quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

VONTADE, FOCO E CONCENTRAÇÃO






"...o que vos falta é vontade."     
   O Livro dos Espíritos                                     


 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

TODO MUNDO TEM O SEU



E o homem, em seu orgulho, criou Deus, a sua imagem e semelhança.” (Friedrich Nietzsche)


Todo mundo tem um lado negro. Aquela parte perversa que as vezes deixamos oculta até de nós mesmos e em raras ocasiões alcança a superfície. Uns admitem. Aprendem a controlar. Adocicam. Outros negam até a morte! São perfeitos demais para isso. Mentirosos até. Muitas vezes me perguntei como seria se as pessoas vissem umas às outras claramente, o que rolava no interior. Meu Deus! E se deixássemos transparecer e disséssemos abertamente uns aos outros o que pensamos e sentimos de forma direta? Eu só fico imaginando...
Quando estou com muita raiva de uma situação – ou de uma pessoa – que está me estressando, fico me perguntando como seria se todos ao meu redor lessem a minha mente naquele exato momento. No mínimo ficariam chocados! Eu fico a maquinar mil formas de fazer mil coisas. Mas pior seria se eu as colocassem em prática! Ia dar muito mais trabalho limpar a bagunça depois... rsrsrs'

Acho muito interessante isso, essa espécie de limite entre o que pode transparecer e o que não deve, o controle dessas nuances, e observo como essas “facetas ocultas” de forma indireta regulam as relações humanas. Não estou falando de politicagem. Muito menos de falsidade, ou omissão. É outra coisa. Porque ninguém precisa e nem deve ouvir os nossos pensamentos no trânsito. Ou numa fila de banco. Ninguém precisa saber francamente o que estamos pensando e sentindo no calor de uma discussão. Certamente que isso é o que evita uma Terceira Guerra Mundial! É esse tipo de controle que falo, que possibilita uma convivência pacífica entre as pessoas. Diplomacia. Algo que tenho aprendido e estou feliz por ver progresso. Existem muitas faces dessa parte obscura. Raiva. Ciúme. Ódio. Inveja. Ganância. Todos temos esse lado sombrio que fala só aos nossos ouvidos. Mas precisamos aceitá-lo. Saber quando e por que ele age. O que dispara o gatilho.

Por exemplo, no meu caso, o gatilho é o orgulho. Eu tenho um orgulho filho da mãe! E você nem imagina como me envergonha admitir isso. Posso estar na pior, mas dependendo da pessoa e da situação não cedo por nada! Cutucou aí, me revelo. Aí falo besteira. Faço besteira. E depois bate uma vergonha tamanha. Dói na consciência uma sensação de culpa quando dou campo a esse sentimento. Sei que quando ele age no fim me sinto pequeno. Ao invés de me sentir vitorioso saindo por cima numa discussão, me sinto na pior. Como um viciado que jurou nunca mais utilizar uma determinada droga e cedeu a tentação. Herdei esse bendito orgulho do meu pai, e ninguém conseguiria imaginar o duelo que era ter dois reis e um só trono em casa. Ninguém cedia. Éramos pior que crianças.

A medida que fui me conhecendo descobri que posso não ser assim “tão legal” quanto gostaria. Sou orgulhoso, tenho pensamentos baixos, tenho inveja dos outros, e até ódio de algumas pessoas. Me desculpe. Admitir isso não me faz melhor, nem pior do que ninguém, mas aceitar esse lado negro como algo natural da minha personalidade e preferir não fingir que não está acontecendo nada faz toda a diferença. Se eu aceito a minha inveja eu trabalho ela. Se eu aceito o meu ódio eu transformo ele. Hoje sei quando estou a um passo de ser cruel e tenho consciência de que a decisão de prosseguir é minha. Aprendi que mergulhar fundo na parte mais sombria da nossa personalidade nos ajuda a descobrir quem somos. E nem sempre essa passagem é fácil; muitas vezes traz grandes surpresas, e dolorosas mudanças. Mas vale a pena! Só conhecendo nossas limitações conhecemos nosso potencial. Quando somos capazes de identificar essas sombras, nós jogamos luz sobre elas, e ao fazermos isso alcançamos um caminho de autoconhecimento e amadurecimento, e com isso a chave para uma consciência mais tranquila. E certamente isso pode fazer uma grande diferença na vida de uma pessoa.


Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.” (Clarice Lispector)