a ligeira
impressão que os olhos da mídia nacional (e internacional) estão
se voltando para o Brasil e não mais para criticar negativamente
apenas. Demonstrando nossas mazelas para o mundo. Porque já estamos
cheios disso. Cresci ouvindo falar que brasileiro era sacana, sem
vergonha, que burrice, comodidade e “noção de esperteza” eram
características naturais da nossa gente. Parecia estigma. Ficava
revoltado ao assistir filmes brasileiros que só retratavam favelas,
assaltos e mortes, como se o Brasil se resumisse a isso. Gringos iam
mesmo ter essa impressão sobre nós, lutávamos para passar essa
imagem. Sensacionalismo a parte, só faltava dizer que aqui tinha canibal!
Agora vejo uma linha lutando de forma contrária, se esforçando para mostrar
o nosso lado bom, e ainda existem muitos talentos escondidos nesse
país. Escritores. Compositores. Músicos. Professores. Políticos.
Donas de casa. Pessoas ilustres que ainda não receberam seu devido
reconhecimento. Temos coisas boas como referência. Belas praias.
Belas obras. Música e culinária invejáveis. A lista é
generosa também. A diferença estava nos holofotes, todo o tempo
miramos lá fora. Nas rádios brasileiras as músicas de sucesso eram
estrangeiras. Os filmes considerados bons eram só os americanos.
Livros, técnicas, tecnologias...tudo lá de fora, aqui, cultuávamos.
Endeusávamos até! Enquanto o nosso povo era esquecido, as nossas
músicas pouco conhecidas e tocadas, a nossa comida taxada de comum,
o nosso gingado interpretado como vulgar e o nosso jeito de pensar
apelidado maldosamente de “jeitinho brasileiro”, de povo que só
pensa em tirar vantagem de tudo e de todos.
Sem preconceito e sem
desmerecer outras nações, apenas defendo o momento do Brasil ser
elogiado por algumas coisas, também temos o lado bom. Acho que
durante todo o tempo nós mesmos esquecemos disso. Hoje quando ouço
que está na moda ser brasileiro ou falar do Brasil dou é graças a
Deus por isso. Que bom! Já era a hora mesmo de entrarmos em moda.
Mais do que tempo. No Brasil tem violência, drogas, corrupção,
tudo e mais um pouco? Tem! Todo mundo sabe! E não falo com orgulho.
Mas lá fora tem também. Todos os países atualmente sofrem
praticamente os mesmos problemas sociais e ambientais, se igualamos
nas análises. Não cabe mais esteriótipos negativos. Tem político
ético, tem pai de família trabalhador, tem policial justo, que são
brasileiros. Tem um pouco de tudo aqui, da mesma forma que tem um
pouco de tudo em qualquer outro país.
Estou muito feliz com
esse cenário que está aos poucos mudando. Parece o famoso dito “o
jogo virou”. Situações provam isso. Hoje leio revistas que escrevem
positivamente sobre o Brasil, dedicando capas e longas matérias
falando bem da nossa gente. Programas e filmes privilegiando algo
positivo do país. Ou pelo menos saindo daquele esteriótipo “terra
sem lei”. Sem falar que pela primeira vez se observa na cena
internacional o Brasil sendo colocado com respeito nas discussões.
Estamos conquistando o nosso espaço. Se antes
éramos os bandidos ou os sem vergonhas dignos de correção, apenas os coitadinhos da roda, quando não os vilões, já se observa a mudança. Uma mudança vagarosa e capengante, mas que
pegou gosto pelo avanço e aprendeu o caminho. O mundo parou (mesmo
que a contragosto) para nos ouvir, para aprender conosco! Porque o
brasileiro pode ter sido menosprezado e subjugado, mas ninguém tira
o mérito da nossa gente de ter sobrevivido com desigualdade social
e aprendido a matar um leão por dia para sobreviver, e mesmo assim
ter conseguido o privilégio de progredir. Parafraseando o Zagallo:
acho que daqui para frente vão ter que nos engolir!