segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
TODO MUNDO TEM O SEU
“E o homem, em seu orgulho, criou Deus, a sua
imagem e semelhança.” (Friedrich
Nietzsche)
Todo mundo tem um lado
negro. Aquela parte perversa que as vezes deixamos oculta até de
nós mesmos e em raras ocasiões alcança a superfície. Uns admitem.
Aprendem a controlar. Adocicam. Outros negam até a morte! São
perfeitos demais para isso. Mentirosos até. Muitas vezes me
perguntei como seria se as pessoas vissem umas às outras claramente,
o que rolava no interior. Meu Deus! E se deixássemos transparecer e
disséssemos abertamente uns aos outros o que pensamos e sentimos de
forma direta? Eu só fico imaginando...
Quando estou com muita raiva
de uma situação – ou de uma pessoa – que está me estressando,
fico me perguntando como seria se todos ao meu redor lessem a minha
mente naquele exato momento. No mínimo ficariam chocados! Eu fico a
maquinar mil formas de fazer mil coisas. Mas pior seria se eu as
colocassem em prática! Ia dar muito mais trabalho limpar a bagunça
depois... rsrsrs'
Acho muito interessante
isso, essa espécie de limite entre o que pode transparecer e o que
não deve, o controle dessas nuances, e observo como essas “facetas
ocultas” de forma indireta regulam as relações humanas. Não estou
falando de politicagem. Muito menos de falsidade, ou omissão. É
outra coisa. Porque ninguém precisa e nem deve ouvir os nossos
pensamentos no trânsito. Ou numa fila de banco. Ninguém precisa
saber francamente o que estamos pensando e sentindo no calor de uma discussão.
Certamente que isso é o que evita uma Terceira Guerra Mundial! É
esse tipo de controle que falo, que possibilita uma convivência pacífica
entre as pessoas. Diplomacia. Algo que tenho aprendido e estou
feliz por ver progresso. Existem muitas faces dessa parte obscura. Raiva. Ciúme. Ódio. Inveja. Ganância. Todos temos esse
lado sombrio que fala só aos nossos ouvidos. Mas precisamos
aceitá-lo. Saber quando e por que ele age. O que dispara o gatilho.
Por exemplo, no meu caso, o gatilho é o orgulho. Eu tenho um orgulho
filho da mãe! E você nem imagina como me envergonha admitir
isso. Posso estar na pior, mas dependendo da pessoa e da situação não cedo por
nada! Cutucou aí, me revelo. Aí falo besteira. Faço besteira. E
depois bate uma vergonha tamanha. Dói na consciência uma sensação
de culpa quando dou campo a esse sentimento. Sei que quando ele age no fim me sinto pequeno. Ao invés de me sentir vitorioso saindo por
cima numa discussão, me sinto na pior. Como um viciado que jurou nunca
mais utilizar uma determinada droga e cedeu a tentação. Herdei esse
bendito orgulho do meu pai, e ninguém conseguiria imaginar o duelo
que era ter dois reis e um só trono em casa. Ninguém cedia. Éramos
pior que crianças.
A medida que fui me
conhecendo descobri que posso não ser assim “tão legal” quanto
gostaria. Sou orgulhoso, tenho pensamentos baixos, tenho inveja dos
outros, e até ódio de algumas pessoas. Me desculpe. Admitir isso
não me faz melhor, nem pior do que ninguém, mas aceitar esse lado
negro como algo natural da minha personalidade e preferir não fingir que não está
acontecendo nada faz toda a diferença. Se eu aceito a minha inveja
eu trabalho ela. Se eu aceito o meu ódio eu transformo ele. Hoje sei
quando estou a um passo de ser cruel e tenho consciência de que a
decisão de prosseguir é minha. Aprendi que mergulhar fundo na parte
mais sombria da nossa personalidade nos ajuda a descobrir quem somos.
E nem sempre essa passagem é fácil; muitas vezes traz grandes
surpresas, e dolorosas mudanças. Mas vale a pena! Só conhecendo
nossas limitações conhecemos nosso potencial. Quando somos capazes
de identificar essas sombras, nós jogamos luz sobre elas, e ao fazermos
isso alcançamos um caminho de autoconhecimento e amadurecimento, e com isso a chave para uma consciência mais tranquila. E certamente
isso pode fazer uma grande diferença na vida de uma pessoa.
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que
você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender,
viver ultrapassa qualquer entendimento.” (Clarice
Lispector)
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