segunda-feira, 26 de março de 2012
quinta-feira, 15 de março de 2012
VOCÊ ESTÁ CERTO DISSO??

"Quando
Quando eu me encontro com meus desencontros
E vejo que perdi tempo nos meus contratempos
Eu tenho vontade de chorar.
Uma visão clareia e me lembro e relembro
que eu saía por todos os cantos a procura de
encantos
Que estavam justamente no meu lar!" (Neimar de Barros)
Há um tempo atrás uma pessoa criticou a cor preta do layout do meu Blog e as letras serem pequenas, fez alguns comentários sobre isso e concluiu que o fundo preto atrapalhava a sua leitura. Mesmo sabendo que na criação desse espaço meu foco não teve inspirações no Design ou em Marketing e Propaganda, fiquei quieto, pensativo. Tinha a resposta pronta na cabeça e na ponta da língua pra dizer. Mas me segurei. Ainda não sei porque exatamente me contive, mas optei pelo silêncio. Hoje vou revelar então. Se o proprietário da pergunta estiver lendo encontrará sua resposta, caso não, a vida certamente se encarregará de lhe ensinar como comigo aos dez anos de idade...
Bom, para começar a explicar porque esse Blog tem fundo preto e suas letras são pequenas precisarei contar uma história. Minha história...
Quando criança eu não sabia qual era o significado da palavra "Preconceito", tampouco pensava sobre isso. Para mim as pessoas deviam ter o mesmo jeito de ver a vida (o qual eu tentava constantemente me enquadrar) e o correto era se manter firme nessa igualdade, pois ali era seguro. Raramente eu agia de forma diferente da habitual, repetia os meus conceitos sobre as coisas e me segurava neles cada vez que encarava uma diferença. Fosse de jeito, de cor, de religião, de sexo... Então posso afirmar que eu, mesmo sendo uma criança, era preconceituoso.
Meu pai em sua juventude adorava ler e por causa desse hábito adquiriu diversos exemplares no decorrer dos anos, até eu chegar. Até eu chegar, porque não me lembro de presencia-lo lendo muito. Mas me recordo de diversas vezes mexer nas cômodas e xeretar nas gavetas dele, em busca de “tesouros”. Sempre fui muito curioso.
Eu devia ter nessa época uns sete ou oito anos e numa dessas aventuras pela casa, em busca de novidades, encontrei a pilha de livros antigos do meu pai. Livros de aulas de inglês, livros de francês, literatura portuguesa, romance policial e um em especial que sempre me chamava a atenção. Chamava a atenção mas me recusava a abri-lo. Male male o olhava e já punha na cabeça que era algo estranho, errado, um livro que não devia sequer ser tocado e assim ficava. Muito porque o livro tinha uma capa preta e era intitulado “Deus Negro”! Nem preciso dizer que a cor preta por toda vida foi símbolo de algo errado, sujo, mal, aposto à luz. E por se tratar da palavra “Deus” ele me remetia à religiosidade e “Negro” a uma religiosidade negativa. Que preconceito o meu... Como eu estava sendo ignorante e injusto...
Assim passei muito tempo (que na infância dura séculos) me recusando a ler o livro Deus Negro, do Neimar de Barros. Cheguei a bisbilhotar pelo inglês, pelo francês, arrisquei a literatura portuguesa, conheci naquela pilha Shakespeare e Os Lusíadas, mas quando chegava esse livro eu fechava a cara e saia do quarto. Com consciência que estava fazendo o que era certo.
Com dez, talvez onze anos, num belo dia a curiosidade me venceu (graças a Deus!) e fui abrir o “tal” livro. Houve todo um ritual! Como achava que o que ia fazer era errado, que ia mexer com um livro de macumba, esperei ficar a sós em casa e, em segurança, fui folheá-lo. Já nas primeiras páginas descobri uma grande verdade! Descobri algo que, desde então obrigou-me a uma mudança, chegando ao Jonas que aqui escreve esse post...
Quem teve oportunidade de ler esse livro já entendeu o que estou falando e o porquê nas primeiras página sentimos, através das palavras muito sábias do autor, um verdadeiro “tapa na cara sem mãos”. Não me lembro, exatamente, das suas frases, porém já no começo Neimar de Barros revela o porque o título “Deus Negro” e descreve o preconceito das pessoas antes de ler o livro. O autor sabia que seu livro seria um perfeito alvo de preconceito, por causa justamente de todos os detalhes estrategicamente escolhidos da capa. Ele tinha consciência disso. Quem não tinha era eu.
Do momento que vi o livro pela primeira vez até finalmente abri-lo, passou-se anos. Mas após ler o livro por completo e me apaixonar pelo que estava ali escrito, descobri a seguinte verdade: às vezes perdemos grandes oportunidades na vida por julgar as coisas sem de fato conhecê-las. Desse livro em diante descobri o que é o preconceito e como ele pode engessar uma pessoa por falta de conhecimento. Me comprometi então a toda vez que passasse por uma situação como essa, não esperar se passar anos para tomar uma atitude e me prometi refletir e reciclar constantemente os meus conceitos sobre as coisas.
Mesmo na época eu sendo uma criança fui capaz de constatar por experiência própria o quanto o ser humano teme aquilo que é diferente e por ignorância o afasta de si. E após ler o livro pude perceber que se cada pessoa procurasse reunir mais coragem para “abrir os livros da vida" nós descobriríamos importantes ensinamentos em todos os setores.
Daí para o Blog Tibet, foi um passo! O fundo do meu Blog é preto em homenagem a ideia desse livro, Deus Negro do Neimar de Barros. Assim, quem entra nesse espaço pela primeira vez pode ter, numa primeira impressão, algo negativo para sentir, incomodador, porém, somente aquele que se permitir ir além da aparência, sem julgar e se esforçar para ler as letras miúdas, descobrirá que como esse Blog: as coisas são bem maiores e melhores, numa segunda olhada...
E você: não há nenhum “Deus Negro” em sua vida?

"Existem muitas maneiras de usar a vontade, a mais covarde delas é a vontade de não usá-la." (Neimar de Barros)
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