quarta-feira, 30 de maio de 2012

O MÉDICO E O MONSTRO


“Muita luz é como muita sombra: não deixa ver” (Carlos Castaneda)

Você sabia que um momento sombrio faz parte e te ajuda a compreender uma porção de coisas?

Nós temos dentro de nós mesmos todos os sentimentos e pensamentos humanos, são parte de nossa própria natureza. Coisas positivas e coisas negativas. Porém, sinceramente falando, eu não acredito que uma pessoa seja cem por cento certa, nem cem por cento errada. Nem cem por cento boa, nem cem por cento má. Somos um conjunto de misturas e contrastes. Características humanas. Coisas que se completam, se misturam e assim nós temos dentro de nós mesmos um pouco de sagrado e um pouco de profano também. Viver acreditando apenas num único caminho puro não dá, porque em algum momento as coisas vão se pigmentar. E faz parte da vida essa pigmentação...
A beleza do povo brasileiro é devido a isso, essa rica miscigenação, um conjunto de cores, sabores, raças, dons. A paisagem mais linda de um por do Sol nas montanhas refletido no mar, de repente se torna cinza e negra e nos apresenta uma tempestade ameaçadora cheia de ventos. E logo após, tudo como antes. Imperfeições? Não. Não necessariamente...
Em algum momento a natureza desequilibra buscando o seu próprio equilíbrio. Vemos isso numa cadeia alimentar. Em fenômenos naturais. Vemos isso o tempo todo dentro dos nossos próprios corpos. Você sabia que para dessalgar a carne seca se utiliza sal? Pois é, eu também me surpreendi quando ouvi isso pela primeira vez. Mas acreditem, é verdade. Na água que ferventa-se a carne seca é colocado sal e o próprio sal acrescido tira o sal da carne. É engraçado e surpreendente, como é a vida. O veneno da cobra é um ingrediente do remédio que cura o mal do seu próprio veneno. Na homeopatia chama-se coisas assim de similia similibus curantur (algo como “semelhante pelo semelhante se cura”), teoria de Samuel Hahnemann. Para os orientais, o símbolo Yin Yang significa quaisquer forças opostas e complementares onde uma sempre terá um pouco da outra e assim encontra-se o equilíbrio.

Durante muito tempo procurei esse equilíbrio constante, mas hoje sei que o equilíbrio só existirá havendo desequilíbrios. Nós só podemos saber por exemplo o que é um dia feliz em nossas vidas, depois de já termos enfrentado um dia difícil antes. E quanto mais difícil for uma fase ou determinada dor, mais ela nos ensina a viver com total intensidade e entrega os momentos felizes da vida. Apesar de ser muito contraditório, é assim. Para existir o que vence, alguém precisará perder. Se não haverá luz sem sombra, como dizer que as sombras não têm um papel fundamental?? Precisamos das luzes e das sombras, porque o equilíbrio é o meio termo. A fusão. O ser humano só evolui sendo desafiado, contrariado, quado ele é testado, e só cresce e se supera caindo e errando. Bem aventurados são os problemas, pois através deles é o caminho da evolução. Não evoluímos sem falhar, sem diferenças, sem dificuldades.

Eu acredito que em alguns momentos da vida todos nós passaremos por dificuldades sérias. Algumas delas poderão doer pra valer e sei que dará uma sensação de solidão, de fim do poço, de isolamento...só sensações ruins. Eu sei. Dói a beça passar por elas - já passei - ainda mais quando achamos que estamos sozinhos. Mas aprendi que tudo na vida são fases mesmo, como o nome diz elas passam. Mas precisam ser aproveitadas. Aproveitar a dor então?! Por que não!? Lavoisier dizia: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, porque tudo é realmente aproveitável. Só não se aproveita o nosso “não querer”, porque é o “querer” que tem poder. Sempre acreditamos que tudo tem que ser perfeito, redondo e que se encaixe facilmente, mas na verdade não é assim. Na vida real, no dia a dia, na prática os planos não são como projetamos nos papéis da teoria. Mas é aí que cabe a nós usarmos a nossa melhor e mais bela capacidade humana: se superar! Improvisar, saber lidar com o que veio contra os nossos planos e nos obrigou a sair da zona confortável, saber ser forte com as pancadas da vida e fazer a tal limonada. Não é fácil eu sei, mas esse é o caminho para crescer, não existe caminho retinho e perfeito, isso é ilusão. Após atravessarmos um período sofrido que nos encontramos mais fortes lá frente. Superados, revigorados e renascidos!

Por mais doloroso que seja o momento que você esteja vivendo agora ou por mais complicado que seja me entender, te aconselho: seja forte, paciente e que aprenda com ele. A dor que dilacera é a mesma que cria. A mão que vela é a mesma que bate e a mesma que ora. A luz é criada a partir da escuridão e esse caminho vai te levar ao fim do túnel. Aproveita o material produzido nesse momento. Seus pensamentos, suas emoções, suas percepções, porque elas te nutrirão mais a frente. Medite. Reze. Não tenha medo. Ninguém jamais imaginaria que de fezes se adubaria alguma coisa. E de um casulo a lagarta se transformaria na borboleta. Símbolo da evolução! Seja forte!


[Certa vez, perguntado qual a definição de luz]
“A luz... é a sombra de Deus...” (Albert Einstein)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Quem gosta de escrever...


"Eu acho que, quando não escrevo, eu estou morta.[...] É muito duro o período entre um trabalho e outro e, ao mesmo tempo, é necessário para haver uma espécie de esvaziamento da cabeça para poder nascer alguma outra coisa. E se nascer...É tudo tão incerto!" (Clarice Lispector)


Gosto tanto de escrever. Quando você gosta muito escrever é como uma droga, porque a ausência dessa prática faz seu corpo doer. Como minhas mãos e antebraços doem agora. Quando não consigo dormir ou é difícil permanecer acordado, preciso escrever. Quando tentei ir por todos os caminhos e só encontrei portas trancadas, mas sei que as respostas estão aqui dentro em algum lugar, preciso escrever. Quando já tentei de tudo, já pedi a todos, já briguei com o mundo, quebrei a cara “de verde e amarelo” e não resta mais pra onde correr, preciso escrever. Quando criança, eu fazia muitas coisas erradas e pra muitas coisas eu era péssimo mesmo!, mas escrever eu era bom! Um papel na minha mão era uma ferramenta. Fosse para fazer bolinhas nos cantos da folha, fosse para escrever longas histórias e me encontrar nelas; era através dos desenhos e dessas linguagens tão particulares que eu me exorcizava. E aprendia muito. Porque escrever é só a ponta do iceberg...


Quando você chega ao ponto de escrever é porque já pensou tanta coisa, já sentiu tanta coisa, já fez tanta coisa!, e como não consegue entender nada disso, vai colocar tudo em palavras soltas para achar algo reconhecível. Ao olhar para o texto pronto é como se ele refletisse a sua própria alma nele e, mesmo que naquele momento você ainda não consiga enxergar o que se passa dentro de você mesmo, olhando para o texto você sabe que aliviou. Que exorcizou. Que algo desaguou. Escrever é um processo solitário, criativo, doloroso às vezes. Pior ainda quando você se depara com algo inesperado nesse processo. Mas é essa a vida de quem gosta de escrever. Não escrevo para ser entendido, aplaudido, seguido, muito menos admirado, eu escrevo porque não consegui me calar! Porque não fui capaz de simplesmente não escrever.


Quem escreve, e realmente gosta de escrever, tem o dom da palavra. E palavra, que é palavra, é expressa. É dita. É ouvida. É sentida! Calada é que não pode ficar. Quem escreve, por mais que não espere ser lido ou entendido, quer ser sentido. Porque o que ele tem pra falar, ele fala. Quem gosta de escrever – verdadeiramente gosta – não é adepto à mentiras – embora possa muitas vezes usa-las para dizer verdades. Não omite nada – embora muitas vezes usará de linguagem não-direta para dizer o que pensa. Porque ele pensa. Eu penso, o tempo todo... Vou mascarar minhas ideias e minhas palavras e como Charles Chaplin direi verdades brincando. Mas no fundo, disse a verdade. E no meio de toda essa bagunça saberei que, embora ninguém tenha entendido o que eu disse, ou não tenho gostado, ou até sequer tenha lido, pra mim valeu a pena.
Nasci pra escrever. Me lembro de quando pequeno utilizar símbolos, linguagens, sinais, qualquer forma de expressão para dizer o que eu pensava. Porque eu pensava. E hoje vejo uma porção de gente que não pensa. Gente que tem preguiça de pensar. Raciocinar. Quer tudo pronto, mastigado. Estamos nos tornando uma nação de pessoas que fala pouco. Que ouve só o que quer. E reage como querem. E assiste a tudo, passivamente. Falar pouco virou sinal de boa etiqueta. E eu que sempre achei que falar o que se pensa fosse sinal de caráter transparente.

Na infância, ficava isolado em qualquer canto de algum lugar desenhando formas sem formas, desenhos sem sentido, tentando me teletransportar para aqueles papéis. Na adolescência, me trancava no quarto e erguia o som muito alto para ninguém ouvir meus pensamentos. E agora adulto, utilizo o Blog: um espaço onde eu não me censuro!
Antes de escrever hoje, fiquei pensando no que exatamente iria falar, como falar e no fundo nem sabia o que colocar aqui. Mas se eu estava com vontade de escrever (meu corpo pedia isso), há algo a ser dito. Então me lembrei que criei o Blog não para ser exato. Ou concreto. Ou perfeito. O Blog é um espaço que eu vou encher de conteúdos que me motivam e inspiram, e vou mostrar a quem quiser ler como eu vejo o mundo. Não vivo num mundo paralelo, nem espero viver um paraíso surreal, mas esse espaço é uma extensão da minha vida; ela é intensa, com altos e baixos mesmo!, emocionante, cheia de aprendizados valiosíssimos – e quem me conhece sabe –, onde vou mostrar para os leitores, com a narrativa da minha própria história, que tudo tem saída! Nada na vida é para sempre. Nem bom. Nem mau. Tudo são lições para você aprender alguma coisa, que obviamente será necessário você saber no futuro e se tornar um ser humano mais digno, mais humano, mais feliz. E para ser feliz, a primeira coisa que você precisará aprender é: seja você mesmo!

terça-feira, 15 de maio de 2012

SE ACHA QUE DEVE VOLTAR. PARE AGORA E VOLTE!


“A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade.” (Pablo Picasso)


Terminei de ler o livro O Guardião de Memórias de Kim Edwards e ele é na minha opinião o melhor livro que já li até hoje. Muito porque me identifiquei muito com alguns personagens - como o David por exemplo - e como eles procuravam se entender (ou não se entendiam). A estória parece ser muito realista, ela poderia muito bem estar acontecendo neste momento, com nosso vizinho, com um amigo, com nós mesmos. Do meu ponto de vista, o personagem David tomou uma decisão muito errada, do qual ele nunca conseguiu se recuperar. Ele tentou buscar através da fotografia parar o tempo, evitar que as coisas ao redor dele mudassem, no intuito de evitar a dor. Só que fazendo isso ele prejudicou todos ao redor dele também, principalmente as pessoas que ele quis tanto proteger. A família. A sua esposa Norah e o seu filho Paul.

Esse livro me fez refletir em quantas vezes na vida nós cometemos deslizes ou tomamos decisões erradas e adiamos a resolução das coisas. É como se ficássemos dizendo a nós mesmos: "Deixa isso pra lá por enquanto, uma hora eu resolvo", "Isso não consigo resolver agora, amanhã eu converso...", "Preciso esclarecer aquilo, mas não vou dar o braço a torcer" ou muitas vezes "Isso já passou, agora a situação terá que se resolver sozinha". Duvido que ninguém nunca se disse frases como essas. Mas infelizmente tenho que dizer que a situação não vai se resolver sozinha e o que é pior, deixar o tempo passar só dificultará as coisas.
O personagem David tomou uma decisão muito errada, tentou a todo custo resolver as coisas, mas só conseguiu entrar em mais problemas. Tudo porque ele, verdadeiramente, não tentava resolver as coisas, e sim amenizá-las. Anestesia-las. Quantas vezes na vida não fazemos uma coisa para compensar outra. Ou tentamos dizer a nós mesmos que não tem como resolver uma situação ou que não somos capazes, mas no fundo no fundo o que estamos fazendo é fugindo. Fugir daquela conversa com os pais ou com os filhos. Fugir daquele acerto de contas com o amigo ou quando precisamos sentar e esclarecer coisas no trabalho. A gente simplesmente adia. É o famoso "deixa isso pra lá...". E o 'pra lá' vai ficando bem para lá.

Eu sou daqueles que, até certo ponto, concorda com a frase (que desconheço o autor) "O que não pode ser resolvido, resolvido está". Até certo ponto, porque entendo que às vezes é difícil mexer em certos assuntos, dói revirar algumas histórias passadas, é complicado lidar com algumas pessoas e a gente sempre fica se perguntando pra quê fazer isso agora, o melhor seria esquecer disso e seguir em frente. Só que não é bem assim que funciona as coisas. Cedo ou tarde precisamos nos confrontar com as consequências dos nossos atos. Mais dia menos dia temos que encarar os fatos ou ao menos tentar conversar com os envolvidos. Fugir, mentir, omitir nunca será a melhor solução para nada.

Eu posso falar com propriedade desse assunto, porque já passei por isso. Sei o que é querer resolver uma situação antiga, complicada, e não poder mais. Justamente não poder mais, porque a pessoa que falo já faleceu. A morte é um bom exemplo do que estou falando. É um limite de tempo. Tempo encerra! Não somos eternos. A gente não viverá para sempre e por essa razão a forma como vivemos é importante, é preciso tomar cuidado quando acreditamos que as coisas se resolverão sozinhas. Não se resolvem, antes de você gastar um pouco de tempo, energia e vontade de fazê-lo.

Se você está lendo esse post e por um acaso tem assuntos mal resolvidos que estão te incomodando a muito tempo, te convido a assistir ao vídeo seguinte e te aconselho a ler o livro O Guardião de Memórias e ver como pode ser catastrófico o resultado de um segredo guardado por tanto tempo e como pode modificar devastadoramente as vidas das pessoas ao nosso redor (inclusive a nossa) quando decidimos viver sem fazer pequenos ajustes em nossas relações.





[/ Como eu disse, às vezes pode ser tarde demais para reparar as coisas. Então, aproveita enquanto há tempo. Eu sou daqueles que acredita que tudo na vida tem um sentido, se você está neste momento lendo essas palavras, qual será o seu?? ]

sábado, 12 de maio de 2012

Be brave! Be brave! Be brave!




Depois de acabar de assistir esse filme [/bem nesse momento da minha vida!], apenas uma coisa fica em minha mente: - Será que é a vida que imita a arte... ou é a arte que imita a vida?!

terça-feira, 8 de maio de 2012

AMIGO OCULTO


Algumas vezes vivemos colocando obstáculos na nossa própria vida. Obstáculos que somos nós mesmos que criamos. É engraçado que ninguém percebe, nem nós. Quando vamos tentar uma coisa nova, seja arriscado ou não, muitas vezes somos nós que não acreditamos que conseguiremos. Nos boicotamos com insegurança, indecisão, com medo das coisas... Coisas essas que nem conhecemos ainda, nem sabemos se vão mesmo ocorrer. Mas o medo está ali. Emperra. Parece que imobiliza a gente.
Parei pra pensar sobre isso e vi que fazemos isso a vida inteira. Se vamos passar por uma experiência nova, estamos lá desacreditando de nós mesmos. Se precisamos tomar uma atitude, muitas vezes não tomamos, porque ficamos julgando se isso é correto ou incorreto... Afinal, quem é que pode saber com precisão a resposta? Ninguém... Podemos ser o nosso amigo ou o nosso pior inimigo. Quem vai dizer isso somos nós. Se colocarmos um obstáculo a cada passo, inundando nossas mentes de medo e ficarmos sem esperança é lógico que o resultado não será legal. Que resultado é bom assim, dessa forma!?

Acredito que nós sabemos algumas coisas sobre nós mesmos, mas verdadeiramente tudo, ninguém sabe. No fundo, nem mesmo nós sabemos o que de fato somos capazes. Se você dizer que é capaz, então é. Se não se acha, não será mesmo. É o primeiro passo... O primeiro passo em qualquer coisa que nos propomos tem muito a ver se acreditamos fielmente em nossa capacidade de conseguir. Se não colocamos fé no que fazemos é difícil - quase impossível - o outro acreditar.

Muitas vezes na vida, nós temos medo demais eu acho. Colocamos "pilha" demais nas coisas. Em cima nós mesmos. Ficamos enxergando coisas que não existem e ao invés de nos apoiarmos em confiança e esperança, ficamos com o pessimismo. Assim não dá pra viver. Entre as incertezas da vida, vamos ficar sempre com o pior?! O mundo não será um mar de rosas, isso eu sei, mas não precisamos esperar por um deserto sem oásis. Tudo o que acreditamos que está por vir começamos a viver agora. Ou seja, se achar que lá na frente não conseguirá, desde agora já fracassou. Porque assim você determinou. E o inverso é correto também, quem vê lá na frente que tudo vai dar certo, já começa a andar por esse caminho. O que você vê lá na frente é o fim de um caminho que começa onde você está pisando, lembre-se disso! Se procurar ver o pior, pelo pior já começou a andar... E é claro que isso não vai ser legal, nem terminar bem.

Seja seu amigo! Confie mais em si mesmo! Se estiver com pensamentos negativos demais, se tem se sentido sozinho às vezes, se nada tem feito muito sentido, lembre-se que você pode ser duas coisas para si mesmo: um bom amigo ou um grande inimigo. O que vai escolher? Faça a escolha, se alie consigo mesmo ou fique aí se criticando. Mas saiba que ninguém fará com você o que você não permitir, só vai acontecer aquilo que você der aval. Entre as incertezas da vida, permaneça ao seu lado. Respeite os seus limites. Valorize aquilo que você acredita. Porque é o que você acredita! Ninguém pode tirar as suas próprias conquistas, porque elas são suas, porque isso tem valor pra você! Construa um caminho bom e por mais que saiba que não haverá certezas de que esse caminho será perfeito, ainda é o que você escolheu e você será sempre a si mesmo um aliado.