Lá vem o vento... Portas que se fecham e batem, ao som de janelas que se abrem. Abrem pra vida, que me convida a respirar, a sentir e a viver. Uma vez mais, livre! O vento Norte está me chamando...
Daqui do alto, eu posso tocar o céu e sentir o calor do Sol. Daqui do alto, eu já não tenho medo e digo mais, eu tenho é sonhos! Esperança. Força de vontade.
Algumas vezes na vida nós alçamos voos. O voo da liberdade rumo ao desconhecido. À felicidade(?). Nessas horas não importa o que encontremos pelo caminho ou no que esbarremos, desde que sejamos capazes de sonhar e acreditar nisso.
Algumas vezes na vida, a gente se cansa da rotina, de olhar o relógio e se lembrar que não temos mais tempo. Aí, torna-se tediante e até angustiante constatar que tivemos toda uma vida pela frente e a perdemos se limitando, se podando e se anulando. Nos perdendo junto.
Quantos sonhos deixei escapar no silêncio da noite, confiando e selando-os apenas ao meu travesseiro? Quantas paisagens eu cheguei a ver e tive visões de lugares em que eu queria estar, e não estava? Quantas vezes eu me segurei para o vento não me levar? Mas agora será diferente...
O que sobra: quando a gente se cansa de se cansar? quando a gente já não se reconhece em nosso olhar? quando a gente se esquece de como viver e sobrevive sem se lembrar? O que acontece nesses momentos é simples, é chegado o momento de partir. É chegada a hora de encarar a vida e realmente viver em sua plenitude. Se encontrar! Hoje eu quero olhar para céu e respirar. Eu quero viver, hoje eu quero é amar. Amar-me primeiro!
Em algum momento eu me perdi de mim... uma ave que se esqueceu como voar. Hoje eu me lembrei que tenho asas. O vento Norte me chama e é com Ele que vou embora. Já não estou certo se sou certo ou se sou santo, mas carrego uma certeza: esse meu mundo ficou pequeno, preciso descobrir outro, porque só tenho uma vida e vou vivê-la, vou nessa...
[/ "Um dia volto, mas não pra ficar. Porque ainda está pra existir, alguém capaz de meus sonhos roubar"]

[/ A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente (Soren Kierkergaard) ]
A vida é feita de ciclos que se iniciam e se encerram constantemente. São etapas que duram o tempo suficiente para nos ensinar algo. Com o tempo, depois de errar muito e com um certo sofrimento, aprendi distinguir quase que perfeitamente esses ciclos. Aprendi a aceitar e não tentar adiar o término deles. Reconheço quando é chegada a hora de partir e me lançar numa nova. Sinto medo e insegurança, mas não é o bastante para me impedir de continuar meu caminho, seja ele por onde for. Já consigo conviver pacificamente com a ansiedade deixada nesses descompassos. Momentos de pausa em que nós - a vida e eu - nos analisaremos mutuamente. Como nos intervalos entre o tic tac de um relógio, o som deixado pelo silêncio na minha mente e muitas lembranças que teimarão em não partir facilmente, sei que é o aviso de que a travessia será difícil. Mais uma vez, solitária. Triste. Mas não é impossível.Nessa etapa, eu comemoro três anos trabalhados com muito esforço, com muita dedicação, em que obtive muito sucesso - não apenas profissional - sendo funcionário da minha última empresa. Sem vergonha alguma de assumir o que me pertence, posso afirmar que sou um vencedor por ter chegado até aqui. Eu desenvolvi muitos trabalhos para essa empresa, começando como um repositor de mercadorias. Com o tempo, fui convidado para fazer parte do RH da rede, e tenho muito orgulho de saber que eu ajudei efetivamente na construção da Missão, da Visão e dos Valores da organização. Como profissional de RH, conheci o lado profissional do ser humano, motivei, liderei e mudei algumas histórias. No meu antigo e último cargo nessa empresa, fui gerente de uma das lojas mais desacreditadas da rede. Sendo eu uma pessoa que encara a vida de frente e aceita desafios, peguei um cargo que ninguém queria, que todos temiam e acredito que ninguém acreditava que eu fosse capaz de conseguir: comecei do zero, contratei quase toda a equipe, mudei estruturas e paulatinamente ergui a loja! Em todos os sentidos...
Três anos, sem férias, de dedicação e fortes dores nas costas. Muitas críticas. Muitas e muitas dores de cabeça. Cansaço. Lágrimas quase diariamente. Obstáculos. Pessoas que atrapalhavam. Mais cansaço. Mais críticas... Tive medo e insegurança, muitas vezes quis desistir e tentar o caminho mais fácil, porém, era me procurar no meu posto e lá estava eu, pontual, firme e responsável com as minhas obrigações diárias. Hoje comemoro os frutos do meu trabalho.
Trabalho esse que nem sempre foi reconhecido...Ao contrário do que disseram e do que cheguei a pensar: o caminho mais fácil não está sendo sair, o caminho mais fácil era continuar, apenas pelo dinheiro. Me obrigar a ficar numa organização que eu não mais concordo com algumas coisas, me calar, me anular e estar num cargo crente que sou perfeito, que meus colaboradores me amam e que a empresa depende única e exclusivamente de mim. E assim ir me matando por dentro aos poucos.Acredito que com o passar do tempo a gente adquiri maturidade e direção. Hoje, eu posso não saber o que eu quero, mas eu já sei bem o que não quero. Não sei quais serão os meus próximos passos. Confesso que estou sem rumo e não estou nenhum pouco preocupado com isso. Preciso descansar. Ter tempo para pensar. Estudar. Crescer. Respirar. Não tenho medo do futuro, pois já aprendi que a travessia é incerta de qualquer forma. Não há o que fazer a respeito. Me dou o privilégio, momentâneo, de não pensar muito e apenas refletir. Contemplar. Observar e meditar. Da mesma forma que soube distinguir uma partida, saberei reconhecer terra firme quando esse momento chegar. Até lá, me dedico a mim.[/Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito (Machado de Assis)]