
[/ "Não precisamos saber nem como nem onde, mas existe uma pergunta que todos nós devemos fazer sempre que começamos qualquer coisa: Para que tenho que fazer isto?" (Paulo Coelho) ]
Às vezes me assusta deparar com a nossa total entrega às coisas erradas. Todo mundo vê, sabe que está errado, se acostumou - e invarialmente consente -. Depois se tenta aliviar a consciência ao declarar que não há o que possa ser feito a respeito; o que me cansa é isso, uma reação passiva/omitiva da sociedade ao que ainda deveria nos chocar. Sim, violência ainda me choca; notícias sobre mortes, catástrofes, comportamentos antiéticos ainda me causam asco. Não consigo crer que essa realidade está comum em lugar algum, pra ninguém, eu sinto muito se ainda não sou capaz de me acostumar com o que é antiético.
Nunca fui fã de omissão, acredito que estar por dentro do que acontece ao nosso redor é necessário e importante, o que me espanta é o foco!
Ligo a TV por exemplo, já de manhã sou confrontado com notícias sobre mortes no trânsito ou crianças envolvidas em tráfico de drogas; abro o jornal e na primeira página - numa foto enorme -, me deparo com o casamento de alguma celebridade, e no fim - bem no cantinho da página, quase imperceptível aos olhos alienados - uma notícia sobre cultura.
Em qualquer roda de pessoas, em qualquer momento ou lugar, os assuntos mais comuns são sempre os menos importantes, e os que talvez se deveria focar mais, tentar encontrar solução, simplesmente não se discute. É uma coisa velada.
Fico surpreso com o foco que a sociedade tem dado a certas coisas e não a outras. Ser professor na minha época - e não sou tão velho assim -, era motivo de orgulho e respeito, hoje é ganhar pouco e ser desprezado em sala de aula. É vergonhoso parecer inteligente numa sociedade que o importante é parecer popular(?). Na atual "filosofia psicopata" é vergonha ser transparente e jogar limpo(?). Enquanto coisas que deveriam ser importantes na vida de alguém saem de moda é espantoso os motivos que causam interesse e vergonha em algumas pessoas. Onde está o foco?
Longe de ser moralista extremo ou uma pessoa radicalmente crítica, penso que as coisas estão meio que indo contra à maré e nos resta atentar somente uma coisa: é isto o que queremos - abrir o jornal e ler tragédias, assistir TV e ver tragédias, conversar sobre mais tragédias ou quem sabe sobre algum " 'Reality' Show ", enquanto assuntos como planejamento familiar, cultura, saúde, política ninguém se atreve?! Esse é o foco?
Repense onde os seus olhos estão voltando atenção e avalie se é isto o que quer pra sua vida. Dizer que não faz política, que não gosta de ler, que não gosta de cultura e que papo cabeça é coisa de chato é se destinar à alienação. O que fortalece uma pessoa e a protege de abusos, e desenvolve uma população por completo é informação e cultura.
Não resolve a gente se preocupar única e exclusivamente com a nossa própria vida e o outro que se resolva sozinho; não adianta fechar as portas da nossa casa e fazer de lá um lugar melhor enquanto porta à fora há problemas. A gente vai ter que se entender aqui, por esse motivo cidadania é um dever. Enquanto vivermos na filosofia: "na hora de rir e se divertir é todo mundo junto e na hora de resolver os problemas é cada um por si", as coisas só tendem a piorar.
[/ Como minha professora de inglês diz, " a gente assiste um telejornal sobre guerras, assaltos, assassinatos, violência e no final um sorrisinho e 'Tenham uma boa noite!' " (Hã?!) ]