domingo, 30 de setembro de 2012

A MODA É BRASIL!


Faz algumas semanas que não posto aqui no blog, a vida anda meio corrida. Meu curso na faculdade está chegando ao fim e já observo em muitos aquela expectativa natural para entrar no mercado de trabalho na área que estudou. A gente fica meio ansioso, e inseguro, o mundo está mudando muito rápido, é impossível saber o que esperar. Para o que se preparar! O que funcionava não serve mais e talvez o que hoje funcione amanhã também não sirva. A necessidade de adaptação, reinvenção e inovação é essencial.

Em últimas andanças pesquisando na internet e lendo artigos em revistas, fiquei muito feliz de ver que o nosso país é a bola da vez. O brasileiro é naturalmente talentoso, mas ando me surpreendendo com as coisas que acompanho. Acesso alguns blogs, sites, perfis, e noto como tem gente jovem se despontando, escrevendo tão bem (muito bem mesmo!) e sendo elogiados por isso. Assisto no Youtube músicas de cantores brasileiros que infelizmente não são tão reconhecidos pela mídia geral e vejo que fazem sucesso. Fico feliz por isso. Tenho a ligeira impressão que os olhos da mídia nacional (e internacional) estão se voltando para o Brasil e não mais para criticar negativamente apenas. Demonstrando nossas mazelas para o mundo. Porque já estamos cheios disso. Cresci ouvindo falar que brasileiro era sacana, sem vergonha, que burrice, comodidade e “noção de esperteza” eram características naturais da nossa gente. Parecia estigma. Ficava revoltado ao assistir filmes brasileiros que só retratavam favelas, assaltos e mortes, como se o Brasil se resumisse a isso. Gringos iam mesmo ter essa impressão sobre nós, lutávamos para passar essa imagem. Sensacionalismo a parte, só faltava dizer que aqui tinha canibal!

Agora vejo uma linha lutando de forma contrária, se esforçando para mostrar o nosso lado bom, e ainda existem muitos talentos escondidos nesse país. Escritores. Compositores. Músicos. Professores. Políticos. Donas de casa. Pessoas ilustres que ainda não receberam seu devido reconhecimento. Temos coisas boas como referência. Belas praias. Belas obras. Música e culinária invejáveis. A lista é generosa também. A diferença estava nos holofotes, todo o tempo miramos lá fora. Nas rádios brasileiras as músicas de sucesso eram estrangeiras. Os filmes considerados bons eram só os americanos. Livros, técnicas, tecnologias...tudo lá de fora, aqui, cultuávamos. Endeusávamos até! Enquanto o nosso povo era esquecido, as nossas músicas pouco conhecidas e tocadas, a nossa comida taxada de comum, o nosso gingado interpretado como vulgar e o nosso jeito de pensar apelidado maldosamente de “jeitinho brasileiro”, de povo que só pensa em tirar vantagem de tudo e de todos.

Sem preconceito e sem desmerecer outras nações, apenas defendo o momento do Brasil ser elogiado por algumas coisas, também temos o lado bom. Acho que durante todo o tempo nós mesmos esquecemos disso. Hoje quando ouço que está na moda ser brasileiro ou falar do Brasil dou é graças a Deus por isso. Que bom! Já era a hora mesmo de entrarmos em moda. Mais do que tempo. No Brasil tem violência, drogas, corrupção, tudo e mais um pouco? Tem! Todo mundo sabe! E não falo com orgulho. Mas lá fora tem também. Todos os países atualmente sofrem praticamente os mesmos problemas sociais e ambientais, se igualamos nas análises. Não cabe mais esteriótipos negativos. Tem político ético, tem pai de família trabalhador, tem policial justo, que são brasileiros. Tem um pouco de tudo aqui, da mesma forma que tem um pouco de tudo em qualquer outro país.
Estou muito feliz com esse cenário que está aos poucos mudando. Parece o famoso dito “o jogo virou”. Situações provam isso. Hoje leio revistas que escrevem positivamente sobre o Brasil, dedicando capas e longas matérias falando bem da nossa gente. Programas e filmes privilegiando algo positivo do país. Ou pelo menos saindo daquele esteriótipo “terra sem lei”. Sem falar que pela primeira vez se observa na cena internacional o Brasil sendo colocado com respeito nas discussões. Estamos conquistando o nosso espaço. Se antes éramos os bandidos ou os sem vergonhas dignos de correção, apenas os coitadinhos da roda, quando não os vilões, já se observa a mudança. Uma mudança vagarosa e capengante, mas que pegou gosto pelo avanço e aprendeu o caminho. O mundo parou (mesmo que a contragosto) para nos ouvir, para aprender conosco! Porque o brasileiro pode ter sido menosprezado e subjugado, mas ninguém tira o mérito da nossa gente de ter sobrevivido com desigualdade social e aprendido a matar um leão por dia para sobreviver, e mesmo assim ter conseguido o privilégio de progredir. Parafraseando o Zagallo: acho que daqui para frente vão ter que nos engolir!

domingo, 9 de setembro de 2012

"Desfronteirar" o Ser


No post anterior, falei sobre o pensamento linear e sobre a necessidade de desenvolvermos um pensamento complexo nos dias atuais; um pensamento mais elaborado, que leve em consideração a globalização.


O pensamento - unicamente - cartesiano (aquele linear), que desconsidera o todo, a contradição e a imprevisibilidade, é o fundamento de uma atitude nossa nociva nos dias atuais, que é dar respostas rápidas aos problemas de forma quase mecânica. “Sim ou não”. “Dois e dois são quatro”. “Logicamente isso levará naquilo”. Ao seguir essa fórmula engessada de raciocinar, cometemos dois equívocos principais: primeiro, não raciocinamos efetivamente sobre o problema e segundo, nós acreditamos ter domínio absoluto sobre a questão. Isso é o que tem levado a sociedade moderna aos graves problemas socioambientais que vivemos. Problemas que não admitimos que fracassamos em solucionar. A globalização mudou a realidade. Hoje nós vivemos, nos relacionamos, nos comunicamos, criamos, aprendemos e devemos educar de maneira diferente de quando o modelo linear foi criado. Na época, não existia internet, terrorismo, aquecimento global, nem sete bilhões de pessoas no mundo. A realidade mudou, mas o modelo permaneceu. A gente ainda aprende nas escolas o raciocínio linear e o reproduzimos repetidamente. “Primeiro uma coisa, depois outra, em seguida outra...e o veredito absoluto”. Num ritmo sucessivo, que desconsidera variáveis e imprevisibilidade. Hoje já se sabe que esse tipo de pensamento não garantirá a sobrevivência humana; o modelo linear, unicamente, não serve mais.

Qual o objetivo desse post?
Quero nos fazer pensar sobre o pensamento complexo de forma empírica. Prática. Não sei se é porque a discussão ainda é recente, acho que estamos de mais teóricos! Falamos da necessidade de desenvolvimento do “pensamento em rede”, mas não se fala sobre o assunto com praticidade. Como desenvolver esse “tal” pensamento complexo é o que deve nos interessar. Por onde começamos? Será que o caminho é apenas através da Educação (básica!)? E quem não estiver estudando (resolva-se sozinho!)?
Sinceramente, acredito que fórmulas concretas e exatas nunca existirão mesmo. Eu sei. O que precisaremos é constantemente analisar o que funciona e o que não funciona mais, rever e recriar o modo de olharmos e pensarmos sobre tudo - sempre -. No entanto, quero abrir um parênteses: não quis dizer no post anterior que o pensamento linear não sirva. O ser humano usa a linearidade para ordenar os pensamentos, raciocinar e dar uma síntese. De outra forma a gente enlouqueceria. O pensamento linear então é necessário, sim, sempre será. Porém, diferente de uma máquina como um computador por exemplo, o cérebro humano suporta complexidade. Não só suporta, como trabalha bem com a complexidade. O que isso significa? Na prática, mais do que criar um modelo de pensamento novo, precisamos de um estilo de vida complexo, onde continuaremos utilizando o pensamento linear para ordenar as tarefas diárias, porém, misturando tudo simultaneamente! Entendendo que não controlamos tudo, mas entendendo de tudo um pouco!

O que acontece nos dias de hoje é que, por exemplo, num curso superior, quem estuda uma determinada área acaba só estudando sobre aquela área. Os aprendizados de outras áreas não se misturam. Quem faz determinada atividade, termina se limitando apenas aquele universo. Como se o conhecimento não fosse integrado. Por quê? Porque acredita-se que a simultaneidade e a diferença confundiriam o aprendizado, o cérebro. Eu não acredito nisso! Se a realidade presente nos prova, que futuro será da diferença, da pluralidade e da multiplicidade, o estilo de vida que devemos ter daqui em diante não pode seguir moldes isolados. Não vai funcionar. Não sobreviveremos assim. No futuro, acredito que os profissionais mais completos para trabalhar não serão aqueles experts numa única área, mas sim aqueles que saberão de tudo um pouco, tendo ampla visão do todo.
Nós precisamos desautorizar o mito, que diz que o nosso cérebro enlouquece com a complexidade. Que ele não suporta ou não trabalha bem com a simultaneidade. O cérebro humano é superior ao mais avançado computador existente (na minha opinião), porque ele é capaz de gerir um estilo de vida não linear, sem fundir, sem queimar, sem entrar em pane. Somos os únicos animais que suportam isso. Sabemos que vivemos, que um dia vamos morrer e que, em algum nível, somos controlados. O homem utiliza o “fio” da racionalidade apenas para gerar uma síntese de conhecimento, porém ele não é refém desse “fio” no processo! A máquina não calcula o imprevisto e a contradição, por isso não suporta o erro, mas o ser humano suporta! A gente cai, levanta e continua. A gente aprende errando e se supera.

Devemos sim nos dedicar em tudo até chegar a uma conclusão. Porém, não podemos acreditar que um conhecimento esteja desconectado do outro ou que vamos aprende-lo isoladamente. Temos que aplicar esse modelo complexo nas nossas atividades diárias. Ler de bula de remédio a Shakespeare. Assistir de desenho animado a documentários sobre a fauna e a flora. Ouvir de "eguinha pocotó" a Frank Sinatra. Praticar de exercícios para o corpo a exercícios para a mente. Refletir o nosso ponto de vista e todos os outros pontos de vista sobre a mesma questão. Contar piadas e filosofar. Dançar samba, forró e valsa. Precisamos é adquirir um estilo de vida múltiplo. Diferente. Pluralizado. Sem preconceitos. Parar com esse negócio bobo de "isso não é da minha área". "Isso não é minha praia". Tudo nos interessa! Tudo pode ser interessante! Enquanto estou sentado na carteira, em sala de aula, assistindo meu professor, o MEC está discutindo sobre mudanças na Educação, existem projetos para aumentar a malha ferroviária brasileira, estamos em ano de eleição, tudo o que está acontecendo fora da sala de aula em que estou me atinge (ou atingirá) sensível ou insensivelmente, quer eu queira ou não. Como na frase, que desconheço o autor: "O bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provocar um furacão em Nova Iorque.". Assim sendo, nós não podemos achar que o saber se fará isolado, não integrado. Mais do que um novo modelo de pensamento, precisamos “desfronteirar” o Ser!


Um último conselho: misture sim, mas nem por isso perca o foco!