sábado, 21 de março de 2009

Despertar de uma crise existêncial!


Depois de um momento nebuloso e dolorido começamos enxergar os primeiros sinais sutís das nuvens se espalhando; é o começo da superação de uma fase problemática. Esse momento entrelaça realidade e fantasia de tal forma que não sabemos se estamos dormindo ou já acordados, então vamos vivendo os dias de modo intimamente peculiar.
Eu estou saindo de uma crise existencial que beirou pânico! Começou tudo no início deste ano e foi se estendendo até uma semana atrás, quando finalmente dei um basta e superei. Acredito que quase ninguém percebeu, porque ao longo dos anos aprendi a esconder melhor esses sintomas. Mas eu percebi e vivi intensamente uma dor camuflada, silenciosa e tão dolorida de maneira particular mesmo - não envolvi ninguém nessa minha atmosfera de problemas -. Driblei tudo como um camaleão. Uma ou outra pessoa próxima deve ter percebido. Mas ninguém comentou comigo. Nenhum lamento de dor eu transpareci.
Essa crise existencial beirou pânico porque por várias vezes me questionei qual meu lugar aqui. Eu quis me achar no meio dessa bagunça que se encontrava minha vida. De um lado problemas no trabalho, meu gerente brigando comigo por dispersar e não corresponder as espectativas da loja, mas, eu não conseguia fixar meu pensamento no serviço! Eu me perdia em mim mesmo naqueles corredores. Corre corre da universidade, eu gastava todo meu dinheiro pagando as mensalidades, o transporte, os xerox, as taxas disso e daquilo. Do outro lado problemas com minha família, minha avó paterna veio morar conosco por causa de brigas, meu irmão e minha cunhada também, dívidas, mudança de casa, mudança de hábitos, problemas com nossa inquilina, e eu num relacionamento amoroso que ia e voltava.

Aguentei tudo calado e curti o duro amadurecimento desta fase certo de que, eu sairia dessa, e daria a volta por cima!! Quase todas as noites, eu chorava no caminho de ida e volta da universidade no ônibus. Ninguém me compreendia e eu afundava ainda mais. Eu estava só, não conseguia achar força sozinho para sair dessa confusão que me encontrava, mas eu não desabafava com ninguém. Durante esse tempo não parei de ajudar pessoas que amo, ouvia todos, compreendia todos, procurei ser luz no caminho deles. A contrapartida ninguém me compreendia - todos só queriam ser ouvidos -. Mas por Uma Força Maior eu me encontrei. Passei pela crise sem tantos ferimentos e com muito na bagagem. Hoje sou muuuito mais que antes, a nível de conhecimento de mim mesmo. Aprendi nesses três meses de ano lições de uma vida inteira. Agora, as neblinas estão destapando o Sol que vem nascendo lá longe no alto daquela montanha. E ele já começa a me esquentar!

Quando passamos por um problema procuramos sempre buscar a solução pelo caminho mais rápido, mais fácil e menos doloroso. A gente quer encontrar as respostas na primeira esquina. E são nessas ciladas que entramos num problema ainda maior, onde nos deparamos com uma situação ainda pior. Acredito que tudo que chega e nos toca é nosso; tudo que a gente dá nome, existe; todo problema só permanece até enterdemos o porque ele veio. Por que tomamos um remédio para o estômago e dói a cabeça logo em seguida? Por que caimos no mesmo lugar? O nosso corpo e a vida conversam conosco. Tudo faz parte de uma cadeia de entendimentos. Destíngua problemas reais e problemas imaginários. Certos de uma coisa: dor é fato, sofrimento é opcional. Até nos momentos de dor, de fuga, de fortes emoções podemos achar brilhantes pontos de vista. E com base nesses pontos de vista que destrancamos portas futuras. É como aqueles jogos em terceira pessoa que para passarmos a fase 2 dependemos de algo que encontramos na fase 1.
Um problema puxa uma solução futura - quando os caminhos vão se estreitando e dificultando o nosso entendimento é porque estamos perto da conclusão. Já ouviu a frase: " Se está doendo é porque está sarando "?



[Um brinde aos ciclos da vida. Porque, afinal, a vida insiste em pulsar mais forte!!]

Um sono tranquilo


Como dói enxergar o pior lado de uma pessoa. Dá páura. Um medo incalculável. Saber que alguém é capaz de mentir, roubar e até fazer uso de deslealdade para vencer é algo difícil de aceitar. Existem pessoas assim. E não são poucas. Essas pessoas são manipuladores de primeira, aprendendo desde muito cedo que precisam enganar para conseguir o que querem. Crescem experts em ciladas e armadilhas. São falsas. São traiçoeiras e até covardes. A contrapartida existem aquelas pessoas, como eu, que pensam: é preferível ouvir a moral e os bons costumes ao invés de fazer algo vergonhoso, mesmo que saiamos por baixo. Eu não me vendo por um salário melhor. Eu não entrego um amigo por um cargo maior no trabalho. Tem coisas que me envergonhariam demais para eu ousar fazer. Como trair uma pessoa. Alguém que amo. Como omitir verdades necessárias. Como ser mesquinho e achar que só eu tenho a razão. Eu não sou assim e me dói demais descobrir que uma pessoa que gosto é. Dói mesmo. Desmascarar falsos amigos. Saber que uma pessoa má pode estar vivendo ao seu lado neste exato momento e você nunca se deu conta. Talvez a gente finje que não percebe. Porque essa pessoa parecia legal. Parecia confiável. Parecia... só parecia.
Comece prestar atenção nas pessoas a sua volta. Aquelas que você escolheu para conviver. Se você observar os sinais que a vida manda irá notar que algumas delas só querem dinheiro ou uma chance de absorver sua energia. São oportunistas pobres de espírito e luz interior, precisam invejar a felicidade e a paz alheia.
Mas, sabe o que confortará meus pensamentos quando eu deitar minha cabeça no travesseiro esta noite? Saber que tudo é só neste instante. É só por hoje. Algumas pessoas podem até se dar bem as minhas custas, sorvendo minha energia aos poucos, porém, amanhã o sol vai bater naquela janela. Eu vou acordar com a luz dele. E vou olhar para o céu e agradecer por ainda estar vivo, seja como for. Amanhã será outro dia. E estou tão certo e vou levantar tão firme dos meus ideais que nem quero lembrar de tudo isso. Estou certo que um sono tranquilo é para os que merecem! Alguns deitam e não conseguem aguentar a própria consciência. O peso da culpa. Porque eu sei que esses oportunistas podem trapacear todos, mas ao se olharem no espelho sempre terão que encarar o próprio olhar. Ver o tipo de pessoa que se é realmente. Isso é fato!

domingo, 8 de março de 2009

A vida é uma eterna escalada...


Hoje está sendo um dia de recordações. Um tio que eu não via a muito tempo veio nos visitar. Nós nos reunimos na cozinha, acredito que seja o canto mais aconchegante de uma casa, em meio a cafés tecemos diversos comentários sobre o passado; história da nossa família. Sempre gostei desse tio em particular, porque na minha família ele sempre foi neutro. Nunca procurou problemas com ninguém. Sempre ajudou todos, na medida do possível. Eu posso dizer que ele nunca me ajudou em nada, mas, a contra partida ajudava muito só pelo fato de nunca me atrapalhar. A gente pode até pensar que família não é um fator difícil e importante em nossas vidas, mas é, sim. Não vivemos sozinhos. O ser humano é racional e optou por viver em sociedade (civilizada, era o combinado). A família é a primeira sociedade da qual fazemos parte, é a primeira referência sociológica e ideológica que temos, e é onde adquirimos os primeiros costumes, preconceitos, culturas, religião, etc. Então, a família acaba se tornando uma das prioridades, item de importância, onde muitas das vezes assume relevante presença em nossas decisões.
Ao longo do desenrolar das conversas na mesa da minha cozinha, eu notava nitidamente o quanto minha família é desunida. Olhares se estranhando, conversas paralelas, um certo desrespeito oculto, até algumas dores latentes. Infelizmente, ou felizmente, cada um viveu sempre no seu canto e sem muito contato. Salvas as raras vezes em que telefonamos um para os outros para saber se estão todos vivos. Pode parecer forte isso, talvez até triste, mas é a realidade daqui.
Apesar de tudo isso, nos amamos. Há um certo código peculiar de respeito e união. Não somos nem nunca fomos modelo de uma boa família; existe família perfeita?

O tempo passa, a gente cresce, amadurecemos e nos tornamos fortes. Hoje eu vejo que tudo vale a pena. Eu precisei cair muito na adolescência, precisei brigar muito com meus pais, me deparar com o lado mais difícil da vida para entender que tudo isso faz parte. Olho nos olhos deste meu tio e, como numa máquina do tempo, vou para anos atrás. Vejo nestes mesmos olhos o quanto eu era inexperiente. Nós tomamos decisões e, hoje, achamos estarmos completamente certos. O tempo vai passando e vamos vendo a medida da nossa impaciência, impulsão, intolerância e despreparo. Mas isso me conforta, porque estamos evoluindo. Seria horrível envelhecer e não ganhar nada com os anos. Ganhamos poder de opinar com consciência. Poder de argumentação lógica em base sólida. Conhecimento de mundo. Paramos de olhar e aprendemos a observar. Nós nos tornamos críticos da história, com criticidade, não a crítica pela crítica apenas.

Eu tenho 20 anos e posso dizer que vivo a cada dia uma das melhores fases da minha vida; ontem foi melhor que anteontem e amanhã será melhor que hoje - se Deus quiser, porque eu quero -. Faço a minha vida dia a dia. Não mês a mês. Não a ano a ano. Não faço planos longínquos para ser feliz ou milionário amanhã, apenas me dou o privilégio de viver o agora sem ser vítima de mim mesmo. O pior inimigo que posso encontrar no meu caminho sou eu, então, não resolve nada eu brigar comigo. Eu me compreendo, e ponto final.
Com esta visita do meu tio eu aprendi que, por mais que o tempo passe, família é família. Família é base.
Vamos respeitar nossas origens, nossa naturalidade. É legal e interessante o conhecimento de culturas novas, conhecimento de mundo, mas a gente nunca pode esquecer do ponto de partida, onde tudo começou, das nossas raízes.