"Ó homem, conhece-te a
ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo."
*Inscrição
no oráculo de Delfos, atribuída aos Sete Sábios
(c. 650a.C.-550
a.C.)
Desde
de criança estudo esoterismo. Me lembro que me aguçava a
curiosidade só de ouvir ou ler palavras como “mistério”,
“oculto”, “secreto”; ou quando percebia adultos ao meu redor
conversarem afastados do público em geral, com um ar de suspense.
Essas conversas podiam não ser nada do que eu imaginava, mas me
fixava nesses movimentos isolados. Como são os processos invisíveis
ao olho nu. A germinação de uma semente. A cura de uma doença. O
ar que respiramos. A vida do aspecto micro. Além até, quântico.
Nós não vemos mas estão acontecendo. E eu gosto de captar esses
processos com intuição, pois tenho fé que assim mantemos contato
com o Criador. E aí entra o tema do post: Diálogos com o
Criador.
Tenho
passado por uma fase difícil e tudo começou quando parei de ouvir
Deus. Essa linguagem Dele subliminar, intuitiva, muitas vezes falada
apenas em nossos corações, a mim sumiu de repente. Como se a
comunicação fosse falhando, falhando, diminuindo a cada dia mais,
até que um dia simplesmente desapareceu. Senti que Ele saiu de cena
e eu fique aqui só. Com algum propósito, só pode – pensava.
Bem,
aguentei firme os primeiros dias. Assim que as semanas foram se
passando, e os meses também, comecei a surtar... Esbravejei,
blasfemei, praguejei contra a Vida! Sempre fui um homem de fé e
temente a Deus, mas me senti totalmente desamparado. Será um teste?
- me indagava (e vai por mim: é sempre uma espécie de teste).
Como
um eterno buscador de respostas, fui consultar os conhecimentos
antigos. Para a numerologia pitagórica estou num ano pessoal 7 (Autoconhecimento). Para
a astrologia num ano escorpiano (“A
ti Escorpião, darei uma tarefa muito difícil. Terás a habilidade
de conhecer a mente dos homens, mas não te darei a permissão de
falar sobre o que aprenderes. Muitas vezes te sentirás ferido por
aquilo que vês, e em tua dor te voltarás contra Mim, esquecendo que
não sou Eu, mas a perversão de Minha Idéia, o que te faz sofrer.
Verás tanto e tanto do homem enquanto animal, e lutarás tanto com
os instintos em ti mesmo, que perderás o teu caminho; mas quando
finalmente voltares, terei para ti o Dom supremo da Finalidade.”). E para o tarot, são três cartas: Os enamorados, A força e A estrela (Decisão,
Força e Fé).
*O Olho da Providência
Bem,
muitas dessas coisas me pareciam fazer sentido. E se haveria um propósito
maior, somente minha fé Nele me ajudaria. Firme na garrucha! – me
dizia todos os dias, lembrando da minha falecida vó. E assim fui com
resiliência tocando os dias. Ora Deus conversava comigo e curava
minhas tristezas - mas não respondia minhas perguntas; ora Ele sumia
novamente. Já estava me irritando esse jogo! Após as orações eu
ainda continuava perdido e achava que estava começando a ficar
louco, que estava ido longe demais com esses diálogos - mais para
monólogos - com Deus. Ou Ele ou eu tinha que dar um jeito nessa
situação. Ou eu ia simplesmente me dar um comando (sim, como uma
espécie de máquina! rs) para agir como gente grande: ter fé, ser
forte, aguentar firme e entender que isso são fases difíceis da vida que
todos passam, e fim de papo!
Mas
assim eu não queria, isso pra mim não bastava... Eu queria tanto
entender esse processo a fundo, com intensidade, com profundidade, tirar uma conclusão
disso tudo e poder de alguma forma crescer com isso. Aprender com
isso. Sempre acreditei que Deus tem uma missão para cada um de nós
e Ele fala conosco em todas as fases da vida. Com essa não haveria
de ser diferente!
Foi
então que numa sombria madrugada, quase às 05:00, após ter varado
à noite discutindo com Deus, tudo se iluminou de alguma forma. Parei
para refletir por onde, por qual assunto - o tema específico – que
comecei a ler e estudar sobre esoterismo. E me lembrei que foi sobre oráculos. Notei que a minha
motivação primeira foi obter um contato direto com a Divindade. Com
essa parte pura e sagrada que habita todo ser humano. Uma parte
Criativa, Criadora, de grande Conhecimento. E que
busquei esse contato direto por medo. O início de todo esse processo foi medo.
Medo de viver a minha própria vida. Medo de tomar em minhas mãos as
rédeas da carruagem e deixar de atribuir a Deus cada passo a ser dado.
Desde de criança sou indeciso e inseguro, porque tenho medo de tomar
a decisão errada e magoar aqueles que amo. Mas quanto mais experiências vivo descubro que as
diferenciações entre decisões certas e erradas são reducionistas e
polarizadas.
Dei
por mim que, como muitos, continuo buscando um contato com um Deus
que me aponte um caminho a seguir, que decida por mim, que fale objetivamente
o que seu fiel servo deve fazer. Por esse motivo os homens criaram os
oráculos. Por isso os jogos adivinhatórios, como os baralhos de
tarot, as runas etc; por isso o homem olhou para o céu e às
estrelas; muitas vezes para não ter que olhar para a própria vida e
encontrar nas suas atitudes as respostas para o seu destino. Deus deu
ao Homem o livre arbítrio e a racionalidade para ser livre para
discernir o que é melhor a ser feito. Mas nós queremos um Deus que
aponte um caminho de salvação, uma porta para os céus, as palavras
sagradas, porque assim é muito mais fácil, e também mais cômodo.
Queremos
que Deus seja como a placa de trânsito que nos aponta o caminho para a estrada reta, mas tenho pensado Nele ultimamente como um grande
farol que ilumina todo o mar e cabe a cada um de nós a decisão
íntima de por onde navegar. Acredito hoje que Deus nos quer fortes,
que tenhamos fé Nele, mas que também tenhamos fé em nós mesmos!
Passei
a minha vida inteira pedindo a Deus: “aponte-me Senhor um caminho;
diga-me o que queres que eu faça” e hoje é como se o Criador
replicasse: “aponte-me Você um caminho; diga-me Você o que queres
fazer, e Eu sempre O seguirei”.
Para finalizar, um poema:
O
Poeta & O Espelho
(de Felipe Santos)
I –
Vem Ver
(O Espelho:)
Bem vindo meu amigo
É
bom vê-lo novamente!
Quanto tempo esteve longe,
Perdido
em sua mente?
Ignorou suas falhas…
Maquiou
todos os defeitos…
Ergueu suas muralhas…
Criou
seus preconceitos…
Tsc, tsc, tsc…
Forjou tantas máscaras…
Para
vestir quando me olhar…
Mas eis que aqui estou
E
te aconselho a tirar
Tente manter a calma
Faça
tudo, mas não fuja
Pois a sujeira em baixo do
tapete
Ainda continua suja
Venha comigo
Venha,
segure minha mão
Pois juntos daremos um volta
Para o Jardim de Sua
Vida
Atravessaremos a porta
Lá lhe mostrarei
Tudo
o que precisa ver
Não tenha tanto medo
Pois
tudo
Tudo aqui
É você
(...)
É um poema muito bonito! Ele tem sequência e recomendo
muito que leiam porque vale a pena.