domingo, 25 de abril de 2021

BUSQUE POR CONGRUÊNCIA

Hoje eu gostaria de falar um pouco sobre a congruência. Você se consideraria uma pessoa congruente? Essa é uma das perguntas que permeia a minha vida de tempos em tempos. E acho necessário nos questionarmos isso. Principalmente nesse momento de pandemia. Que apesar de difícil e sofrido, e sem romantização alguma também, afirmo que nunca observei tantos movimentos de interiorização. De forma voluntária ou não, muitas pessoas estão sendo “convidadas” a olhar a própria vida de outro ângulo. Penso que de tempos em tempos deveríamos mesmo nos fazer perguntas. Buscar encontrar congruência em nossa vida; o que queremos, quais ações tomamos, quem realmente somos – ou o que gostaríamos pelo menos de nos tornar.

Em que acredito? Em que confio? O que espero da vida? O que imagino ser interessante, positivo ou capaz de agregar algo de bom a mim e às pessoas ao meu redor?

As perguntas acima certamente chamam outras.

O que quero na minha vida? Quais são os meus sonhos e principais objetivos? Como gostaria de ser lembrado? Quais são os meus valores centrais (realmente)? O que não estou disposto a negociar? Mas também qual seria o meu limite, a minha necessidade e o meu poder de barganha dentro de uma negociação? Até que ponto estou disposto (e sou capaz de ir) pelo o que acredito?

É essencial sabermos responder minimamente boa parte dessas perguntas, mas infelizmente é justamente aqui que temos maior dificuldade por falta de autoconhecimento e autoanálise. E sem isso fica difícil, quase impossível nos responder seguramente as perguntas que vêm a seguir.

Que caminho é esse sob os meus pés? Quem me torno por esse percurso? Esse caminho me aproxima do ponto que almejo chegar? O que é preciso fazer se necessário recalibrar à rota inicial? Quais ações tenho tomado e quais ainda não tomei? Quais seriam as possíveis consequências, os riscos e o preço a ser pago de mudar? E de permanecer aqui?!

Isso é buscar por congruência. Congruente é a pessoa que busca alinhar o máximo possível aquilo que acredita com a sua prática. De preferência se tornando uma pessoa melhor a si mesma e também às demais. O homem não é uma ilha. Obviamente que é impossível um estado de total congruência. E seria até uma mentira da minha parte afirmar que já alcancei isso. Eu nunca alcancei porque isso não existe. É uma busca constante encontrar equilíbrio entre o eu e o outro. Ainda mais difícil isso em grupo. Temos o nosso jeito de ser e o mundo nos impõe diariamente limites e regras, para lapidar o nosso caráter. É justamente através do outro no caminho que o animal-homem pode se ver, se humanizar, ganhar civilidade, ética e sabedoria.

Nós vivemos em sociedade. Precisamos saber nos relacionar com respeito com todo tipo de pessoa. Isso é civilização. O sistema é capitalista. Precisamos trabalhar para obter dinheiro. É preciso equalizar então os nossos valores e os da engrenagem social. Não podemos confundir ser congruente com total liberdade. Se esse texto trouxer essa ideia, minha intenção é diferente. Ninguém pode ser o que quiser e fazer o que bem entender, se isso estiver objetivamente prejudicando outra pessoa. Isso seria cruel. Como animal social, o homem “interpreta” seu personagem. Isso é esperado e saudável até. Já pensou se todos fossem exatamente como quiserem? Não daria certo. A máscara então é necessária. Mas não podemos nos identificar demasiadamente com ela. Existe um INDIVÍDUO por trás, com ideias, emoções e opiniões próprias. Sendo assim,

O que de você é VOCÊ?

 Este é um verdadeiro desafio. Ouvir o nosso interior e saber alinhá-lo aos apelos e exigências externos. Se só levamos em consideração as nossas necessidades e desrespeitamos as regras e os limites do meio, atropelamos os outros. Mas se também não entendemos quem nós somos e não respeitamos as nossas necessidades apenas cedendo ao meio, passamos por cima de nós mesmos. E isso terá um alto custo lá na frente! Embora na hora ninguém se dá conta disso. Mas é exatamente esse extrato que a pandemia traz à tona. Aqueles que viviam no piloto automático; num deixa a vida me levar; pondo a si mesmo à mercê dos outros; numa vida incongruente, estão sendo convocados a um acerto de contas. Com si próprio. E isso é muito duro, porque a pandemia possibilitou questões que estavam recalcadas e inconscientes virem à tona com força. Mas a pandemia não criou nada. Ela só deu foco. Lupa. E uma vez que se ganhou consciência não tem como esquecer. Ou você elabora isso, ou isso vai te acompanhar de algum modo vida à fora. O que fazer agora? É o que muitos estão se perguntando em relação a casamento, divórcio, criação de filhos, relação com pais, trabalho, carreira, saúde mental. E alguns continuam negando. 

Você: o que tem feito?