“Jogue-me
aos lobos, e voltarei liderando a matilha!” (Desconhecido)
Nunca
entendi porque a vida exige mais de uns e nunca de outros. Observo que
para alguns a vida é sempre mais difícil, como se a vida dessas
pessoas tivessem mais provas no caminho, mais obstáculos para serem
transpostos, mais cobranças do que o normal. Essas pessoas para mim
são mais desafiadas, mais contrariadas, mais exigidas, e sempre
terminam mais feridas também. Enquanto as outras, aquelas que
costumo dizer que “ficam mais atrás”, são as que se anulam um
pouco, aquelas que têm mais medo de avançar livremente, de falar
abertamente o que pensam, de agir como desejam, enfim, são pessoas
que me parecem “mais poupadas” pela vida pois se intimidam mais. Por um bom tempo julguei isso como sendo muito injusto...
Ficar em
casa para realizar determinadas tarefas – e ser cobrado por isso –
enquanto meu irmão, mesmo sendo mais velho, levantava da mesa e saía
despreocupadamente não me parecia nada justo, e me deixava com uma
imensa raiva. Na escola, quando tirei minha primeira – e
praticamente única – nota vermelha, li a decepção escancarada
nos olhos do professor, e um sonoro “eu não esperava isso de
você!” (quer dizer que dos outros era esperado?!) Em todos os
lugares onde trabalhei ouvi dos meus chefes que devia dar o exemplo
– enquanto os demais nunca eram criticados... Percebi que nos
momentos cruciais sempre fui empurrado pela própria vida à arena, quer eu
quisesse ou não. E por um bom tempo julguei isso com sendo muito
injusto...
“Grandes
batalhas só são dadas a grandes guerreiros!” (Gandhi)
O
interessante é que também observei que uma vez que o mais forte do
grupo se levantava e avançava, todos os demais o acompanham e
compartilhavam a luta, porque essa parecia ser a vontade do
acontecimento. A vida rapidamente se tratava de reunir as forças
necessárias aquele impulso liderante. Foi então que concluí que
tudo o que a vida desejava é que o mais forte se revelasse e tomasse a
iniciativa que o universo conspiraria a seu favor. Essas pessoas teriam
mesmo mais responsabilidades, pois viriam também com mais energia,
elas seriam dotadas de mais força, elas possuiriam muito mais resistência
e determinação do que as demais, e obviamente terminariam sendo
mais cobradas por isso.
Passei a
refletir sobre aqueles momentos que eu disse que a vida exigira mais
de mim e percebi que no fim encontrei toda força necessária – e também apoio –
para superá-los. Uma força que nem mesmo conhecia. Uma ajuda de
cantos que jamais esperaria. Provações que, se não fosse a
vida para me empurrar à batalha, teria me acovardado. E tudo
permaneceria na mesma... Nesse aspecto acredito que a natureza seja sim muito justa,
pois determinadas circunstâncias precisam ser transformadas para melhor, ou
mesmo preservadas, ou alcançadas, e as vezes são transições complicadas, que demandam força, então é requerido do mais forte à liderança, para ser o “start” necessário ao
movimento que caberá aos demais dar continuidade. O mais forte do grupo
apenas representaria a vontade do acontecimento, ele nunca seria o mais
importante, nem mesmo o melhor, ele apenas seria a faísca, a ponta da
lança que rasgaria o caminho que os demais precisariam atravessar. Muitas
vezes ele mesmo poderá não alcançar esse destino, mas cabe a ele dar o
primeiro passo.
Hoje acredito que é justo sim exigir mais força daqueles que têm mais a oferecer. Devemos encarar
determinadas situações difíceis como um convite da vida, como uma convocação, e acreditar
que antes de se estabelecer qualquer problema em nosso caminho, já existe em nós a força
necessária para superá-lo, nós apenas devemos nos lembrar
disso e ter coragem de seguir em frente.
"Get up, stand up! Don't give up the fight!"
(Bob Marley)